Faixa de pedestre -  (crédito: Pixabay)

Faixa de pedestre

crédito: Pixabay

 

Não é fácil perceber o que se desenrola em nosso entorno. O corre-corre cotidiano nos concentra em questões que nos impedem de enxergar o que se desenrola ao lado. Somos bombardeados com vídeos mostrando pessoas na rua apressadas que não percebem outras precisando de ajuda, muitas vezes coisas simples como carregar o carrinho de bebê ou dar a mão a quem tem medo de descer escada rolante. Julgamos todas como desalmadas e egoístas. O que custava parar para auxiliar aquele cego que esperava calmamente diante da faixa de pedestre?


Insistimos em acreditar que nunca cometeríamos esse erro. Eu jamais faria isso, dizemos porque não nos lembramos de uma única vez em que vimos um cego e gentilmente não oferecemos a ele o braço. Porém, me pergunto quantas devem ter sido as vezes em que passei por um cego e não o enxerguei.
Fiz algumas viagens recentemente e, enquanto aguardava a hora dos embarques, fiquei observando o comportamento das pessoas. Até que precisei de ajuda e demorou para que alguém percebesse o quanto eu estava perdida. Como é bom uma pessoa se aproximar e perguntar se está tudo bem, se tem algo que possa fazer por nós!


Em uma dessas viagens, fiz uma confusão enorme com o horário do embarque e acabei chegando em cima da hora. Correr não seria o problema, desde que eu não estivesse carregando duas malas pesadas, sendo uma delas sem rodinhas. Não dava tempo sequer de procurar um carregador e na rodoviária não tem carrinho. Depois de arrastar as malas por alguns metros, chegou um rapaz ao meu lado e ofereceu ajuda.


A julgar pela aparência, ele me pareceu um homem que vivia nas ruas. Vi ali um anjo da guarda e só o ouvi dizer sorrindo: dona, que mala pesada! Ele chegou comigo até o elevador e se despediu. Só deu tempo de desejá-lo a mesma sorte que tive, ser vista por alguém num momento de aperto. Ele sorriu mais uma vez e me disse que isso sempre acontece na vida dele. Certamente acontece, pensei.
O universo conspira a favor não apenas dos bons, mas principalmente daqueles que conseguem perceber que a vida oferece oportunidades de agir muito além do que podemos ver e desejar, assim como nos oferece ajuda além da que podemos imaginar.