SANTIAGO DO CHILE – Sim, estou em Santiago, na conexão para Miami. Dez horas de espera, porque não há voos diretos dos Estados Unidos para o Paraguai. Vários belo-horizontinos também fazem conexão aqui nesta bela cidade, mas a Conmebol deve repensar finais em países sem estrutura. Fomos muitos bem recebidos em Assunção, mas é preciso mais seriedade.
Todo mundo teve dificuldades em chegar à capital paraguaia, sem hotéis para atender os 45 mil torcedores que estavam nas arquibancadas velhas, rotas e perigosas, de um estádio sem conforto e de uma chegada bem complicada ao seu entorno. Porém, com 45 anos de estrada por esse mundão de Deus, a gente se adapta a qualquer situação.
Acompanhei os resultados do Brasileirão. É, Botafogo, você será o mesmo cavalo paraguaio do ano passado ou vai se tornar cavalo árabe nessa reta final? Hoje, o Fogão ainda depende somente dele para ser campeão, e, vencer o Palmeiras no jogo de amanhã será o primeiro passo. Além disso, não tropeçar mais, pois terá um jogo dificílimo com o Inter, em Porto Alegre. Não tem nada definido, mas o medo do ano passado, quando abriu 14 pontos para o segundo colocado e perdeu a taça, está mais vivo do que nunca.
Certa vez, um dos maiores técnicos com os quais eu convivi, meu irmão Luxemburgo, me disse: “Jaeci, para ser campeão brasileiro não se pode perder pontos para times da parte de baixo da tabela. Perder clássico é normal, mas os pontos deixados pelo caminho contra os “pequenos” são fatais”.
É o caso do Botafogo, que empatou com Cuiabá, Criciúma, que deverão cair, e com o Vitória, que ainda luta pela permanência. E jogou todos no Engenhão, sua casa. Foram seis pontos perdidos e apenas três ganhos. Hoje, o Botafogo estaria campeão com 76 pontos, sem dar chance ao Porco.
Agora o psicológico está abalado, e, para piorar, tem decisão nesta terça-feira, pelo Brasileirão, e no sábado, pela Libertadores. Uma covardia da CBF em pôr um jogo três dias depois do último sábado, e na semana mais importante para o Botafogo. Se for assim, é melhor a Conmebol voltar ao sistema antigo, com jogos ida e volta na decisão da competição. O Botafogo não pode nem pensar em por time reserva, a não ser que privilegie mesmo a Libertadores e deixe o Brasileiro para a sorte.
Quem não tem nada com isso é o Atlético Mineiro, adversário da grande decisão de sábado, na Argentina. Logicamente, o técnico Milito vai preservar os seus jogadores quarta-feira em jogo com o Juventude. E esse será o grande trunfo do time mineiro, que terá seus jogadores descansados, ao passo que o Botafogo disputará uma “final” contra o Palmeiras. Vejam como CBF e Conmebol não se entendem e só querem dinheiro, em detrimento da parte técnica.
Na Champions League, por exemplo, há um hiato de três semanas para os finalistas se dedicarem, e, com um detalhe: os campeonatos europeus estão todos praticamente decididos. Na América do Sul não dá para fazer isso. Tem que voltar ao velho sistema de decisão da Libertadores com um jogo na casa de cada um, e o de melhor campanha decide em casa.
Eu adoro final única, mas não temos estrutura para tal e nem tampouco, calendário. Se eu fosse John Textor, não entraria em campo amanhã. Mandaria entregar a taça ao Palmeiras, pela covardia de por dois jogos que valem a vida para o time carioca, com um espaço de quatro dias. Covardia. Textor deveria apelar a algum tribunal e se a CBF quiser punir o clube, que puna, pois ela entende que uma instituição não pode recorrer à Justiça Comum.
A CBF está desmoralizada e sem credibilidade, e tenho a certeza de que não só os torcedores do Botafogo, como dos demais clubes, exceto o Palmeiras, é claro, iriam apoiar. Estou enojado com a Conmebol e a CBF. Enfim, vamos torcer para que tenhamos grandes decisões e que o melhor futebol levante os canecos. Gostaria de ver o Botafogo campeão, pelo ostracismo vivido há tanto tempo. A escolha é dele: cavalo paraguaio ou cavalo árabe? A resposta amanhã à noite e no sábado à tarde. Faça a sua escolha time da estrela solitária.