Na busca desesperada pelo voto, alguns candidatos a prefeito de BH tentam transformar os debates em festival de chacotas e um circo com jeito de reality Big Brother (BBB). Troca de farpas e agressões são táticas do passado e fichinhas diante do que fazem hoje. Agora, recorrem a truques reais e virtuais e até fazem perguntas para rivais ausentes, cobrando ainda direito de resposta, como aconteceu no debate da Rede Minas.
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Não chega a ser aquele show de horrores da campanha paulistana, protagonizado pelo candidato do PRTB, Paulo Marçal, que anda tumultuando a escola onde estudou. Podem ganhar likes, mas é questionável se essas reações se tornarão votos mais tarde em um contexto conservador como o mineiro.
Pai do estilo, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) está sendo alertado a rever conceitos e atitudes. Em um primeiro momento, ficou contra e, após conversa com o filho 02, subiu no muro com medo de ser derrotado na capital paulista. Ontem, o governador paulista, Tarcísio Freitas, fez alertas diferentes. Mais do que a derrota neste ano, há risco até de o ex-presidente ser engolido por essa terceira geração do bolsonarismo, representada por Marçal.
Cortes a meu favor
Além da oportunidade de apresentação, exibição de propostas, quando existem, os debates oferecem produção de conteúdos para que façam os tais cortes. Seguindo a tática de Marçal, contam para seus seguidores a versão sobre o desempenho que querem que acreditem que teve. Antes mesmo do fim do evento, nos intervalos de cada bloco, equipes dos candidatos espalham em suas redes os momentos favoráveis e os piores do adversário. Uma construção seguida de desconstrução.
Fuga vira estratégia
O segundo confronto entre os candidatos a prefeito de BH registrou a ausência de três candidatos, que alegaram compromissos injustificáveis de agenda. Mauro Tramonte (Republicanos), Carlos Viana (Podemos) e Fuad Noman (PSB). O prefeito não foi para evitar os ataques e foi o que mais apanhou, mesmo ausente. Outro usou o nome de Deus em vão e disse que foi para igreja; um terceiro alegou baixa audiência das emissoras, que somam 88 anos de atuação (Rádio Inconfidência) e 40 anos da rede de TV. Tudo somado, desrespeito ante o primeiro debate político feito por uma emissora pública de Minas. Se a estratégia dos rivais ganhou níveis inesperados, muito provavelmente a fuga deverá ser repetida em alguns dos três próximos debates.
Judicialização do fogo
Ante a omissão generalizada, o combate ao fogo foi judicializado no país. Na terça, o ministro Flávio Dino, do STF, determinou que o governo federal apresente, em nove perguntas feitas, os planos do governo para enfrentar as queimadas em várias regiões do país. Governadores também serão chamados à responsabilidade pelo magistrado. Minas já registrou 5.673 focos de incêndio em vegetação em 2024. De nada adianta comemorar o crescimento do PIB, admitir candidatura presidencial em 2026 ou cometer desobediência civil para se sentar perto da janela bolsonarista. Com a baixa qualidade do ar e o país pegando fogo, não sabemos se haverá futuro.