Até pouco tempo atrás, o mês de maio era consagrado aos casamentos. Seus dias eram disputados nas igrejas católicas por casais de noivos que chegavam a marcar a data da cerimônia com anos de antecedência, em função da disponibilidade da paróquia desejada.


As novas gerações trouxeram novos hábitos incluindo o de não se casar oficialmente, de papel passado e “abençoado por Deus”. São inúmeras as uniões que fazem da festa a celebração principal e, muitas vezes, a única. E a festa deixou de ser obrigação da família da noiva, passando a ser ao gosto e a custo do próprio casal. Melhor assim, sem dúvida.


Quem convida são os noivos e não mais seus pais que, por sua vez, participam pouco; quando muito, dão pitaco em coisas sem grande importância. São também convidados. Foi-se o tempo em que os noivos não conheciam de fato muitos dos que enfrentavam fila para cumprimentá-los.


Recentemente, um conhecido confessou que acreditava um dia conduzir a filha ao altar, mas foi surpreendido ao ser comunicado que ela entraria sozinha. Apesar de reconhecer todo o valor da família em sua história de vida, ela explicou que ser entregue pelo pai ao noivo no altar soava mais como um dominador entregando a dominada a seu substituto. “Que assim não seja então”, disse o pai conformado e resignado.


Em contrapartida, ela o surpreendeu surgindo diante dos convidados ao som da música preferida ao pai “Amor de índio”, na voz de Beto Guedes. Estamos aprendendo a valorizar pequenos atos e a compreender o que existe além das convenções sociais que durante muito tempo nos reduziram e aprisionaram.

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