Vance é um líder extremista, contra a política externa intervencionista, a favor da economia de mercado livre e conservador nos costumes -  (crédito: Joe Raedle/Getty Images/AFP)

Vance é um líder extremista, contra a política externa intervencionista, a favor da economia de mercado livre e conservador nos costumes

crédito: Joe Raedle/Getty Images/AFP


Quatro presidentes norte-americanos já foram assassinados em pleno exercício da profissão: Abraham Lincoln ((Hodgenville, 12 de fevereiro de 1809 — Washington, D.C., 15 de abril de 1865), James Abram Garfield (Moreland Hills, 19 de novembro 1831 – Washington, D.C. , 19 de setembro de 1881), William McKinley (Niles, 29 de janeiro de 1843 – Buffalo, 14 de setembro de 1901) e John Fitzgerald Kennedy (Brookline, 29 de maio de 1917 – Dallas, 22 de novembro de 1963), de um total de 16 presidentes que sofreram atentados, entre eles Ronald Reagan.



A série “Último Ato” (Manhunt) da Apple TV+, baseada no livro “A caçada ao assassino de Lincoln. 12 dias que abalaram os EUA”, de James L. Swanson, mostra os bastidores de um dos assassinatos mais icônicos da violência política nos Estados Unidos. Monica Beletsky, criadora da produção, mergulha nos subterrâneos de uma conspiração que marcou um dos momentos importantes da história norte-americana.



A narrativa começa em 14 de abril de 1865, o dia do assassinato de Lincoln, e segue a trajetória de John Wilkes Booth (Anthony Boyle), o assassino, e Edwin Stanton (Tobias Menzies), que comanda as investigações para achar o assassino e seus cúmplices. A longa e implacável perseguição a Booth desnuda uma teia de conspirações e intrigas políticas sulistas e sua repercussão na reconstrução do país após a guerra civil e a abolição.



“Tablóide americano” (Record), romance policial noir de James Ellroy, é uma obra de ficção baseada em fatos históricos. É o primeiro volume de uma trilogia sobre as conexões entre a política, os serviços de inteligência, as relações mafiosas e os senhores da guerra. Termina no dia do assassinato do presidente Jonh Kennedy, depois de descrever a vida mundana na Casa Branca.



O Kennedy de Ellroy é um político carismático que não resiste a um rabo-de-saia; Howard Hughes, um magnata paranoico drogado; Sinatra, traído pela mulher Ava Gardner, o parceiro de farras. Robert Kennedy investiga a Máfia, o FBI investiga seu irmão JFK, a CIA investiga todo mundo, todos lutam contra Fidel Castro e querem Cuba de volta, o paraíso dos prazeres proibidos. O segundo volume da trilogia, “Dois mil em espécie” (Record), conta a história da suposta operação para abafar a conspiração que levou à morte de Kennedy, a partir da execução de Lee Harvey Oswald, seu assassino, uma queima de arquivo.



Bandidos, ex-policiais, políticos, milionários, astros do cinema e todo tipo de personagem envolvidos em atos mais ou menos ilícitos, da prostituição ao assassinato; invasão de privacidade, corrupção, tráfico de influências e de heroína. Ellroy descreve o recrutamento de refugiados cubanos para combater Castro, operações da CIA financiadas ilicitamente, as puladas de cerca de Kennedy e a loucura de Howard Hughes. Ou seja, a hipocrisia americana e sua política corroída pela corrupção.



O vice ideal



J.D. Vance (Gabriel Basso), um ex-fuzileiro oriundo do sul do Ohio e aluno de direito em Yale, está prestes a conseguir o emprego com que sempre sonhou, quando uma crise familiar o obriga a regressar a casa e a reencontrar uma vida que queria esquecer. J.D. terá de lidar com a sua complicada família rural, incluindo a relação com Bev (Amy Adams), a sua mãe toxicodependente. Tocado pelas memórias da avó Mamaw (Glenn Close), a mulher forte e sagaz que o criou, J.D. percebe que, para realizar os seus sonhos, terá primeiro de aceitar as suas raízes.



Essa é a sinopse de “Era uma vez um sonho” (Hillbilly Elegy ), um drama com escalada de ações inacreditáveis. Do abuso repetitivo de drogas e consequentes recaídas, até a paternidade exibida da forma mais aleatória possível. O best-seller norte-americano Hillbilly Elegy é o “memoir” que inspira o filme. Aos 39 anos, na realidade, J.D Vance é o senador republicano escolhido para vice na chapa de Donald Trump à Presidência dos Estados Unidos. A escolha foi feita na Convenção Nacional Republicana, realizada em Milwaukee, Wisconsin.



J.D. Vance derrotou o governador da Dakota do Norte, Doug Burgum, e o senador Marco Rubio, da Flórida. Nascido e criado em Middletown, Ohio, pertenceu ao corpo dos marines e serviu no Iraque; depois, diplomou-se na Ohio State University e da Yale Law School. Trabalhou como capitalista de risco no Vale do Silício. Foi escolhido a dedo para rejuvenescer a chapa de Trump e ressignificar o sonho americano, como alguém que representa o apelo republicano aos americanos médios, especialmente entre os eleitores brancos rurais e trabalhadores que já ajudaram Trump a chegar à Presidência.



Seu nome já estava escolhido quando Trump sofreu ao atentado no comício da Pensilvânia, sábado passado. Ferido de raspão na orelha, escapou de morrer por um triz. Vance é um líder extremista, contra a política externa intervencionista, a favor da economia de mercado livre e conservador nos costumes (gostaria de proibir o aborto após 15 semanas). Vivíssimo, Trump escolheu um eventual herdeiro político. Ou seja, ficou mais difícil para Joe Biden se reeleger presidente dos Estados Unidos.