Tenho insistido bastante em mostrar o que nosso país deve fazer para andar mais e melhor na seara macroeconômica. Posso enviar alguns gráficos bastante ilustrativos dessa colocação a quem solicitar a raulvelloso45@gmail.com, com vistas a deixar esse ponto cada vez mais claro na mente das pessoas.


Quatro desses gráficos se inserem em um estudo com alto rigor científico de autoria de César Calderón e Luis Servén, de 2010, patrocinado pelo Banco Mundial, e que se intitula “Infrastructure in Latin America, The World Bank, May 2010”. Conforme a experiência recente da quase totalidade dos países existentes no mundo de hoje, demonstrou-se que: 1) quanto maior o estoque de infraestrutura, maior o crescimento do PIB per capita. 2) quanto mais alta a qualidade da infraestrutura, idem. 3) quanto maior o estoque de infraestrutura, menor a desigualdade de renda. E 4) quanto maior a qualidade de infraestrutura, idem.


Já entre os gráficos específicos com dados apenas do nosso país, pelo primeiro a destacar demonstra-se que, com base em dados do período 1980-2022, é muito alta a correlação entre as variáveis taxa de investimento público e taxa de crescimento do PIB. Ou seja, quanto maior a primeira, bem mais elevada se mostra a segunda. E o segundo gráfico específico com dados daqui, e por ordem de importância, mostra que, enquanto o investimento público desabava, o privado se mostrava completamente estagnado. Ou seja, tudo indica que a substituição do público pelo privado praticamente não tem existido.


Vejam como o investimento total em infraestrutura tem desabado em nosso país. Medido em % do PIB, ele caiu nada menos do que 69,6% entre o final dos anos 1980 (quando chegara a atingir 5,6% do PIB), e o ano de 2022 (quando desabara para 1,7% do PIB). Enquanto isso, o investimento privado em infraestrutura apenas oscilava levemente em torno da média de modestos 1,1% do PIB do início dos anos 80 até 2022. Assim, não seria de estranhar que ocorresse o que acabou acontecendo por aqui: sem investir naquele que é o segmento crucial que explica mais que os demais a evolução do PIB, o país passou a crescer muito pouco.

 




Mais recentemente, passei a colocar bastante ênfase em dois temas fortemente relacionados com as colocações que acabo de trazer. Trata-se, principalmente, do problema previdenciário, que tem causado muito estrago entre nós. O ponto central é que quanto mais cresce esse tipo de gasto, e ele tem crescido muito por aqui, mais rígido (pelo tema em si, muito difícil de administrar) e menor se torna o espaço orçamentário para os países dedicarem a finalidades destacadamente importantes, como a que acabo de salientar, e que se refere, nada mais e nada menos, à necessidade de se expandirem os investimentos em infraestrutura.

 


Antes de concluir, devo jogar ênfase em outros temas bastante delicados, e, junto com previdência, igualmente críticos no momento, em torno dos quais já começa a haver muito ruído nas barulhentas discussões no seio dos mercados financeiros. Isso tem a ver com o programa assistencial conhecido como BPC, o que, ao que tudo indica, tanto nesse como no caso do auxílio-doença, o problema central é uma enorme, e obviamente injustificável, incidência de fraudes, que impedem que os recursos sejam direcionados a finalidades mais justas e mais condizentes com a expansão do emprego em nosso país. Por que os nossos governantes não fazem algo mais para mudar esse quadro inaceitável?

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