Sem demérito aos cargos do Parlamento, sejam federais ou estaduais, o governador Zema, que posa de pré-candidato a presidente, poderá virar só candidato a deputado federal em 2026. O assunto está sendo discutido entre seus aliados. Ser pré-candidato a presidente para quem é governador de um estado da importância histórica e política de Minas é uma condição natural e até recomendável. Do ponto de vista do marketing, é algo assertivo, além de deixar orgulhosos os mineiros diante de eventual potencial. Infelizmente ou não, isso é coisa do passado.
Voltando à premissa inicial, de Zema ser candidato a deputado federal, seria um sinal de vida e de maturidade no planeta Novo, lançando mão de seu principal patrimônio. O fato é que, caso não tome providências como essa, o partido de Zema está fadado à falência generalizada. Não é à toa que autorizou seu segundo maior nome, o vice-governador Mateus Simões, a buscar abrigo em outra legenda, como filiação ou coligação. Por meio da mudança, poderia viabilizar financeira e eleitoralmente sua futura candidatura a governador.
O desafio posto é que o partido Novo quer ter futuro. Eleger Zema a deputado federal não seria difícil, ao contrário, poderia ser o mais bem votado do país. Esse é o ponto que interessa. Ao alcançar esse feito, Zema arrastaria consigo, além de bom desempenho, uma enxurrada de votos capaz de eleger outros e montar uma numerosa bancada federal. É disso que o partido precisa hoje para não morrer. De acordo com a regra do jogo, quem tem muitos deputados federais terá também um robusto fundo eleitoral e tempo no horário gratuito eleitoral de TV e rádio. Zema pode ajudar muito nisso.
Novo quer marqueteiros da ‘velha política’
Novo, mas sem noção, o partido de Zema vai buscando sobreviver. Resolveu fazer agora processo seletivo para escolher um marqueteiro depois que rifou o seu, Leandro Grôppo. Até a última terça, o RH do Novo sabatinou o quarto ou quinto marqueteiro para contratar um deles, tidos como vitoriosos no mercado. A banca examinadora do Novo é formada pelo ex-deputado federal Tiago Mitraud, o secretário de Comunicação, o engenheiro Bernardo Santos, e pelo próprio Zema. Mal sabem eles que os marqueteiros convidados à sabatina vêm da ‘velha política’, como eles a classificam. Agora, recorrem a eles para sobreviver. Mal sabem eles que os tais marqueteiros são sócios e parceiros nos desafios que tiveram, além de amigos que não guardam segredos.
Já foram sabatinados por eles os marqueteiros Ricardo Pereira, que elegeu, por exemplo, Sérgio Cabral no Governo do Rio de Janeiro. Paulo Vasconcelos, que projetou os tucanos Aécio Neves e Antonio Anastasia no Governo de Minas e que, no mês passado, viabilizou a reeleição do prefeito Fuad Noman (PSD) em Belo Horizonte. O terceiro, Chico Mendes, esteve na campanha vitoriosa do governador Fernando Pimentel (PT), que eles tanto odeiam. Ouviram ainda o argentino Guillermo Raffo, vitorioso de várias campanhas, entre elas a do ex-prefeito Alexandre Kalil.
Choque de poderes no Orçamento
A tramitação e a votação do orçamento do estado para 2025 estão sofrendo turbulências causadas pelo choque de poderes mineiros. Executivo, Judiciário e o Ministério Público (MP) estão se desentendendo, e a Assembleia, que dará a palavra final, não consegue votar a matéria para encerrar o ano legislativo. O Judiciário quer um percentual maior do que 8,21%; o MP defende a paridade com ele. O governador diz que quer mais para fazer mais “postos de saúde”. O impasse é o primeiro fruto do chamado projeto de teto de gastos, que a adesão de Minas ao Regime de Recuperação Fiscal impõe a estados fracos e endividados.
Desafios de Paulo no MPMG
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Nesta sexta (13), toma posse, como procurador-geral de Justiça de Minas ao próximo biênio, o promotor Paulo de Tarso Morais Filho. Ele chega quebrando paradigmas no Ministério Público de Minas por ser o 1º promotor a conquistar o feito. Mais do que fazer história, Paulinho, como é conhecido entre os colegas, terá desafio maior, que é recuperar o clima de divisão interna, agravado pela decisão de Zema. O governador deu um “cavalo de pau” na instituição ao escolher um dos três candidatos pelo voto único de seu secretário da Casa Civil, Marcelo Aro. Com isso, o governador ignorou o voto da maioria do MP (ainda que um só a mais) e o que havia combinado com o atual procurador-geral Jarbas Soares. O clima é tal que abalou até a amizade de mais de 10 anos entre o atual procurador e o sucessor.