Causou perplexidade, e ainda repercute, o assassinato de um doublé de empresário e criminoso no maior aeroporto do país, em São Paulo, sete dias atrás. Ele estava envolvido com o crime organizado, com fortes ligações com o Primeiro Comando da Capital, o temido e poderoso PCC. As investigações avançavam antes do ataque por meio de delação premiada do empresário alvo de queima de arquivo, mas, agora, esbarraram no envolvimento de agentes públicos.

 

O governador paulista, Tarcísio de Freitas (Republicanos), a exemplo de antecessores, mantém o negacionismo ante a existência do PCC, a não ser quando eleitoralmente lhe convém. No dia da votação do 2º turno, na capital paulista, ele chegou a vincular o PCC ao candidato rival a prefeito, Guilherme Boulos (PSOL). Como fez a denúncia sem provas, há fortes suspeitas de crime eleitoral, que, hoje, deixa desafiada a Justiça Eleitoral.

 

 

Queridinho do bolsonarismo para ser presidenciável, dessa vez, Tarcísio se calou. Sem saber o que fazer, quis transferir o problema para o governo federal, via Polícia Federal. Por sua vez, o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, descartou a federalização, admitindo parceria da PF com a Polícia Civil paulista. Ainda chamou a parceria de “uma convergência no futuro”.

 




Na mesma reação, o ministro defendeu a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para a Segurança Pública, para combater as organizações criminosas no país. Além do negacionismo e das trombadas, a gravidade da ocorrência expôs, ao mesmo tempo, uma realidade incontestável. O PCC está infiltrado nas Polícias Militar e Civil de São Paulo e outros órgãos públicos, além da iniciativa privada, como as empresas de ônibus, conexão da qual emergiu o empresário assassinado.


Apesar das boas intenções do governo federal em mudar a Constituição para organizar o combate integrado, a medida não resolve diante da urgência da demanda. Independentemente da visão ideológica, o combate requer articulação nacional do governo federal, estados e municípios. Não adianta também transferir o problema ou reclamar um do outro.

 

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De acordo com o professor e coordenador do Centro de Estudos e Pesquisas em Segurança Pública da PUC Minas, Luís Sapori, o país deveria instalar um comitê gestor do sistema de segurança. “De imediato. Não precisa esperar mudança da Constituição para que o ministro e o presidente criem, por decreto, o comitê. Essa instância deveria funcionar igual ao SUS, com os governos federal, estadual e municipal trocando informações e definindo como usar o fundo de segurança. E mais, criando as forças-tarefas de enfrentamento ao crime organizado”, advertiu.


O coordenador do Núcleo de Estudos Sociopolíticos da PUC Minas, Robson Sávio, também alertou que, se não houver uma articulação nacional, a política ficará refém do crime organizado. “O crime organizado é nacional e transnacional”, observou.

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