
Os campeonatos estaduais envergonham a nação
Cruzeiro e Atlético fizeram muito bem em dar uma banana para a FMF e fazer um período curto da pré-temporada nos EUA
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Os campeonatos estaduais já ocuparam cinco meses no calendário do futebol brasileiro e foram mais importantes que o Brasileirão. Nas décadas passadas, os torcedores comemoravam mais esses títulos do que os nacionais, além de os clubes do interior revelarem grandes talentos. Porém os tempos mudaram e com competições criadas com mais apelo técnico e financeiro, os estaduais viraram competições obsoletas, retrógradas e ultrapassadas. O que vale mesmo é Copa do Brasil, Brasileiro, Sul-Americana, Libertadores e Mundial. Vocês sabiam que só existem federações no futebol brasileiro? Sim, e elas só existem para fazer esses campeonatos ultrapassados e para que seus presidentes, que vivem de “mesada da CBF”, votem no presidente da entidade, que está em péssimas mãos, com o presidente Ednaldo Rodrigues acusado de assédio moral por um funcionário, que pede R$ 4,7 milhões na Justiça. Num país sério, esse dirigente já teria sido afastado, mas, para quem está no cargo por causa de uma liminar concedida pelo ministro Gilmar Mendes, cuja família, segundo denúncias, fatura R$ 15 milhões anuais com a CBF Academy, está tudo explicado.
Os clubes iniciam janeiro com a chamada pré-temporada, que na verdade não passa de 10 ou 15 dias de treinamentos, exames médicos e tudo mais. Enquanto os clubes europeus têm 40 dias de uma verdadeira pré-temporada, os nossos são obrigados a colocar times reservas ou até de categorias inferiores para preencher o calendário estadual e os jogos. Cruzeiro e Atlético fizeram muito bem em dar uma banana para a FMF e fazer um período curto nos Estados Unidos. Fosse eu o presidente, optaria por uma pré-temporada de 40 dias mesmo, ficaria pela terra do Tio Sam e só voltaria para a disputa da Copa do Brasil, Brasileirão e Sul-Americana. Os times estariam mais bem preparados e os técnicos poderiam ser cobrados de verdade. Com 12 dias de treinos e jogos “encavalados”, a cada três dias, realmente não há como treinar, nem tampouco como qualquer treinador fazer um grande trabalho.
Jogos com público horrível, equipes desqualificadas, arbitragens tendenciosas e bola rolando menos de 45 minutos, pelo número excessivo de faltas. É isso que nós temos que engolir a cada começo de temporada. E ninguém fala nada, ninguém grita para acabar com as federações e os estaduais.
O Atlético corre o risco de não se classificar para a fase final do Mineiro, pois jogou três partidas com os juniores e empatou as três. Com o time principal, mais um empate com o América. E daí, o que mudará na vida do Atlético, ganhar ou perder mais um Campeonato Mineiro? O que vai alterar na história do Cruzeiro se ele for ou não campeão mineiro. Os clubes não conseguem se unir para formar uma Liga e gerirem seus próprios destinos. Preferem ficar reféns das federações e CBF. No mundo inteiro, as confederações cuidam apenas de suas seleções. No Brasil, a CBF cuida das competições, as “organiza”, negocia com as tevês e tudo o mais. Os dirigentes adoram ser reféns de uma entidade falida, desmoralizada, atolada em escândalos e mais escândalos. Uma entidade que não tem o respeito e o respaldo popular, diante de tanta corrupção e da fragilidade do nosso escrete canarinho. Chegaremos a igualar o nosso maior jejum, de 24 anos, sem ver a cor da Copa do Fifa, nos Estados Unidos, México e Canadá. E parece que está tudo bem.
Não, não está tudo bem, está tudo péssimo. Não temos craques, grandes times, clube referência, arbitragem decente e ainda convivemos com a violência e barbárie de vândalos e criminosos, que se dizem torcedores das agremiações. Vivemos um mundo e uma sociedade violenta, corrupta e, provavelmente, sem conserto. O futebol é apenas um reflexo dessa sociedade na qual vivemos. Salários irreais, jogadores sendo bajulados e tratados como heróis, técnicos despreparados, dirigentes que nunca frequentaram um estádio e mal sabem que a bola é redonda. Jornalistas sem formação, que não falam sequer a língua nativa. Mundo de ilusão das redes sociais, onde muitos pensam que os seguidores são amigos ou membros da família. Jogadores e técnicos rebatendo a imprensa séria, jogando os torcedores contra. Dirigentes pedindo cabeças de jornalistas nas redações. Esse é o retrato do futebol brasileiro atual. Vejo a empáfia de presidentes de federações, que nunca deram um chute na bola, como se tivessem inventado o esporte bretão. Não passam de “almofadinhas”, subservientes a Ednaldo Rodrigues, retrato da incompetência e vergonha, com seus asseclas e baba-ovos. Pelo fim dos Estaduais, da CBF e desses dirigentes inexpressivos, antes que o futebol brasileiro, que está na lama, acabe de vez!