A 14 dias da votação, os candidatos e candidatas à prefeitura da terceira capital do país entram naquela fase que vai do estresse ao arrancar dos cabelos. Não dá mais tempo para mudanças de rotas planejadas de última hora. As pesquisas de opinião não têm a soberania das urnas, mas impactam, positiva ou negativamente, os aliados e seguidores dos candidatos.

 



 

Se as pesquisas estão apontando as tendências, já sabemos quais candidatos têm chances de ir ao segundo turno. O estresse envolve os primeiros colocados e o desespero perturba os que perderam a competitividade.

 

 

O líder das pesquisas (Datafolha 7919/24 e Quaest 7539/24) Mauro Tramonte (Republicanos) deixou a zona de conforto para reagir ao avanço do prefeito e candidato à reeleição, Fuad Noman (PSD). Outros seguiram a reação e conseguiram barrar o crescimento de Fuad. O concorrente direto Bruno Engler (PL) foi um deles, mas seu voto está mais no rival Mauro Tramonte do que no prefeito. Duda Salabert (PDT), Rogério Correia (PT) e Gabriel Azevedo (MDB) vão recorrer novamente ao tom mais agressivo diante da aproximação do quarto debate entre os postulantes.

 

 

Esta será uma semana cega diante da ausência de pesquisas mais independentes para orientar o quadro político. Os candidatos terão que confiar nas sondagens que fazem, que costumam vir contaminadas pelo excesso de boa vontade.

 

Desorientação petista

O fraco desempenho eleitoral (Datafolha 7919/24) levou o candidato a prefeito do PT, Rogério Correia, a desencadear uma série de ações judiciais (três em dois dias) contra jornais de BH. Por meio delas, quer proibir e censurar os jornais que divulgam fatos que apontem manifestações de dissidência e do chamado voto útil de aliados partidários. O objetivo é não ser cristianizado na disputa municipal.

 

Além de cobrar multas pesadas e pedir direito de resposta, o petista ainda contraria princípios constitucionais da liberdade de imprensa que dizia defender. Quer, agora, obrigar os jornais, que apenas veiculam as notícias de seus profissionais, controlem antes as matérias jornalísticas numa espécie de censura prévia. A desorientação da campanha é tamanha que contratou um caro escritório que atua em Brasília e São Paulo, que, no amadorismo da representação, chegou a colocar a comarca de Belo Horizonte no estado de São Paulo. Seria mais econômico e saudável ao princípio democrático se ouvisse sua assessoria de imprensa, para enviar às redações nota contestando o noticiário e apresentando sua versão. No estado de direito, é simples assim.

 

Lambança: Zema sai menor

Neófito no mundo da política, o governador Romeu Zema (Novo) tem metido os pés pelas mãos no interior mineiro. Mesmo sem a orientação de sua coordenação política, o governador virou cabo eleitoral ambulante. Ele manifesta apoio e grava depoimentos para candidatos de seus aliados que disputam a eleição com candidatos de outros aliados. Pode ganhar a eleição, mas corre o risco de perder o apoio de aliados na Assembleia Legislativa. Um deles, enviou mensagem ao líder de governo, João Magalhães (MDB), e ao secretário de Governo, Gustavo Valadares (PMN), pedindo para que deixassem o cargo. Não teve resposta, claro. Zema tem apenas 30 dos 77 votos na Assembleia. Poderá sair menor do que entrou na eleição.

 

TJMG: 1ª desembargadora

Demorou nove meses de 2024, mas o TJMG fez história ao escolher, na quarta (18/9), a 1ª desembargadora a partir de lista exclusivamente feminina de candidatas. A definição da nova desembargadora segue decisão de 2023 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que visa promover a paridade de gênero nos tribunais. Numa lista de 20 candidatas, foi promovida a juíza Ivone Campos Guilarducci Cerqueira.

 

Na mesma sessão, o presidente do TJMG, desembargador Luiz Carlos de Azevedo Corrêa Junior, anunciou outro passo do Judiciário mineiro para promover a equidade de gênero em seus quadros, com a publicação da Portaria 6.865/2024, que dispõe sobre a participação equânime de homens e mulheres na composição de comissões, comitês e colegiados de livre indicação no tribunal.
“Caminhamos para alcançar um órgão de 2º grau que contemple o mesmo número de homens e mulheres tanto quanto for possível”, disse Corrêa Junior ao discursar no Congresso da Magistratura Mineira, realizado pela Associação dos Magistrados Mineiros (Amagis) na quinta (19/9).

 

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Adeus a um combativo

Foi velado ontem, na Assembleia Legislativa, o corpo do ex-deputado federal Genival Tourinho. Uma voz corajosa, vibrante e combativa contra a ditadura e a favor dos direitos humanos. Autor do livro histórico e autobiográfico “Baioneta falada, baioneta calada”, ele dizia que a baioneta falada era a responsável pela repressão, tortura e morte. Nas várias denúncias que fez, apontou a Operação Cristal, que foi marcada por uma série de atentados dos “maus militares” para incriminar a esquerda e recrudescer a ditadura militar.

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