No século XIX e até o início do século XX, os estrangeirismos mais comuns na língua portuguesa do Brasil eram os francesismos. A partir de meados do século XX até os dias atuais, tornou-se abundante o uso de estrangeirismos de origem inglesa, os anglicismos.



Devido a uma série de fatores, tais como os avanços tecnológicos, influência cultural e interações comerciais, aumenta cada vez mais a apropriação de algumas palavras diretamente do inglês ou adaptadas para se ajustarem à fonética e ortografia de nossa língua. Em um mundo cada vez mais globalizado, muitas vezes fazemos uso de termos ingleses para descrever conceitos, tais como Internet, software, ou realidades que não têm uma tradução adequada em nossa língua, como o stalker ou hacker.



A desvantagem do estrangeirismo é o vício de linguagem, para incorporar à nossa língua uma palavra estranha e não necessária, uma vez que já existe um termo equivalente nessa língua. Dependendo da “popularidade” desse estrangeirismo, ele pode acabar substituindo o termo nacional. O verbo deletar, derivado do “delete”, um verbo inglês que, acrescido do sufixo -ar, transforma-se em um verbo em português. O verbo deletar em breve, de tão popular, substituirá o verbo excluir.

 





Estudos apontam que caiu para mais da metade o número de palavras empregadas pelos jovens, por volta dos 17 anos, para se comunicarem, em relação ao vocabulário de um adolescente da década de 80. Isto pode corroborar com a tese de pessoas mais velhas (pais, avós, professores) queixarem-se de os jovens, hoje em dia, terem um vocabulário reduzido. Em parte, pelos computadores e smartphones, a linguagem está cada vez mais pobre, bradam muitos idosos.

 

Vale salientar que a presença digital nas plataformas de mídia online (Whatsapp, Facebook, Twitter, TikTok e Instagram), dos públicos mais velhos está superando o dos grupos mais jovens. Pesquisa do "Consumer Insights" do Google descobriu que a maioria das pessoas mais velhas passa, pelo menos, seis horas por dia online e possui vários dispositivos à disposição. Afirmações destas no passado, que os jovens têm vocabulário reduzido, se encontram tão generalizada, e são ditas desde sempre e assim será.



Por conta da realidade tecnológica, foram incorporadas à linguagem outros recursos que substituem a palavra durante a construção desse “novo” diálogo. Por isso, a importância de compreender as diferenças geracionais no uso das mídias sociais.



Sendo o TikTok o aplicativo mais baixado do mundo pela geração Z (nascidos na década de 90 e início do 2010), dei um Google para conhecer o que a rede social tinha de conteúdo literário. Foi uma grata surpresa me deparar com a matéria de Simone Machado, em 16 de janeiro 2024, para a BBC News Brasil, de como a rede social, conhecida por seus vídeos curtos e dancinhas virais, está transformando jovens em leitores e autores em best-sellers.

 

Se no passado tínhamos os blogueiros, os criadores de conteúdo literário no TikTok são chamados de booktokers. Através da hashtag #BookTok, que reúne pessoas interessadas em literatura, possibilita-se encontrar vídeos curtos com indicação de obras, resenhas, críticas e comentários sobre enredos e personagens. Na última bienal do Livro de São Paulo, o TikTok foi um dos patrocinadores oficiais e teve estande no evento. Até em livrarias é possível encontrar seções intituladas “Livros do TikTok”. É a rede social que entrega literatura para muito mais gente que qualquer outra rede, cita a reportagem.



Como todo idioma, o português é um organismo vivo que está constantemente em evolução. Inevitavelmente, a nossa língua irá adaptar-se às necessidades e às opções das sucessivas gerações que a falarem.

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