ASSUNÇÃO – Faltam dois dias para a grande decisão da Copa Sul-Americana entre o gigante das Gerais, Cruzeiro Cabuloso, e o Racing, da Argentina. Depois de uma viagem de Miami à Lima, e de lá para Assunção, num total de 9h30, desembarquei na capital paraguaia trazendo a certeza de que a China Azul vai “invadir” a cidade e comemorar mais um título internacional.
Não há por parte de jogadores e comissão técnica oba oba ou coisa parecida. Pés no chão, o grupo todo pronto e sabedor da responsabilidade de honrar a camisa azul. Fui bem cedo à sede da Conmebol para me credenciar. Não conhecia essa nova sede, pois a última vez em que estive aqui foi em 2005. Fiquei a me perguntar: como um país tão pobre constrói uma sede tão imponente? Talvez para enriquecer o já falecido Nicolaz Leóz, que presidiu a entidade por décadas, e esteve envolvido no maior escândalo de corrupção do futebol mundial, o Fifa-Gate.
Os dirigentes são gananciosos, desonestos. O atual presidente, Alejandro Dominguez, me parece um bom sujeito, mas não faz nada para mudar o atual formato da Libertadores ou Copa Sul-Americana. Ele deveria diminuir o número de participantes e qualificar as competições. Ao contrário disso, quantifica, e o nível técnico não é o ideal. Na Libertadores, por exemplo, temos oito times do Brasil e oito da Argentina, uma vergonha. No passado, somente campeões e vice de cada país disputavam a competição.
Mas isso é um assunto para outra hora. O momento é de falar apenas do Cabuloso, que voltou aos seus melhores dias, deixando sua gente feliz. Já tenho visto algumas centenas de cruzeirenses envergando o manto azul. Tem gente que veio de carro, de ônibus, avião, enfim, de todas as maneiras para presenciar esse momento de ressurgimento do Cruzeiro nas competições internacionais.
Acostumado com a Libertadores, pois já decidiu quatro títulos e ganhou dois, o time azul chega credenciado para ganhar o inédito troféu da Sul-Americana, pois tem uma camisa pesada. Não vou dizer que o Racing é um freguês, pois neste momento nem cabe isso, mas que o time mineiro vem para buscar a taça e tornar Fernando Diniz, seu treinador, campeão da Libertadores e Sul-Americana, consecutivamente, ah isso vem! E caso seja campeão, o torcedor não pode esquecer de Fernando Seabra, que levou o time às semifinais e deu um passo gigantesco para a final naquela vitória sobre o Lanús.
Como é bom voltar a escrever sobre esse time do mundo, que sempre representou Minas Gerais como gigante que é. O maior ganhador de taças do estado está de volta, para faturar o caneco, ganhar alguns milhões de dólares e entrar na fase de grupos da Libertadores em 2025. Aí, meus amigos e minhas amigas, seu dono, Pedro Lourenço vai montar um timaço para faturar o tricampeonato e se igualar a Flamengo, Palmeiras, Santos, Grêmio e São Paulo. Copeiro que é, o Cruzeiro conhece muito bem os atalhos das competições internacionais.
Não será um jogo fácil. Muito pelo contrário. O Cruzeiro sabe que terá que jogar o que não jogou até aqui na competição para ganhar a taça e deixar os mais de 12 mil cruzeirenses que estarão no estádio felizes e com o grito de campeão ecoando por toda Assunção.
Os jogadores chegaram ao hotel Sheraton, onde também estamos hospedados, na noite de ontem. A derrota do time todo reserva para o Corinthians, pelo Brasileirão, não abalou em nada o grupo. O foco está aqui no Paraguai, na taça inédita, num grande jogo.
É hora de Matheus Pereira brilhar. De Kaio Jorge fazer o que sabe, gols, de Matheus Henrique ditar o ritmo do meio campo. O Cruzeiro investiu R$ 200 milhões em contratações. Está na hora de os jogadores darem uma grande resposta positiva ao seu dono. Um telespectador do meu canal no YouTube me perguntou: “Qual a motivação o jogador deve ter para essa decisão?”. Respondi que não há motivação maior do que vestir a camisa azul, que pertenceu a tantos gênios, que fazem parte da história gloriosa de conquistas e taças desse gigante. Como diz o refrão do hino nacional brasileiro, “a imagem do Cruzeiro resplandece”. É disso que estamos falando, de um time acostumado a decidir e ganhar as taças. Quem não gostar, atura ou surta.