O Banco Central parece estar mesmo enxugando gelo no que se refere a conter a forte especulação contra o real, que levou a cotação do dólar ao patamar de R$ 6,20. Mesmo com as incertezas geradas pela possibilidade de desidratação do pacote de corte de gastos do governo federal no Congresso, não há justificativa para a escalada da cotação da moeda dos Estados Unidos.
Em nenhuma projeção feita para 2025 – e os dois anos seguintes – a cotação da divisa norte-americana supera o patamar de R$ 6, o que indica que o fechamento do mercado na quarta-feira, com o dólar a R$ 6,267 está muito acima do razoável e foi inflado inclusive por notícias falsas envolvendo o próximo presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo. A Advocacia-Geral da União (AGU) acionou a Polícia Federal para investigar as fake news, envolvendo o presidente da autoridade monetária.
Ao apresentar suas previsões para 2025, a Confederação Nacional das Indústrias (CNI) previu a cotação do dólar a R$ 5,70, com o Produto Interno Bruto (PIB) crescendo 2,4% e a Selic em 12,75%. “Esse nível de taxa de câmbio que vemos hoje, não vemos que ele permaneça. Ao longo do ano, devemos ter reversão desse quadro por causa da redução de risco fiscal. Isso ocorrerá por causa da aprovação do pacote de corte de gastos e porque acreditamos que a proposta de reforma do Imposto de Renda não diminuirá receitas”, declarou o superintendente de Economia da CNI, Mário Sérgio Telles, ao apresentar as projeções.
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O próprio mercado financeiro não prevê a taxa de câmbio acima de R$ 6 no fim deste ano em 2025 e 2026. O Boletim Focus divulgado pelo Banco Central na segunda-feira mostra que as projeções de economistas e analistas do mercado financeiro para este ano colocam a cotação do dólar a R$ 5,99, com a moeda dos EUA recuando para R$ 5,85 no ano que vem e para R$ 5,73 em 2026. São projeções e não há garantia de que em uma semana ou duas esses valores sejam elevados pelo mercado financeiro, mas olhando de agora, o real está sim sobre um ataque especulativo, principalmente se considerando a má-vontade do mercado financeiro com o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
80% dos brasileiros desconfiam de bets e querem regulação do governo
O ministro da Fazenda minimizou a escalada da cotação do dólar este mês, com alta de mais de 7%, ao considerar que o câmbio no Brasil é flutuante e as oscilações ocorrem no momento em que há incertezas em relação ao pacote de corte de gastos enviado pelo governo ao Congresso. O pacote deve ser desidratado por deputados e senadores, com mudanças no Benefício de Prestação Continuada (BPC) e no Fundo Constitucional do Distrito Federal, que foi retirado do pacote de cortes. A aprovação do pacote fiscal, ainda que com mudanças, deve ser a senha para o mercado financeiro reduzir o estresse e corrigir as distorções no câmbio.
A matemática que explica por que você quase sempre vai perder com bets
As discrepâncias existem. E isso fica claro quando um representante do mercado reconhece abertamente que a cotação do dólar no patamar atual não é razoável. Em entrevista concedida esta semana, o presidente da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), Isaack Sidney, considerou que a deterioração das expectativas no plano fiscal e monetário levou os ativos para um patamar insustentável. Issac afirmou que “estamos no terreno movediço da irracionalidade dos ativos financeiros”, sem admitir, no entanto que a moeda brasileira é alvo de um ataque especulativo. Na ponta do lápis a conta é simples: quem comprou o dólar a R$ 5,67 em 6 de novembro e vendeu ontem com ele a R$ 6,267, ganhou exatos R$ 0,597. Agora considere que você comprou US$ 500 mil no início do período e vendeu ontem, o ganho chegou a R$ 298,5 mil, ou 10,5% de lucro em pouco mais de um mês. A especulação é exatamente usar um ativo para ter lucros acima do razoável e é isso que está ocorrendo com o real.
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