As transições geracionais são mais do que apenas cronológicas. A cada novo ciclo de nascimento o mundo é redefinido por uma geração que carrega seus próprios desafios e oportunidades. Essas características são estudadas e catalogadas por estudiosos para identificar um tipo de tendência de consumo, auxiliando as marcas e as empresas a criarem produtos e serviços que gerem interesse em cada uma das gerações.
As gerações também têm como objetivo auxiliar na compreensão das visões de mundo, dos comportamentos, das formas de relacionamento e dos estilos de comunicação de cada grupo. As antigas gerações foram definidas assim:
- Geração silenciosa: define-se por quem nasceu entre 1923 e 1946;
- Babyboomers:são os que vieram ao mundo entre 1947 e 1963;
- Geração X: são pessoas nascidas de 1964 a 1983;
- Millennials:são as pessoas nascidas de 1984 a 1995;
- Geração Z:é determinada por quem nasceu de 1995 a 2009;
- Geração Alpha: para os nascidos entre 2010 e 2024.
Todos os bebês nascidos a partir de janeiro de 2025, fazem agora parte de uma nova geração, a “Beta”. Será a primeira geração que crescerá em um mundo moldado por avanços exponenciais em inteligência artificial, mudanças climáticas e maior consciência social que estamos começando a explorar.
É incrível estarmos vivendo num presente cercados de invenções tecnológicas e habitando cenários futuristas que já foram mostrados nas antigas séries da TV, como a dos Jetsons e Star Trek - programas da década de 60, no século passado! Programas que tanto mexeram com o imaginário de gerações, disseminando conceitos científicos e tecnológicos que jamais pensávamos vivenciar no mundo real. A imaginação era tão profícua que naquelas explorações galácticas de Star Trek, já se utilizavam as tecnologias mais sofisticadas, possibilitando a comunicação sem fios de qualquer lugar para qualquer lugar.
Por meio de um tradutor universal, era possível comunicar-se com nativos de outros planetas em linguagens completamente desconhecidas. Ainda contavam com drones, veículos autônomos e realidade virtual. Em “Os Jetsons”, clássico desenho da TV, exibido originalmente entre 1962 e 1963, mostrava como seria a vida de uma família no futuro distante. A aventura se passava em 2062, num cenário repleto de fantásticas engenhocas como carros voadores, cidades suspensas, relógio inteligente, esteiras rolantes, TV de tela plana e tablets, câmeras de bronzeamento artificial, assistente de voz pessoal, viagens à Lua e até um robô que cuidava da casa da família protagonista.
Mas como será a vida da geração beta? Para nos auxiliar nesta resposta, transcrevo a entrevista do pesquisador e demógrafo australiano Mark McCrindle, que cunhou o termo geração beta, para a revista Forbes Brasil em 13/01.
Forbes Brasil – Qual é o desafio de mapear uma nova geração?
Mark McCrindle – Embora não seja possível prever com precisão como será uma nova geração, é possível analisar os tempos que a estão moldando, as características dos pais que a estão criando e os desafios globais que enfrentarão. Certamente é importante entender essa geração emergente, que é composta por cerca de 2,6 milhões de nascimentos globalmente a cada semana e, até o final de 2039, quando estiver completa, totalizará pouco mais de 2 bilhões de pessoas. A maioria deles viverá no século 22 e será fundamental para moldar a segunda metade do século 21.
FB – O que mais te chama atenção desse grupo?
Mark – Crescer globalmente conectado, tecnologicamente abastecido, como a geração mais formalmente educada da história e com a maior expectativa de vida de qualquer geração viva hoje proporcionará muitas oportunidades para administrar. Embora esses tempos de conexão digital, mobilidade de estilo de vida e influência social nos afetem a todos, a idade em que somos expostos a uma nova tecnologia ou evento transformador determina o quão profundamente isso será incorporado em nossa psique e em nosso estilo de vida.
FB – A Geração Beta seria um espelho, um reflexo da Geração Alpha, ou seja, elas são muito semelhantes?
Mark – Para a Geração Beta, os mundos digital e físico serão cada vez mais integrados e a integração da inteligência humana e artificial será cada vez mais normativa. A Geração Alpha experimentou a ascensão da tecnologia inteligente e da inteligência artificial à medida que entraram na adolescência, mas a Geração Beta só conhecerá um mundo onde a IA e a automação estão totalmente integradas na vida cotidiana – desde a educação e os locais de trabalho até a saúde e o entretenimento.
FB – Qual outra diferença dessa geração que você destacaria?
Mark – Outra diferença entre essas duas gerações são as perspectivas dos pais. Os pais da Geração Alpha são os Millennials, também conhecidos como Geração Y, que têm aceitado mais a tecnologia digital na criação de seus filhos. No entanto, os novos pais, da Geração Z, como a primeira geração a crescer digitalmente, não são encantados pela novidade da tecnologia, tendo experimentado os lados negativos dos dispositivos e das redes sociais. Do ponto de vista dos pais, eles são mais céticos em relação à tecnologia do que otimistas.
FB – O fato de ser uma geração nascida em um mundo orientado pela inteligência artificial muda muito os perfis?
Mark – Sim, a Geração Beta provavelmente será a primeira geração a experimentar transporte autônomo em larga escala, tecnologias de saúde vestíveis e ambientes virtuais imersivos como aspectos padrão da vida diária. Veremos seus provedores de educação incorporarem essas tecnologias de maneira robusta, mas com um foco mais intencional em também moldar habilidades interpessoais, habilidades de vida, comunicação e formação de caráter usando métodos offline e aprendizado tradicional em uma era sempre conectada.
FB – Você pode descrever com mais detalhes como a IA influencia a Geração Beta?
Mark – A casa da família será integrada com IA, desde eletrodomésticos inteligentes até comunicações familiares e monitoramento. A IA guiará as decisões dos pais em todas as áreas, desde a escola e o aprendizado até diagnósticos de saúde e suporte, gerenciamento de inventário de mantimentos e compras e pedidos. Crescendo nesse ambiente, essa será a primeira geração a ser criada não apenas por pais informados por IA, mas também educada por professores assistidos por IA e equipada para trabalhar na economia global do conhecimento híbrida com IA.
FB – Você pode dar uma ideia de como o perfil de uma geração pode mudar de acordo com as regiões, por exemplo, se considerar as realidades de países como Brasil e Austrália em comparação com os Estados Unidos?
Mark – A Geração Beta está surgindo em uma era única de grandes promessas e desafios crescentes. Eles estão nascendo em um momento que verá o pico de nascimentos globais se estabilizar e começar a declinar. Tanto que a Geração Beta (2025-2039), com 2,0 bilhões, será ligeiramente menor que a Geração Alpha (2010-2024), com 2,1 bilhões. Essa nova geração também verá em sua vida a população global ultrapassar 10 bilhões de pessoas, acima dos 8,2 bilhões de hoje, e depois se estabilizar. Eles serão a geração a gerenciar os paradoxos da sustentabilidade para uma população crescente, mas se preparando para a estagnação populacional; nascimentos anuais massivos em meio a uma trajetória de envelhecimento; o desafio econômico da contração populacional em algumas regiões em meio a tendências globais de imigração; e uma economia de conhecimento de IA e criptografia em meio à demanda recorde por manufatura, produção agrícola e construção e infraestrutura.
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O fato é que envelhecer é adaptar-se a novas formas de vida, é lembrar que a vida guarda surpresas para nós até o fim!