Apostar em pesquisas, confiáveis ou não, pode trazer riscos a quem não é mais dado o direito de errar nos 14 dias da contagem regressiva para a segunda votação (27/10). As oportunidades estão aí: sai um Datafolha ali, um Paraná aqui, além de outras quatro até a próxima quarta (16).
Os números desencontrados acabam gerando confusão na cabeça do eleitor e da eleitora, como aconteceu na reta final do 1º turno. Seja como for, há um consenso nos indicadores na atual fase da disputa em BH. Com um viés para cá. outro pra lá, estamos diante de um empate técnico entre os finalistas Bruno Engler (PL) e Fuad Noman (PSD).
Após a frente de oito pontos percentuais que emergiram das urnas a favor de Engler, no domingo passado, três dias depois, o rival Fuad encostou. O único movimento que justificou o crescimento do candidato à reeleição foi a adesão sem hesitação dos partidos de esquerda. As manifestações foram feitas pelos candidatos Rogério Correia (PT), Duda Salabert (PDT) e Bella Gonçalves (PSOL) e os respectivos partidos.
Dos novos aliados, quem mais turbinou Fuad foi o eleitorado de Duda Salabert, seguido daqueles que votaram em Rogério Correia/Bella. Depois, vêm os de Gabriel Azevedo (MDB) e Mauro Tramonte (Republicanos), que, espontaneamente, se dividem entre os dois concorrentes. O partido de Tramonte ainda não oficializou a posição, mas está conversando.
Da parte de Engler, os partidos mais próximos de seu campo, por razões diversas, o Republicanos de Tramonte e o MDB de Gabriel não se manifestaram ainda.
Gabriel está no 3º turno
O ex-candidato a prefeito pelo MDB teve um desempenho que confundiu e surpreendeu os pesquisadores, mas ainda não apontou novos rumos nessa fase. A essa altura, seu eleitorado pode ter tomado a própria decisão sem aguardar o indicativo da liderança. De todos os disputantes, à exceção de Engler, Gabriel não ligou a Fuad Noman, com quem mais brigou no 1º turno, para as saudações de praxe.
Pode ter implodido as pontes com ele, mas está avaliando as condições com as quais poderá se manifestar. Na sexta, divulgou vídeo recomendando que façam como ele e saiam da bolha, afirmando que, ao contrário de muitos, pratica o diálogo com todos, mas agora já não é mais candidato nem dá para brigar com os eleitores.
Controvérsia nos números
Em um ponto, os candidatos finalistas estão de acordo. Um vai à Justiça contra a resistência de instituto de pesquisa em repassar a quem solicita acesso à sua metodologia e dados. O outro considera as pesquisas “um caso de polícia” por conta da disparidade nos placares de uns perante o de outros, ou ainda, pela desconfiança de “venda” de resultados.
Pesquisa vira caso de polícia
Por determinação judicial, a Polícia Federal vai abrir inquérito para investigar possível crime eleitoral por parte do instituto de pesquisa Atlas Intel. No mesmo despacho, do dia 9 passado, o juiz eleitoral Adriano Zocche negou o pedido de cancelamento do registro da pesquisa e de multa ao instituto, que teria se negado a fornecer dados de sua pesquisa eleitoral. A ação foi movida pela coligação de Fuad, que desconfia do uso político dos resultados, baseado em divergências apresentadas no 1º turno da eleição municipal.
Diante do descumprimento de determinação judicial (ID. 127639060 e ID.127773023), requereu o cancelamento do registro da pesquisa 06581/2024, com aplicação da multa e remessa de cópia dos autos ao Ministério Público do Eleitoral (MPE) para instauração de inquérito e apuração de crime eleitoral. De sua parte, o promotor Celso Penna Fernandes Júnior, do MPE, acatou e o juiz deferiu.
Fuad fica mais fujão
No primeiro turno, Fuad participou apenas de 50% dos debates, agora, no segundo turno, vai somente a 30%. No de hoje, que reafirma a tradição da Band em abrir os debates, o candidato do PSD não deverá ir. Com isso, pelas regras, o debate vai virar entrevista exclusiva com Bruno Engler. A situação deverá se repetir nas TVs Alterosa e Record, a não ser, é claro, que o desempenho de Fuad nas pesquisas seja de advertência. Antes de recusar, o prefeito chegou a defender a realização de um pool de emissoras para realizar só dois debates. A proposta veio fora de hora e foi prontamente rejeitada, especialmente pelo rival.
Lições de Marília
Autora de feito histórico, ao conquistar o quarto mandato de prefeita de Contagem (Grande BH), a petista Marília Campos apresentou a receita da recuperação de seu partido e ainda dá dicas ao presidente Lula. O segredo, segundo ela, é o diálogo. Antes mesmo de Lula lançar a frente ampla, ela já tinha uma aliança de 14 partidos de vários espectros políticos em sua base de apoio. Em sua campanha, deixou o bolsonarismo na página virada e focou apenas nos problemas locais. A Lula e seus ministros, recomendou mais diálogo. “As pessoas precisam se sentir envolvidas nas decisões e nos projetos!”, pontuou a prefeita durante entrevista ao Estado de Minas.