Netanyahu mantém a invasão por terra de Israel no Líbano -  (crédito: SPENCER PLATT/AFP)

Netanyahu mantém a invasão por terra de Israel no Líbano

crédito: SPENCER PLATT/AFP

 

Comida, som, oração, reflexão, celebração e bombas, muitas bombas, em Beirute e no sul do Líbano marcam o ano-novo judaico, o Rosh Hashaná, o início do ano 5.785 no calendário hebraico, celebrado entre ontem e hoje. “Shanah tovah” é a saudação que significa um feliz ano novo para a comunidade judaica! O povo judeu comemora em setembro ou outubro, não em janeiro, em observância ao calendário hebreu lunissolar, que se originou com a criação bíblica do universo, uma semana mais curta do que o calendário gregoriano, que conta os anos antes e depois do nascimento de Jesus Cristo.


Segundo a tradição religiosa, o Rosh Hashaná é uma oportunidade de olhar para a frente. Mas não apenas celebrar o futuro. É preciso considerar o passado e rever o relacionamento com Deus. Também marca o primeiro dia de um período conhecido como os Dez Dias de Temor, ou Dias de Arrependimento, durante o qual as ações de uma pessoa são consideradas capazes de influenciar tanto o julgamento de Deus quanto o plano de Deus para com ela.

 


Chalá redonda, maçãs e mel simbolizam Deus, os ciclos do ano e o sustento que está por vir, respectivamente. O chalá é um pão arredondado, semelhante às nossas roscas, muitas vezes cravejado de passas, que geralmente é mergulhado em mel e comido como uma refeição simbólica, comemorativa. As maçãs representam a esperança de um ano doce pela frente. Acredita-se que a tradição de comer maçãs no Rosh Hashaná tenha se originado com judeus ashkenazi na Europa, que usavam a fruta do outono em suas refeições de ano novo.


Celebrado há milhares de anos, as origens do Rosh Hashaná são obscuras. Na passagem bíblica Levítico 23:24-25, Deus diz a Moisés que o povo de Israel deveria observar o primeiro dia do sétimo mês como um dia de descanso e marcá-lo com o toque de chifres de carneiro, o shofar, que ocorre regularmente nas sinagogas, mas no ano-novo são executados cerca de 100 toques. Seu som é um chamado para se arrepender dos pecados e buscar o perdão de Deus. O trabalho é proibido em Rosh Hashaná, e muitos judeus passam o feriado participando de serviços especiais em suas sinagogas e, depois, celebrando com refeições festivas. Neste ano, para muitos, o serviço especial é ir à guerra.

 

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Esses dias sagrados culminam no Yom Kippur, um tempo de expiação que é considerado o dia mais sagrado do ano. Ocorre anualmente no dia 10 de Tishrei, o primeiro mês do calendário hebraico, que será comemorado no próximo dia 12 de outubro. O que vira até lá ninguém sabe, o destino está nas mãos de Benjamin Netanyahu, o primeiro-ministro de Israel, e o aiatolá Ali Khamenei, líder supremo do Irã. Vale lembrar que a Guerra do Yom Kippur começou em 6 de outubro de 1973, quando tropas egípcias e sírias atacaram bases israelenses na região do Suez, e tem esse nome porque se iniciou no feriado em que os judeus comemoram o “dia do perdão”. Desde então, Gaza e Cisjordânia, na Palestina, e as Colinas de Golan, na Síria, estão ocupadas por Israel.

Destruição

Enquanto a comunidade judaica comemora o ano-novo, as Forças de Defesa de Israel (FDI) avançam contra o Hezbollah no sul do Líbano e bombardeiam Beirute como quem lança fogos de artifícios. Ontem, o governo do Líbano informou que, nas últimas duas semanas, mais de 1 mil pessoas morreram e 6 mil ficaram feridas em ataques israelenses no país. Entre as vítimas, estão 156 mulheres e 87 crianças. Nos últimos 12 meses, o conflito entre Israel e o Hezbollah resultou em 1,6 mil mortes no Líbano e deixou milhares de feridos. Nesta quarta-feira, em meio às comemorações do Rosh Hashaná, Israel bombardeou o centro de Beirute, onde a maioria é cristã, a pretexto de matar mais um líder do grupo.

 

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De nada adiantaram os apelos do encarregado de negócios interino do Líbano, Al-Sayyid Hadi Hashim, durante a Conselho de Segurança da ONU, segundo os quais seu país já vive uma crise humanitária grave, com milhares de pessoas desabrigadas. São 1 milhão de libaneses que precisaram deixar suas casas por causa do conflito. O país também abriga 2 milhões de sírios deslocados e 500 mil palestinos refugiados, além de uma comunidade brasileira que chega a 12 mil pessoas. “O que está acontecendo agora, com essas mortes, pessoas desabrigadas e destruições sem precedentes, não pode ser mais tolerado ou ignorado. As crianças dos subúrbios do sul de Beirute estão dormindo nas ruas”, disse.


Benjamin Netanyahu quer destruir o Hezbollah e, para isso, utiliza a mesma estratégia de terra arrasada adotada em Gaza, que foi destruída. Em 23 de setembro, Israel lançou um bombardeio aéreo que provocou as mortes de 569 pessoas, incluindo 50 crianças e 94 mulheres. Esse dia foi o mais sangrento desde 2006, quando Israel também travou uma guerra contra o Hezbollah. Em 29 de setembro, um ataque contra uma área residencial resultou na morte de 71 pessoas, incluindo mulheres e crianças que ficaram presas nos escombros. Hashim chamou o episódio de "massacre".


Até agora, 50 soldados israelenses morreram em confrontos envolvendo o Hezbollah no Líbano. Oito foram assassinados nesta quarta-feira. O representante de Israel na ONU, Danny Danon, ao justificar as ações militares, afirmou que o país enfrenta ataques diretos à própria existência. “Essa é a realidade que enfrentamos todos os dias: terror nas fronteiras, mísseis sobre nossas cabeças, balas nas ruas. O Conselho precisa entender o cenário em que Israel é forçado a viver”, disse.

 

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