Atualmente, a parcela de idosos de 65 anos ou mais que ocupa um emprego é muito maior do que a que a de meados da década de 1980. Os profissionais de 75 anos ou mais, por sua vez, constituem a faixa etária que mais cresce no mercado de trabalho dos EUA, conforme aponta relatório divulgado pelo Pew Research Center, de dezembro de 2023. Vários fatores têm contribuído para esse crescimento, segundo a pesquisa.

 

Entre eles:


• Os americanos mais velhos de hoje tendem a ter níveis de educação mais altos do que os trabalhadores mais velhos do passado;
• Os idosos estão mais saudáveis e menos propensos a ter alguma deficiência do que os idosos do passado, tornando possível prolongar a vida profissional;
• Mudanças no sistema de Previdência Social aumentaram a idade mínima para o recebimento dos benefícios de aposentadoria integral (de 65 para 67 anos);
• A natureza dos empregos mudou. Os mais velhos preferem trabalhos que exijam menos atividade física extenuante e com maior flexibilidade de horários.

 


Outra notícia que chamou a atenção no final de 2023, nos EUA, foi a publicação pela Bloomberg sobre o tempo médio dos mandatos dos 59 CEOs (Diretores Executivos) do setor financeiro, cujo índice está se aproximando dos 11 anos. Mais de 90% deles são do sexo masculino, sendo que dois terços têm mais de 60 anos.

 



 

A Bloomberg, um dos maiores provedores de informação para o mercado financeiro, analisa que a alta rotatividade das lideranças empresariais gera riscos não só para as empresas, como para seus investidores. As empresas do ramo financeiro costumam ser muito mais complexas e regulamentadas do que as demais, o que demanda uma maior qualificação dos seus candidatos a CEO. Isso torna a rotatividade muito mais difícil.

 

É justamente o tempo maior de experiência exigido dos CEOs que faz com que o setor financeiro seja reconhecido como o mais experiente do S&P 500, que reúne cerca de 500 empresas de capital aberto domiciliadas no país, listadas na Bolsa de Valores de Nova York (NYSE, na sigla em inglês) e na Nasdaq.

 


“Eu amo o que faço, disse o chefe do JP Morgan, Jamie Dimon, de 67 anos, durante uma entrevista em 2023. “Estou muito feliz fazendo isso. Ainda tenho energia para fazê-lo”, afirmou. Da mesma forma, Larry Fink, da BlackRock, de 70 anos, disse em junho que não tem planos de se aposentar tão cedo.

 


Em um mundo em que a juventude tem sido considerada frequentemente como sinônimo de “inovação” e a experiência vista como “visão antiquada”, as eleições presidenciais nos Estados Unidos vão num sentido oposto. Não dá para negar que a idade possa trazer alguma perda física e até cognitiva, mas, pelo perfil dos candidatos à Presidência, importam muito mais a sabedoria e a vitalidade dos candidatos aptos ao exercício da liderança maior da Nação.

 

Joe Biden tem 81 anos, e Donald Trump é apenas três anos e meio mais jovem, deixando evidente que a questão da idade pontua a pauta de discussão. “Olha, eu não sou um cara jovem. Isso não é segredo. Mas o negócio é o seguinte: eu entendo como fazer as coisas para o povo americano”, discursou Biden na semana passada, reforçando que está apto para assumir o cargo de presidente dos EUA mais uma vez.

 


As mudanças demográficas do Brasil não são um segredo, haja vista os dados do Censo de 2022, amplamente divulgados, que mostram um Brasil muito mais envelhecido. Idosos (65 anos ou mais) ganharam espaço, enquanto a faixa etária dos jovens (0 a 14 anos) encolheu. Trata-se de um desafio para os empregadores, empregados e governo, que devem pensar em soluções voltadas para o mercado de trabalho grisalho. A longevidade é uma importante questão do presente e os seus impactos precisam estar em evidência no Brasil, assim como ocorre na sociedade americana. Afinal, mais que nunca, os idosos são o futuro.

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