Devo ler um livro, assistir a um filme, fazer alguma coisa que vai acrescentar algo de importante na minha vida ou acompanhar o BBB – Big Brother Brasil? São perguntas que me faço todos os anos. No ar pela TV Globo há 24 anos, seu sucesso é inegável e mesmo quem não o assiste regularmente sabe quando está no ar.
Os participantes nascidos entre a década de 90 e os anos 2000 são maioria na casa nessa edição do BBB 24. Se considerarmos fatores como engajamento nas mídias, diversidade de cor, de gênero, por deficiência física e de classe social, o pluralismo social estaria bem representado. Onde estão os idosos? O mais velho dos participantes é o Rodrigo, 45 anos, e o mais jovem é o Davi, 21 anos. Assim como quase todas as edições anteriores, os idosos são simplesmente ignorados.
O Big Brother Brasil movimenta grandes debates em suas edições por meio de atitudes controversas, racismo e xenofobia que inundam as redes sociais de textos e vídeos que contribuem para manterem os brasileiros mais bem informados. O BBB 24 estreou há pouco mais de um mês, acaba dia 16 de abril, e já conta com uma grande polêmica, vou explicar:
Wanessa Camargo, uma mulher branca, 41 anos, herdeira, vem humilhando todos os dias um rapaz, Davi, 21 anos, pobre e preto, com acusações absurdas, tentando fazê-lo desistir de seus sonhos. Parece que a participante do grupo camarote, formado por pessoas “famosas”, a filha do cantor sertanejo, Zezé de Camargo, apreendeu pouco sobre empatia e cada dia joga mais uma pá no buraco onde está enterrando a carreira.
Pesquisas mais recentes, segundo reportagem da BBC Brasil, mostram que os telespectadores se veem nas situações vividas pelos participantes de reality shows, torcem por eles e compartilham o entusiasmo da competição. Diversos estudiosos das áreas de comunicação, marketing e psicologia, que já se debruçaram sobre o gênero televisivo, concordam que a principal explicação por trás da atração despertada está na identificação com os participantes. “Gente como a gente”, completa a reportagem da BBC Brasil do último 10 de janeiro.
Dados do Censo de 2022 mostram um Brasil envelhecido. Idosos (65 anos ou mais), ganharam espaço, somam mais de 33 milhões de habitantes e a indústria do entretenimento continua a descartar esse segmento. Assim como ocorre com várias outras indústrias, os idosos são simplesmente ignorados. Ninguém se preocupa em saber como pensam, brigam, namoram ou jogam.
Os telespectadores dos reality shows desenvolvem grandes sentimentos de empatia pelos participantes e, muitas vezes, se reconhecem em suas escolhas e ações. O envelhecimento é uma qualidade humana que precisa estar pontuada nos próximos BBBs. Venham, idosos, revelar para a sociedade brasileira as suas experiências de vida, tornando o BBB 25 um programa muito mais interessante e cheio de histórias.