O primeiro turno havia deixado uma lição e advertência: quem bateu, perdeu. Esse foi o principal erro do candidato perdedor Bruno Engler (PL) ao trocar o estilo moderado do primeiro turno e partir para o ataque no segundo. A mudança foi até motivo de racha de sua equipe de campanha. Ouviu mais os jovens do que os veteranos.

 

 

Na prática, ao atacar, Engler não baixava sua rejeição, ao contrário; quando conseguiu algum feito, foi mandar os votos para a descrença dos nulos e brancos. O livro “Cobiça”, assinado por Fuad, não foi um achado, mas uma sentença de morte para o candidato do PL. Por meio dele, tentou associar o rival à perversão.

 

Próprio do estilo bolsonarista, Engler sentiu-se mais em casa ao partir para o ataque. Não ganhou votos, mas tirou uns quatro pontos de Fuad nessa reta final, lançando-os ao percentual dos votos inválidos. O bolsonarismo pode levar um candidato ao segundo turno, pelos 30% que detém, mas não pode progredir no crescimento se o candidato não busca vida própria.


 

Falando do vitorioso, Fuad Noman teve várias vitórias numa só campanha. Antes mesmo de abri-la, o primeiro adversário que apareceu foi um câncer, que vem sendo vencido na estratégia científica do tratamento. Depois, foi superando, pouco a pouco, a dificuldade cobrada pela inexperiência eleitoral. Por conta disso, foi um candidato humilde e disciplinado, que jogou todas as suas fichas na comunicação da campanha, para associar uma gestão aprovada ao seu próprio nome, ao candidato dela.

 

O vitorioso não negou a doença e a inexperiência. Por isso, seguiu a recomendação da ciência, a da cura e a da comunicação política, até mesmo no momento mais difícil quando estava sendo atacado. Quanto mais o adversário radicalizava, sua campanha era adocicada e sem entrar no jogo. Segundo ele, após a votação, foi atacado pelo que chamou de “radicalismo e delinquência da outra campanha”. Foi o único momento que revidou em desabafo.

 


Marqueteiro vira coordenador

 

O especialista em marketing político, Paulo Vasconcelos, cresceu nessa campanha. Virou também coordenador-geral, diante, talvez, do principal desafio do candidato Fuad para ser desconhecido. Ao identificar os desacertos da campanha, Vasconcelos consolidou a confiança junto a Fuad e tornou-se, além de coordenador-geral, o principal conselheiro.

 


Kalil fica sem rumo

 

Encerradas as eleições municipais, os pretendentes começam a se preparar para a sucessão estadual de 2026, para governador e outros cargos. Entre feridas e cicatrizes, cada um deles avaliam perdas e ganhos. O mais afetado, de longe, foi o ex-prefeito Alexandre Kalil (sem partido), que fez uma aposta errada. Trocou o PSD pelo partido Republicanos, trocou o prefeito reeleito, que era seu vice, por um candidato que fracassou depois de liderar toda a campanha. Ficou em 3º lugar. E agora, como será o futuro de Kalil? É uma situação parecida com quem teria brigado com o rival Cruzeiro e o time do coração, Atlético. É odiado pela direita e, nessa eleição, traiu a esquerda.

 




Tramonte segue indefinido

 

O candidato que liderou as pesquisas na maior parte da campanha, Mauro Tramonte (Republicanos), não declarou apoio nem revelou seu voto. Disse que não votou branco nem nulo, “mas não vou contar”.

 
Reeleição corrige falha judicial


A reeleição da prefeita Elisa Araújo (PSD), neste domingo, em Uberaba (Triângulo Mineiro), corrigiu um flagrante erro judicial e da legislação. Elisa obteve 46,36% da votação no primeiro turno, contra 28,09% do concorrente Tony Carlos (MDB) e 12,90% do terceiro disputante, Anderson Adauto (PV). O imbróglio se deu com a provável impugnação dos votos obtidos por Anderson Adauto, que está sub judice por possível inelegibilidade. Se confirmada a inelegibilidade de Adauto, Elisa Araújo teria sido eleita já na primeira votação. Por conta da demora dessa avaliação judicial, a disputa foi para o segundo turno. O risco aí seria uma eventual vitória de Tony, que poderia provocar uma guerra judicial sobre o/a real eleito/a. De acordo com o presidente estadual do PSD, Cassio Soares, o partido trabalhou com duas frentes, a eleitoral e a judicial. “Se não ganhássemos no voto, abriríamos uma batalha judicial”.

 

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Votação obscena em Viçosa

 

Sob o pretexto de votar projeto que proibia financiamento público de evento que promoveria a sexualização de crianças, os vereadores de Viçosa, Zona da Mata, cometeram obscenidade. Em reunião secreta, que deveria ser pública, eles aprovaram aumento salarial de 50% para seus ganhos, do prefeito e do secretariado. Uma farra com o dinheiro público. Nada contra o reajuste e os salários de R$ 12 mil dos vereadores, mas com a forma pela qual aprovaram, sem transparência e goela abaixo dos viçosenses. A decisão é fruto de acordão que, além do Legislativo, envolveu o prefeito e a OAB local. O Judiciário, por sua vez, fez o seu papel de guardião da legalidade ao barrar o abuso legislativo e antirregimental. A primeira derrota deles, da falta de transparência, já foi decretada com a exposição pública e repercussão negativa do malfeito.

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