Patrícia Espírito Santo
Patrícia Espírito Santo
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Ponta de areia

"Desmascarado pela irmã no outro dia, o menino negou ter percebido o engano"

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Uma pequena mentira aqui, outra ali. É assim que José, uma criança de oito anos, passa seus dias na tentativa de se sair bem sempre que fica encurralado pelas suas próprias tramoias. Uma em especial se referia a um fato ocorrido no último dia de aula, em dezembro. Como vai mudar de escola, quis guardar uma lembrança dos antigos colegas.


Naquele dia, eles combinaram de levar uma camiseta do uniforme para todos assinarem e assim eternizarem suas marcas. Um hábito antigo que, como ocorre com muitos outros objetos, ficam um tempo guardados até que ganham o lixo ou o desprezo, o que não retira a importância da intenção. As aventuras do grupo ficam registradas na memória e salvas em nossas histórias de vida. Isso, sim, nos parece eterno.


O menino, querendo resguardar o que de fato era seu, pegou uma camiseta que pertencia à irmã mais velha e maior que ele. O modelo de uma e de outra eram diferentes, mas aquela haveria de servir. Afinal, não era uma blusa para ser vestida. Era para ser descartada.


Desmascarado pela irmã no outro dia, o menino negou ter percebido o engano, por mais que houvesse provas irrefutáveis comprovando o contrário. Nada importava não encontrar argumentos suficientes para serem usados em sua defesa. Pegou sem querer e ponto final.


A própria mãe confessou que, sempre que se vê em apuros, o filho cria uma história, não assume seus atos e o faz acompanhado de muito choro. A continuar usando este artifício, dificilmente se tornará o tipo de adulto que assume as responsabilidades do que faz e, prevendo as consequências daquilo que considera inadequado, fará melhores escolhas.


Quem de nós não conhece pessoas habituadas a mentir de tal maneira que a realidade simplesmente não tem entrada em suas histórias, até mesmo as que não exigem maiores explicações?
Isso me fez lembrar de duas crianças que vi brincando de areia na praia. Uma delas ia ao mar buscar água para encher o tanque que estava perfurando. Trabalho de enxugar gelo, certamente, mas parecia divertido. Com preguiça de também buscar água, a outra pegou o balde já cheio e verteu o líquido na sua porção de areia. Foi quando olhou para mim e, se sentindo culpada, se explicou. Depois eu peço desculpa. Simples assim e ponto final.

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