Estou partindo hoje a noite para Madagascar. Cerca de 12 horas de viagem de São Paulo a Addis Abeba, capital da Etiópia, onde durmo e sigo viagem na terça pela manhã. Mais seis horas de voo, chego em Antananarivo, capital de Madagascar. Até Ambovombe, onde vou me instalar no sul da ilha, serão mais duas horas de voo e quatro de carro em uma estrada de terra bem precária. Mas vale a pena. Sempre!
Essa época do ano não chove nada e o calor é grande. Desta vez vou para acompanhar a instalação das seis máquinas de costura industriais que compramos: quatro de costura reta, um overloque (para fazer acabamento) e uma galoneira (própria para produzir peças em malha). Os custos dos equipamentos são em média três vezes mais altos que no Brasil, porém é o que temos. Então vamos lá fazer o que será! Com a oficina de costura poderemos ensinar corte e costura e os nativos terão como produzir roupas para si mesmos e para vender.

É, sem dúvida, o lugar mais carente que já pisei. Lá se vive praticamente sem água. O barro que conhecemos por aqui é que mais se assemelha a água que se encontra por lá. A potável só onde há postos artesianos de águas profundas, que custam uma fortuna para serem abertos. Aprende-se a viver com pouco ou quase nada. Há aldeias onde 40% das crianças sofrem de desnutrição severa, um tipo de quadro que acreditávamos fazer parte dos séculos passados.

O que me faz ir para lá? Sair de nossa zona de conforto é desafiador, mas nunca desesperador. Vou com grupos de pessoas que têm em comum uma série de intenções e competências, todas voltadas para a ajuda humanitária. Há anos viajo para pontos vulneráveis no continente africano e também no Brasil onde a Fraternidade Sem Fronteiras atua não apenas levando socorro emergencial, mas principalmente implantando programas a longo prazo.

Nos instalamos em alojamentos apropriados com toda estrutura básica necessária e ao nos depararmos com o ambiente do lado de fora, com a carência em seu estágio primário, cada um a seu tempo, aprende a refletir sobre valores. Ao tentar entender onde estas pessoas buscam sentido para suas vidas, aceitamos melhor o que se passa nas nossas.

A Fraternidade Sem Fronteiras fará um grande encontro aqui em BH, dias 12 e 13 de abril, no Cine Teatro Brasil. Voluntários de todo o Brasil e pessoas que querem conhecer e se envolver com os projetos vão se encontrar, trocar experiências, ouvir depoimentos e palestras. As inscrições estão abertas no link https://www.fraternidadesemfronteiras.org.br/evento-bh.

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