O aeroporto de Ilhéus está em reforma há um bom tempo. Ao menos duas vezes por ano passo por lá porque gosto das praias daquelas bandas. Vou especificamente a Barra Grande, onde moram um dos irmãos do meu marido e a esposa.

Aeroporto pequeno para o movimento, chama a atenção pela curta pista de pouso. Não são raras as vezes em que o piloto arranca aplausos efusivos dos passageiros admirados com a habilidade do profissional que mal encosta no chão e para a aeronave.Sala de embarque lotada, onde o ar condicionado a duras penas consegue manter a temperatura agradável. Afinal é Bahia. Cadeiras em quantidade insuficiente para abrigar todos os passageiros. Dá para entender; o espaço está em obras. O que não dá para aceitar é o comportamento das pessoas.

Enquanto malas e bolsas ocupavam cadeiras, onde jovens também se espalhavam, idosos estavam em pé. Interessante como fazemos questão de fingir que não estamos vendo o mundo à nossa frente, a capacidade de achar que nada daquilo tem relação com a gente. Tenho certeza de que se alguém dissesse em alto e bom tom:“pessoal, vamos ceder espaço aos mais velhos”, em segundos sobrariam cadeiras vazias e caras envergonhadas.



Me lembrei do que eu fazia ao subir no ônibus no Centro de BH, ao fim do dia de trabalho, em direção à PUC Coração Eucarístico, onde fiz faculdade. Me recusava a assentar, mesmo se encontrasse uma cadeira vazia, o que era raro no horário de pico. Eu sabia que logo teria que me levantar para ceder lugar a alguém mais “cansado” que eu, mesmo tendo passado o dia todo subindo e descendo escadas num eterno vai e vem, busca e leva, típico de um auxiliar administrativo.

Muitos idosos se sentem constrangidos ao verem pessoas se levantando para que eles possam se sentar. Mas não recusam fazê-lo quando encontram a cadeira vazia. Mudança de hábito não é nada fácil, principalmente quando nos falta vontade. De certa forma sabemos o que precisamos fazer.

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