Numa reviravolta típica da política tradicional, o vice-governador Mateus Simões (Novo) está acertando sua transferência para o PSD a convite do presidente nacional Gilberto Kassab. A intenção de Simões é ganhar competitividade, com estrutura partidária e fundo eleitoral robusto, para viabilizar sua candidatura a governador em 2026.

 

As conversas estão bem adiantadas e envolvem também a direção do partido Novo. Ainda não está claro se as lideranças do Novo e o próprio governador Romeu Zema farão o mesmo movimento. Se não for pela filiação, irão pelo menos por coligação.

 

O PSD de Kassab virou uma espécie de refúgio contra a polarização política e ideológica que pauta as disputas eleitorais, além do pragmatismo na busca pelo poder. É um partido sem identidade política. Tem três ministérios no governo Lula (PT) e uma secretaria no governo paulista do bolsonarista Tarcísio de Freitas (Republicanos), ocupado pelo próprio Kassab. Ele ainda atua como conselheiro do governador.

 



Simões, Zema e seu grupo político são de oposição ao governo Lula e assim têm atuado, mas estão determinados a mudar a rota de suas estratégias eleitorais. Zema deverá deixar o cargo em 2026, até mesmo antes do prazo de desincompatibilização (início de abril) para que Simões se fortaleça no cargo antes de tentar a eleição. Tudo indica que Zema irá disputar o Senado.

 

Zema rifa o marqueteiro

Uma das mudanças feitas após o diagnóstico das pesquisas foi a mudança no marketing político. Zema dispensou o marqueteiro Leandro Grôppo e está no mercado à procura de outro, ainda sem sucesso. A avaliação do Novo é de que a eleição de Zema, em 2018, foi favorecida pela Lava Jato e que a reeleição, em 2022, se beneficiou da falta de oposição. Desta vez, a luz amarela foi acesa com a reeleição de Fuad Noman à Prefeitura de Belo Horizonte e a derrota do candidato apoiado por eles, Mauro Tramonte (Republicanos).

 

Novo dispensa o passado

Após pesquisas feitas, os líderes do Novo chegaram à conclusão que os fundamentos do partido perderam o sentido. Ao contrário do estatuto e do discurso originais, querem usar o dinheiro público e financiar as campanhas eleitorais, fazer alianças partidárias e ter mais tempo de TV e rádio no horário gratuito. Acreditam que, sem essas condições, não terão chances e sucesso nas urnas.

 

Pacheco e Silveira

A filiação de Mateus Simões ao PSD considera, por outro lado, que o senador e atual presidente do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco, e o ministro das Minas e Energia, Alexandre Silveira, não serão pré-candidatos ao governo. Caso Silveira tente o Senado, é provável que até mude de partido para não ficar no mesmo palanque de opositores de Lula.

 

Fisioterapia

Após o êxito no tratamento do câncer, o prefeito reeleito de Belo Horizonte, Fuad Noman (PSD), terá, pela frente, 90 dias de intensa fisioterapia.

 

Manifesto no Vale do Aço

Deverá ser assinado hoje à noite um manifesto em defesa dos empregos e investimentos feitos no Vale do Aço (Leste) pela Usiminas. A iniciativa busca sensibilizar o presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco, e o Superior Tribunal de Justiça, que sentenciou multa de R$ 5 bilhões. Na avaliação dos ministros do STJ, a Ternium não fez oferta pública de ações quando ingressou no grupo de controle da Usiminas, em 2012.

 

 

Por considerar que a decisão provoca forte insegurança jurídica no mercado de capitais, a Associação Brasileira de Comércio Exterior recorreu ao STF, questionando a constitucionalidade da medida. Da parte de Pacheco, caiu como uma bomba na região o alinhamento dele à posição de Benjamin Steinbruch, controlador da CSN, na disputa com o grupo Ternium/Usiminas. Para as lideranças da principal região industrial de Minas, a manutenção da multa irá provocar impactos negativos, como a redução de investimentos e empregos na Usiminas e na cadeia de fornecedores.

 

Vale do Aço sai na frente

No dia 24 último, a Assembleia Legislativa de Minas aprovou, em 1º turno e sem emendas, o Projeto de Lei Complementar (PLC) 50/2020, de autoria do deputado Celinho Sintrocel. A matéria dispõe sobre o Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado da Região Metropolitana do Vale do Aço. Com o apoio de 50 deputados, passará ainda pelo 2º turno e depois a sanção do governador. Será o terceiro a ser implantado no país e o primeiro em Minas.

 

A Região Metropolitana de Belo Horizonte tenta há mais de 10 anos aprovar o seu. O projeto funciona como um pacto social entre os prefeitos e define os instrumentos de planejamento capazes de reorganizar os espaços das cidades e garantir a melhoria da qualidade de vida da população.

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