O otimismo tomou conta do setor automotivo brasileiro com o Programa de Mobilidade Verde e Inovação (Mover), lançado no fim do ano passado e que será regulamentado este ano. Em entrevista coletiva ontem, o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Márcio Lima Leite, afirmou que os investimentos do setor, incluindo autopeças, podem chegar a R$ 100 bilhões até 2028.

De acordo com ele, essa ainda é uma estimativa e depende da regulamentação do programa, que ocorrerá este ano. “É o melhor programa automotivo do mundo”, afirmou o presidente da Anfavea.

Na coletiva para a apresentação dos números, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), Geraldo Alckmin, que participou por videoconferência, reafirmou que os investimentos na indústria automotiva podem chegar a R$ 100 bilhões, com R$ 41 bilhões já anunciados e confirmados por montadoras. “O Brasil é o 8º fabricante mundial de veículos, sendo o 6º maior mercado do mundo e nós temos tudo para crescer”, disse Alckmin.

Alckmin afirmou ainda que a expectativa do governo é de que a medida provisória (MP) que criou o programa Mover seja aprovada rapidamente no Congresso e anunciou que as propostas para a regulamentação para o programa devem ser anunciadas logo após o carnaval. Segundo o presidente da Anfavea, o setor vive a expectativa do maior ciclo de investimentos e ela ocorre por decisão das matrizes das empresas numa demonstração de confiança no Brasil.



Para Márcio Lima, além do programa Mover, a previsibilidade em relação ao imposto de importação relacionado a veículos elétricos, a reforma tributária, a redução da taxa de juros, o marco legal das garantias, o crescimento econômico, o câmbio estável e a demanda reprimida são os fatores que determinam as decisões de investimento no Brasil. Ele lembrou ainda, que a perspectiva de descarbonização não apenas dos combustíveis, mas de toda a cadeia automotiva dará uma vantagem competitiva ao Brasil, que conta com matriz energética majoritária renovável.


De acordo com ele, o programa prevê que a partir de 2027, sejam cumpridas metas de descarbonização dos veículos, o que dará vantagem aos carros produzidos no Brasil, que largam na frente dos importados por serem produzidos com energia limpa. “O Brasil, em termos de veículo por habitante, é um país que tem muito a crescer. Isso leva a investimento, isso leva a um novo momento que esse setor vai viver nos próximos cinco anos e a largada é agora”, afirmou Márcio Lima. Ele destacou ainda, que hoje a indústria brasileira de veículos é exportadora de tecnologia para outros mercados.


O programa Mover prevê incentivos fiscais para as empresas que investirem na descarbonização segundo requisitos obrigatórios do programa de R$ 3,5 bilhões este ano, R$ 3,8 bilhões em 2025, R$ 3,9 bilhões em 2026, R$ 4 bilhões em 2027 e R$ 4,1 bilhões em 2028, totalizando R$ 19 bilhões que deverão ser convertidos em créditos financeiros.Para Márcio Lima considera que os recursos são suficientes para desenvolver o programa.


Além da descarbonização, a indústria brasileira estuda aproveitar o momento da transição energética para ampliar as exportações. A ideia em estudo é importar linhas de produção que estão sendo desativadas nos Estados Unidos e Europa por causa das legislações e produzir os modelos que, embora não mais fabricado nesses mercados, ainda serão consumidos por outros mercados ainda por um tempo. “Nós vamos fazer isso de forma a não afetar a indústria de máquinas e equipamentos”, observou o presidente da Anfavea.

R$ 5,3 bilhões

é o valor aprovado pelo BNDES para projetos de inovação este ano


CONCESSÕES

A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) aprovou, ontem (8), os relatórios finais com as contribuições das audiências públicas referentes aos projetos de concessão dos Lotes Centro Norte 1 (CN1) - que abrange trechos das BR-060/452 em Goiás e o Centro Norte 5 (CN5) da BR-364 em Rondônia -, importante corredor logístico de exportação do arco norte. Os relatórios seguem para aprovação do Ministério dos Transportes e posterior análise do Tribunal de Contas da União (TCU). Somando os projetos, são previstos R$ 8,6 bilhões de investimentos em 30 anos. A previsão do Ministério dos Transportes, dependendo da análise do TCU, é lançar os dois editais ainda em 2024.


MULTA SUSPENSA

A suspensão, pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Dias Toffoli, da multa de R$ 10 bilhões aplicada contra a J&F no acordo de leniência do grupo dos irmãos Joesley e Wesley Batista é motivo de preocupação para pensionistas da Petrobras e da Caixa Econômica Federal. Parte desse valor seria destinado aos fundos de pensão Petros e Funcef, como ressarcimento de perdas com investimentos deficitários nos negócios dos irmãos Batista. As fundações dizem que estão acompanhando a situação e vêm adotando as medidas judiciais cabíveis para proteger o interesse dos participantes, já com pesados descontos em seus vencimentos.

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