Celso Cunha, presidente da Abdan avalia que o Brasil tem potencial para desenvolver a cadeia nuclear e ser exportador de urânio -  (crédito: Divulgação/Acervo)

Celso Cunha, presidente da Abdan avalia que o Brasil tem potencial para desenvolver a cadeia nuclear e ser exportador de urânio

crédito: Divulgação/Acervo

Mesmo com os volumosos investimentos na geração de energia solar fotovoltaica e eólica, que juntas somam investimentos de mais de R$ 50 bilhões, o Brasil não poderá prescindir de novas usinas nucleares, fonte que, embora não seja renovável, é mais limpa do que a geração por térmicas a gás, óleo ou carvão. Para mostrar o potencial do complexo nuclear do Brasil, que inclui, além das usinas, a medicina nuclear e outros usos, como irradiação de alimentos, a Associação Brasileira para o Desenvolvimento das Atividades Nucleares (Abdan) divulga no dia 29 de fevereiro um estudo feito pela Eletronuclear em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV) que mostra o impacto do complexo nuclear na economia brasileira.


“A cada R$ 1 bilhão aplicado na energia nuclear há um retorno de R$ 3,1 bilhões, quer dizer há um lucro de R$ 2,1 bilhões”, afirma o presidente da Abdan, Celso Cunha, reconhecendo que o maior impacto ocorre no Rio de Janeiro, onde estão as usinas nucleares Angra I e Angra II. Juntas, elas representam 2,1% da matriz energética nacional, gerando um faturamento anual de R$ 4,6 bilhões e investimentos de R$ 350 milhões. As duas usinas empregam 1.750 pessoas. Com o impacto de agregação são gerados 22,5 mil empregos no país, de acordo com o estudo.


Hoje, segundo Celso Cunha, a geração nuclear gera energia a um custo de R$ 320 o megawatt (MW), valor mais alto do que a energia gerada pelo sol ou pelo vento, mas competitiva com a energia gerada por térmicas. Para Celso Cunha, a retomada dos investimentos na geração nuclear é necessária para garantir energia firme (de base) para o sistema elétrico, uma vez que tanto a solar quanto a eólica são intermitentes. “O Brasil tem reservas minerais, tecnologia de produção de equipamentos e de geração nuclear, que é uma energia limpa incentivada em todo o mundo hoje”, afirma o presidente da Abdan.


Celso Cunha lembra que a conclusão da usina de Angra III, que está com cerca de 65% das obras executadas, foi incluída no Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). A finalização da usina, com capacidade para gerar 1.400 MW, exigirá perto de R$ 20 bilhões. “Mas o custo não ser finalizado é de R$ 14 bilhões, então não tem o menor sentido não finalizar, porque se vai ter 1.400 MW por R$ 6 bilhões”, destaca Celso Cunha. Ele lembra ainda que o Plano Nacional de Energia – 2050 prevê a instalação de 8 novas usinas nucleares no Brasil, com capacidade para gerar 8 mil MW e investimentos da ordem de US$ 40 bilhões. “Se não viabilizarmos isso vamos conviver com apagões no futuro, como o que aconteceu em 23 de agosto do ano passado”, destaca Cunha.


Para o presidente da Abdan, esses investimentos podem ser viabilizados pela iniciativa privada. “A Constituição não veta a participação da iniciativa privada na construção e operação de usinas nucleares, mas é preciso uma legislação para regulamentar a atividade e aí se deve tomar medidas para controlar”, afirma Celso Cunha. “Nós estamos trabalhando para propor ao Congresso e ao Ministério das Minas e Energia (MME) para ter essa legislação complementar que permita a entrada da iniciativa privada”, acrescentou.


O estudo que será apresentado na segunda-feira mostra ainda que até 2036, a medicina nuclear representará um faturamento de R$ 535 milhões, com a realização de 3,8 milhões de procedimentos e 8,3 mil pessoas empregadas diretamente. A produção de urânio mineral oferece oportunidades para o Brasil, que tem uma reserva estimada de 277 mil toneladas, equivalente a 5% das reservas mundiais, sendo que apenas 30% do território brasileiro é prospectado para o minério estratégico. “O preço da libra de urânio passou de US$ 30, batendo em US$ 105 e o Brasil pode ser exportador de urânio. Hoje, os Estados Unidos têm 97 usinas e 30% delas são abastecidas com combustível russo, que não teve embargo”, diz Celso Cunha para mostrar outro ponto de potencial para o desenvolvimento do complexo nuclear no Brasil, que engloba cerca de 5 mil empresas.

Fundos 

R$ 71,1 bilhões é o saldo dos fundos de investimentos no mês de fevereiro até o dia 16, segundo dados da Associação Brasileira das Entidades do Mercado Financeiro e de Capitais (Abmec)

Mais cartões

Pela primeira vez o valor transacionado com uso de cartões ultrapassou a marca de R$ 1 trilhão em um trimestre no Brasil, segundo a Associação Brasileira de Cartões e Serviços (Abecs). O feito ocorreu entre outubro e dezembro de 2023. No ano, a movimentação chegou a 42,2 bilhões de transações, com crescimento de 13% sobre 2022. No Brasil são realizadas, em média, 115 milhões de pagamentos por dia, segundo a Abecs

Exportando

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou no ano passado R$ 13,5 bilhões para operações de apoio à exportação, volume 176% maior do que o registrado em 2022, com os desembolsos totalizando R$ 8,7 bilhões, um aumento de 168%. Segundo o banco, 51 grupos econômicos foram apoiados, sendo que 18 deles tiveram suas exportações financiadas na linha de crédito do BNDES pela primeira vez.