Fernando Diniz assumiu o comando do Cruzeiro há pouco tempo e em três jogos empatou dois e perdeu um -  (crédito: Gladyston Rodrigues/EM/D.A. Press)

Fernando Diniz assumiu o comando do Cruzeiro há pouco tempo e em três jogos empatou dois e perdeu um

crédito: Gladyston Rodrigues/EM/D.A. Press

 

Quando Fernando Diniz foi anunciado como técnico do Cruzeiro, expressei aqui minha preocupação com essa palhaçada – sim, o termo correto é esse – de ficar tocando bola para trás. Isso é de uma mediocridade incrível e Diniz se gabou de ter tomado de 4 a 0 do City, na final do Mundial, pelo Fluminense, dizendo: “Tivemos grande posse de bola, por mais de 20 minutos”. Sim, tocando bola ali atrás, atraindo o adversário para seu campo e deixando o goleiro Fábio em polvorosa.

 


Foi o que vimos na quinta-feira, no jogo do Cruzeiro diante do Flu, na derrota por 1 a 0. Entre as várias palhaçadas ali atrás, houve um lance em que o zagueiro cruzeirense entregou a bola nos pés de Ganso, com Cássio fora do gol e o meio-campista tocou rente a trave. Houve outros lances bisonhos, pois o futebol, desde que me entendo por gente, deve ser jogado pra frente, com tabelas, dribles, toques e gols. Quer ter posse de bola? Mande seu time tocá-la do meio para a frente e não em sua defesa.


Virou mania entre os treinadores brasileiros isso. Ah, Guardiola faz isso no City. Sim, faz, mas tem os melhores e mais capacitados jogadores do mundo à disposição, e, cá pra nós, tem sido criticado por ex-jogadores, que viveram a época de ouro do futebol mundial e discordam completamente desse estilo de jogo. O tik-tak do Guardiola já venceu, está superado e é a coisa mais ridícula no futebol atual.

 


Não entendo o motivo de um zagueiro, apertado, ter que voltar a bola para o goleiro, para este dar um chutão pra frente. Não seria melhor o próprio zagueiro dar um balão e jogar a bola no campo adversário? Qual a necessidade de ter que treinar Cássio, aos 37 anos, para sair jogando com os pés? Ele é um gigante com as mãos e ganhou títulos e mais títulos com suas defesas, e sem palhaçada dos seus zagueiros.

 


Portanto, meu caro Diniz, se você quiser ter sucesso no futebol, pare com essa bobagem e treine seu time para tabelar, driblar, chutar e fazer gol, do meio para a frente. Assim, você não correrá riscos desnecessários e ridículos.

 


E vai aqui mais uma sugestão: o time está te conhecendo agora e em três jogos você empatou dois e perdeu um. Uma campanha ruim, mas damos crédito pela falta de tempo de trabalho. Então, pegue esses jogadores, os concentre na Toca da Raposa 2 e os treine, manhã e tarde, full time, para o jogo contra o Lanus.

 


O Cruzeiro não tem mais chances de ser campeão brasileiro, e, dificilmente, vai conseguir vaga na Libertadores, pois precisará se manter no G-6. O caminho mais curto é chegar à final da Sul-Americana, ganhá-la e garantir vaga na Libertadores 2025. Mas, para isso, o futebol de sua equipe precisará mudar da água para o vinho.

 


Os jogadores tem uma concentração maravilhosa, fisiologistas, médicos, gramados espetaculares, comem filé, e têm toda a estrutura à disposição. Cabe a você, então, treiná-los por 19 dias, até o jogo do dia 23 contra o Lanús, no Mineirão, onde o Cruzeiro terá que fazer o resultado, pois o jogo de volta será na Argentina, e lá, a banda toca diferente. Concentre os jogadores e dê apenas um domingo de folga.

 


Vale lembrar que dos contratados, apenas Cássio e Matheus Henrique estão aprovados. Os demais precisam treinar e treinar para mostrar algo melhor. Wallace, por exemplo, está lento, gordo e fraco. Nem de longe lembra aquele volante do Grêmio, que encantou todos nós. E inventar de colocá-lo como zagueiro foi um desastre. Não invente, Diniz.

 


Kaio Jorge precisa dar uma resposta melhor, assim como Lautaro e outros atacantes. O Cruzeiro não pode perder o “caminhão de gols que perdeu contra o Fluminense, pois a “bola pune”, como diz meu amigo Muricy Ramalho.

 


Tenha humildade, Diniz, para admitir que as coisas não estão boas, embora você tenha pouco tempo de trabalho. Conheço a torcida azul e se você não melhorar esse time, seu tempo de “vida útil” no clube será bem curto. O futebol do Cruzeiro, no segundo tempo do jogo contra o Flu, foi paupérrimo, de dar dó. Você só corrigirá isso treinando e concentrando os jogadores. Nada de folga, pois chegar à final da Sul-Americana será fundamental para salvar o ano.

 


E não perca tempos treinando zagueiros e goleiro com toques para trás e tabelas dentro de sua própria área, como escrevi no título, isso é uma palhaçada, não há outro termo. Gosto do jeito que você vê o futebol com o DNA ofensivo, mas ficar tocando bola pra trás não é o melhor caminho. Mande seu time tocar bola na intermediária do adversário, até achar o caminho do gol. Dessa forma, você terá vida longa e será aplaudido pelo torcedor, que está acostumado a ver esse gigante jogar assim.

 

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Lembre-se, você dirige o time mais vencedor das Minas Gerais, e a China Azul está acostumada com conquista e taças gigantescas. Basta lembrar que são seis Copas do Brasil, quatro Brasileiros (um na caneta, com o que não concordo), duas Libertadores e duas Supercopas, só para citar os títulos mais importantes. Confio em você, Diniz, mas mude sua forma de pensar o futebol.