Um ódio que quer apagar a história de um gigante
O Atlético não foi fundado em 2021, pois é um clube centenário, com uma história rica com grandes presidentes
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O Botafogo, campeão da Libertadores e do Brasileiro, na figura de seu dono, o americano John Textor, fez questão de convidar o ex-presidente Carlos Montenegro para a festa da vitória, reconhecendo nele um dos mais importantes da história do clube. Montenegro foi o presidente campeão no último título importante, em 1995, justamente o Brasileirão. Vários ex-jogadores também foram homenageados, e olha que Textor é apenas um investidor e não tinha história no clube, mas soube reconhecer que o Botafogo não foi fundado por ele.
Leila Pereira é outro grande exemplo. Em todos os títulos, enaltece os ex-presidentes, desafetos ou não, pois tem uma grandeza ímpar. Gallioti, Paulo Nobre e outros são citados e convidados nos grandes momentos. E, consultados, quando a coisa não vai bem.
A grandeza de um grande dirigente é mostrada nesses momentos, quando ele divide com antecessores as conquistas e também os fracassos, buscando se aconselhar para evoluir. Pedro Lourenço, o homem que não deixou o Cruzeiro falir e hoje é seu dono, junto com 14 milhões de cruzeirenses, teve a grandeza de convidar o grande presidente e vencedor Alvimar Perrella para ir a Assunção acompanhar o Cruzeiro e ele na final da Sul-Americana, em um reconhecimento a quem tanto fez pelo clube. Presidentes e donos de clubes de grandeza ímpar.
No Atlético Mineiro a coisa funciona de forma diferente. O Clube, fundado em 1908, parece que só surgiu para o mundo em 2021, pois os atuais dirigentes fazem questão de tentar apagar a história desse gigante das Minas Gerais. Como apagar a história de Nélson Campos, presidente campeão brasileiro em 1971?
De Valmir Pereira, que montou um time gigantesco no final de década de 1970? De Elias Kalil, o eterno presidente, que montou um time cantado em verso e prosa até por quem não é atleticano, com Reinaldo, Éder, Cerezo e cia?
Como apagar a história de Nélio Brant, vice-campeão brasileiro em 1999, com um timaço, gastando pouco mais de R$ 6 milhões? Como apagar a história de Alexandre Kalil, o presidente que deu ao Atlético o maior título de sua história, a Libertadores? De Daniel Nepomuceno, vice-campeão brasileiro, idealizador do estádio do Atlético?
Diferenças pessoais devem ser deixadas de lado, quando o assunto é comemoração de títulos, e conquistas, ou mesmo quando o barco está à deriva. Uma consulta a um ex-presidente para corrigir o rumo da nau é um ato de grandeza de quem comanda. Porém, quem comanda de verdade, e não “vacas de presépio” colocadas no cargo apenas para balançar a cabeça positivamente.
Sabemos das diferenças entre os donos do Atlético e o ex-presidente Alexandre Kalil, mas seria um ato de grandeza tê-lo convidado para a inauguração do estádio, que aliás, foi idealizado por outro grande presidente, Daniel Nepomuceno. Tirar o nome do ex-presidente Elias Kalil, que o conselho aprovou, do estádio, foi outro ato de covardia e desrespeito.
Por mais que tentem, ninguém vai apagar a história de ex-presidentes, vencedores ou não, pois cada um que esteve no cargo fez o melhor pelo seu clube, e, alguns, em épocas de “vacas magras”, quando não havia o dinheiro e nem o investimento que existe hoje no futebol.
Na minha visão, as diferenças pessoais devem ficar restritas a esse campo, e quando se trata de uma instituição, que pode até ter virado SAF e ter donos agora, mas que na verdade pertence aos atleticanos, pois a razão da existência de um clube é a sua torcida, a coisa deve ser tratada de outra forma.
Ninguém precisa sentar à mesma mesa para um café ou um jantar, mas, publicamente, e pelo bem da instituição, ter a grandeza de receber aquele que faz parte da história do clube é obrigação. Por mais que queiram sugerir isso, o Atlético Mineiro não foi fundado em 2021. É um clube centenário, com uma história rica com grandes presidentes, grandes presidentes do conselho e grandes conselheiros. Que saudades de Castellar Guimarães, Ivo Melo, Marum Patrus, Rodolfo Gropen e tantos outros atleticanos nobres e históricos.
Quando eu trabalhava na Globo, na década de 1980, lembro de uma reunião do conselho deliberativo do Atlético, onde só havia personalidades, entre elas, o ex-governador Hélio Garcia. Eram outros tempos, de gente de alto nível, elegância e, acima de tudo, respeito e fair-play.
Os tempos mudaram, e para pior. Quando você percebe que nem receber os convidados em sua casa essa gente sabe, entende o motivo de tantos fracassos. O Flamengo, campeão de fato e de direito da Copa do Brasil, foi recebido com garrafas atiradas no campo, bombas e outras coisas mais.
Na hora de receber as medalhas e o troféu, os jogadores foram constrangidos pelo hino do Atlético Mineiro, que ecoou mais alto do que os gritos dos próprios torcedores atleticanos, abafados por uma acústica péssima. Aliás, os torcedores do clube reclamam disso, de pontos cegos e de um gramado que parece sem solução. Senhores donos do Atlético, grandeza é a palavra de ordem. O mundo está muito violento e odioso.
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Jogar a torcida contra jornalistas, considerá-los “personas non gratas” só porque criticaram a venda do shopping, não é um ato democrático. Pedir cabeça de jornalistas em suas redações é um ato de covardia e mesquinho. Não estamos na época da ditadura, ou estamos? Onde estão os “4 Hulks, prometidos por ano? Onde está o “Real Madri das Minas Gerais, que vocês prometeram para 2025?
Vocês tiveram mérito da conquista de dois títulos gigantes, Copa do Brasil e Brasileiro de 2021, e por pouco, não beliscaram a Libertadores daquele ano. Tenham a grandeza e a humildade de admitir seus fracassos, também, que, aliás, são maiores que as conquistas.
Não persigam profissionais só porque eles torcem por outras equipes. Cada um tem o direito de escolher o clube que quiser. Não sejam mesquinhos a esse ponto. A vida pessoal de cada um, como diz o próprio nome, é pessoal. Não misturem isso com o trabalho e a dignidade de cada um. E espero que a partir de agora vocês sejam apresentados a alguém que vocês não tinham noção que existia: muito prazer, eu sou o futebol!
FÉRIAS
A partir de hoje entro em férias. Preciso cuidar da minha saúde, bastante debilitada nesse ano de 2024. Desejo a todos um feliz Natal e um Ano Novo de saúde, benção e conquistas, com menos ódio no mundo e mais amor.