Dados do Censo de 2022, divulgados em 27 de outubro pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), de como a população brasileira tem mudado ao longo das décadas, mostram um Brasil envelhecido. Idosos (65 anos ou mais), ganharam espaço, enquanto a faixa etária dos jovens (0 a 14 anos) encolheu.
Em 2000 a proporção de jovens na população brasileira era de 29,6% e a de idosos 5,9%. Em 2010, os jovens eram de 24,1% e os idosos representavam 7,4% da população. E em 2022, os jovens eram de 19,8% da população e os idosos 10,9%. Isso indica que agora há cerca de 55 idosos para cada grupo de 100 jovens com até 14 anos, em comparação com os quase 31 idosos de uma década atrás para cada 100 jovens. O maior registro do envelhecimento entre dois censos, 2010 e 2022, desde 1940.
Estas estatísticas nos convidam a refletir que todos nós envelhecemos, não há como parar o tempo. “E sempre haverá mais tempo adiante. Os que estão atrás não nos alcançarão, e nós não alcançaremos os que nos antecedem. Depois da velhice vem mais vida. E mais vida. E mais vida. Velhos são os outros. Até o fim.”, conforme a autora Andréa Pachá em seu livro “Velhos são os outros”.
Do ponto de vista econômico, o novo perfil demográfico traz novas ideias e tendências, abrindo espaço para as inovações. Se o “novo sempre vem”, como diz a canção do Belchior, os pais e avós com mais de 60 de nosso tempo demandam cada vez mais por tecnologias e serviços que facilitem a vida e ajudem a inseri-los no mundo digital. É dentro desse contexto, para melhorar a qualidade e a expectativa de vida dos idosos, que surgem as startups seniortechs”.
No setor da tecnologia, as startups - inovações digitais escaláveis, repetíveis com impacto na sociedade - podem atuar em segmentos diversos tais como finanças, alimentação e envelhecimento e são identificadas por seu termo correspondente em inglês, mais o sufixo tech. Fintechs são startups de tecnologia que oferecem serviços e produtos financeiros, é o caso do Nubank. Foodtechs são as startups do setor alimentício que visam otimizar toda a cadeia produtiva de alimentos, o Ifood é um dos exemplos mais conhecidos.
Seniortechs são as startups que utilizam a tecnologia para desenvolver soluções voltadas para as pessoas com mais de 60 anos em educação, mobilidade, segurança, estilo de vida, bem-estar financeiro, marketplace, teleatendimento e entretenimento.
Os velhos de hoje estão vivendo mais, são muito mais saudáveis e estão por toda parte, nos restaurantes, viagens de turismo, nos shoppings, nas academias. A geração 60+ de hoje tem seus próprios desejos e dispõe de recursos financeiros para comprar tecnologia em busca de felicidade, conhecimento e qualidade e vida.
Dado o potencial da economia da longevidade, ou economia prateada, não é um paradoxo que ainda sejam tão poucas as seniortechs adequadas para esse nicho de mercado? Afinal, mais que nunca, os idosos são o futuro, pois depois da velhice vem mais vida. E mais vida.