Até minutos antes de ficar bem na foto da história ao lado do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, Zema articulou sem sucesso manter as mudanças feitas pela Câmara no Propag. Queria, por exemplo, instituir teto de gastos e alteração no percentual das despesas de servidores na Lei de Responsabilidade Fiscal. Essas e outras mudanças descaracterizavam o projeto de renegociação apresentado por Pacheco.
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Em nome de alguns governadores, o mineiro foi ao Senado para fazer essa defesa. O relator, senador Davi Alcolumbre, ignorou e restabeleceu o texto original, que, em seguida, foi aprovado por unanimidade. Na falta de mais o que fazer, Zema foi para a foto ao lado de Pacheco na hora ao anúncio da aprovação. Para uns, simbolizou capitulação ao participar do sepultamento de seus projetos de adesão ao RRF e das privatizações; para outros, seu marketing vai dizer que estava do lado certo.
De JK a Itamar e...
A memória de JK e Itamar Franco está celebrando a vitória de suas posições em defesa do patrimônio público e do papel do Estado. O primeiro fundou, como governador, há 70 anos a Cemig, depois, criou a federal Furnas Elétricas, no posto de presidente. O segundo, como governador, instituiu na Constituição Mineira um dispositivo-trava contra arroubos privatizantes de neoliberais e ultraliberais.
Setenta anos após a primeira iniciativa e 24 anos depois da outra, surgiram outros. Alguns, como Zema, querendo vender tudo; outros, como Pacheco e o presidente da Assembleia, Tadeu Leite, entraram para barrar os ataques privatizantes.
Estatais podem custar 80 bi
Os primeiros cálculos de especialistas avaliam que a federalização de empresas estatais (Cemig, Codemig e Copasa) poderá render até R$ 80 bilhões, que poderia abater até 50% da dívida de Minas junto à União, de R$ 165 bilhões. Ao contrário do mercado, que se guia por ações na bolsa, a avaliação do governo federal tem outros parâmetros de valorização.
CAMG pode ser federalizada
Além das estatais, outros ativos estaduais podem ser federalizados. Setores do governo avaliam incluir os prédios da Cidade Administrativa de Minas Gerais (CAMG), sede do governo estadual, na lista dos patrimônios a serem ofertados ao governo federal. Não será a primeira vez que a sede do governo mineiro é alvo de negociação. Construída pela gestão tucana de Aécio Neves, o ex-governador Fernando Pimentel (PT) tentou vender, mas o mercado não se interessou. Na área pública, a UFMG manifestou interesse que ainda continua de pé. Pode ser a hora.
Placar: Aro 24; Fuad, 17
A próxima disputa política vai acontecer na Câmara de BH, entre o grupo da chamada família Aro, vereadores ligados ao secretário de Zema, Marcelo Aro, e o que apoia o prefeito reeleito Fuad Noman (PSD). Pelas primeiras contas, a turma de Aro conta com 24 votos a favor da eleição do vereador Juliano Lopes (Podemos) para presidente da Casa; Fuad, teria 17 em torno da candidatura do vereador Bruno Miranda (PDT).
De Aro para Cássio Soares
“Enquanto, vocês tentavam chegar ao 2º turno, eu fazia vereadores. Enquanto vocês tentavam vencer o 2º turno, eu articulava a candidatura a presidente da Câmara”. O recado seria de Marcelo Aro a Cássio Soares, presidente estadual do PSD e articulador político de Fuad, dando a entender que está muito à frente na disputa. Ainda não há indícios de composição.
Poder e obsessão
Adepto do estilo pesado de fazer política, Marcelo Aro quer vencer várias batalhas, até mesmo as perdidas. Ele teria dito a interlocutores que não irá sossegar enquanto não destruir o ex-aliado, hoje rival, Gabriel Azevedo (MDB), atual presidente da Câmara. A obsessão de Aro vem, segundo contam, de traição de Azevedo que não teria cumprido acordo de entregar o cargo de presidente ao vice, Juliano Lopes, que é aliado de Aro.
Além dessa empreitada, dizem que o secretário de Zema estaria patrocinando a migração eleitoral do ex-deputado federal Eduardo Cunha para Minas, que seria candidato a deputado federal. Anos atrás, Cunha recebeu o título de cidadão honorário de BH dado por Aro quando foi vereador.
CDL/BH: aumento de ônibus
Preocupada com possível aumento da tarifa de ônibus, a Câmara de Dirigentes Lojistas cobrou transparência e aviso prévio à PBH em ofício enviado no dia 19 passado. De acordo com o presidente da CDL/BH, Marcelo de Souza e Silva, o aumento da tarifa de ônibus, sem planejamento, de pelo menos 30 dias, desestimula o consumo no comércio e prejudica a mobilidade urbana, especialmente aos trabalhadores que dependem do transporte público para suas atividades.
Pressão sobre Zema
Zema deve decidir hoje o que fará sobre o que estão chamando de ‘trem da alegria’ na Secretaria da Fazenda. Na semana passada, mais de 200 auditores fiscais protestaram na Cidade Administrativa para pressionar o governo. Liderados pelo Sindifisco-MG, denunciaram e cobraram do governador o veto à transposição do cargo de gestor fazendário para auditor de Finanças e Controle. Surgiu até documento fake em nome da Secretaria. Segundo o presidente do sindicato, Matias Bakir, a alteração está sendo feita sem concurso público e dando atribuições exclusivas de auditores fiscais. Patrocinador da mudança, o Sinfazfisco defende a iniciativa.