A noção de geração permite fazer referência ao conjunto de pessoas nascidas numa mesma época, viveram os mesmos acontecimentos históricos e partilham de uma mesma experiência histórica. Cada geração possui características únicas que estão diretamente ligadas ao seu comportamento, costumes e valores: “Pesquisas internacionais apontam que a geração dos millennials é a mais apática da história”, “O meu avô sempre diz que as músicas de sua geração são as melhores”, “Renato Russo é o melhor compositor da geração Coca-Cola”.
Podemos entender as relações intergeracionais como o relacionamento que se estabelece entre pelo menos duas pessoas de diferentes faixas etárias, que compartilham as suas vivências a fim de contribuírem com um aprendizado em conjunto. O primeiro local onde as gerações se encontram e se conectam é na família, onde essas relações são derivadas do relacionamento entre avós, pais e filhos. Outras relações intergeracionais se estabelecem nas relações de trabalho, em sociedade, em ações de cunho social.
No âmbito familiar, a paixão pelo futebol reativa questões intergeracionais, de expectativas e idealizações. Antes de o bebê nascer, pais que amam o esporte já fazem planos para receber o novo torcedor, vesti-lo com o uniforme do time, levá-lo ao estádio, unirem-se num grito de gol, criando-se uma tradição familiar de apoio ao time do coração.
Futebol significa ser parte de uma mesma família, da mesma aldeia, com os mesmos objetivos e interesses, despertando emoções e criando uma identificação entre os torcedores.
Embora o futebol ainda enfrente o problema do racismo e outros preconceitos, a paixão pelo esporte é uma força democrática com pessoas de todas origens e características. Nos estádios e nas torcidas, convivem lado a lado indivíduos de diferentes gêneros, raças, sexualidades, capacidades físicas, também de diferentes idades. Essa pluralidade reflete o poder inclusivo do futebol, que transcende barreiras e conecta milhões por meio de uma paixão comum.
Minha paixão pelo futebol e pelo Clube Atlético Mineiro é uma tradição familiar, começou com meu avô, um torcedor apaixonado pelo Galo que transmitiu esse amor aos filhos, netos (há exceções) e, agora, bisnetos. No último sábado, durante a emocionante e triste final da Libertadores entre Atlético e Botafogo, pude sentir toda a energia do Galo Sampa (torcida organizada do Atlético) no bar Portela em São Paulo. Ali, cercado por pessoas que compartilham a mesma devoção ao Galo, constatei que o futebol é muito mais do que um esporte: é uma ponte entre gerações, um elo que une histórias, sonhos e tradições familiares. Além disso, não existe solidão no futebol. Sempre haverá alguém sentindo o mesmo que você, seja na euforia de um gol ou no choro discreto da derrota.
P.S. “Se houver uma camisa branca e preta pendurada num varal durante uma tempestade, o atleticano torce contra o vento”, Roberto Drumond.
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