Nessa época do ano, muito se fala de paz. Primeiro de janeiro, inclusive, é um dia internacional à ela dedicado. De conceito amplo, pouco se conhece sobre esse estado de espírito.
Há os que dizem que é inatingível. Pertence à esfera da felicidade. Há os que dizem que é possível conhecê-la, mesmo que por poucos e curtos momentos.
Quando estive em campo de refugiados de guerras e conflitos africanos, ouvi de uma congolesa que ela gostava de morar ali porque foi onde encontrou a paz. Demorou muito para que eu compreendesse o que ela havia me dito. Como alguém poderia viver em um lugar como aquele, onde impera a miséria absoluta, e conseguir encontrar a paz?
Em meio à fome e à desnutrição, a falta de infraestrutura básica, sem trabalho, impedida de ir e vir pelo simples motivos de ser uma forasteira, tendo como lembrança um passado de perseguição e massacre à sua família, ainda assim afirma viver em paz.
Ela alcançou harmonia apesar de todas as dificuldades e desafios para se manter viva e, não obstante, aprendeu a enfrentar os fantasmas de seu passado. Certamente experimenta muitos momentos de dor, sofre o que muitos de nós somos incapazes de imaginar, no entanto agradece o início de cada dia.
Que em 2024 possamos individual e coletivamente chegar mais perto de nos sentirmos assim. Em paz!