Estamos todos, toda a humanidade, diante da iminência da Terra não suportar nossa demanda. Temos sido avisados desde o século passado sobre o perigo de um futuro de escassez devido à extração predatória e à mercantilização dos recursos naturais e de tudo que nos provê e sustenta.

 

A natureza é nossa fonte de sobrevivência. O curioso é que, apesar de ser evidente e um fato inegável, não se vê coerência nas atitudes. Por que os homens se comportam como se não entendessem o óbvio e não se importassem com nada além de seu gozo imediato, sem o devido respeito pelo prato que comem?

 



 

Com a perda de grãos e gado e de toda produção que trará carestia e mais miséria, se Lula prometeu picanha, que não apareceu ainda, agora vai faltar arroz e feijão. Uma catástrofe causada pelo desequilíbrio ecológico que faz parte hoje da nossa realidade e é resultado do negacionismo. É como se todos os alertas fossem escutados por pessoas anestesiadas, a ficha não cai. Ou para quem não se importa se não houver amanhã.

 
A natureza está clamando por socorro inutilmente e sua resposta é justa pois retorna com a mesma violência com que é atacada e destruída pelas mãos humanas. O homem insensato não mede as consequências de seus atos. Não se pensa em melhorar o futuro da vida.

 


O mais grave é que parte dos nossos congressistas insiste em pensar somente no curto prazo, fechando os olhos e ouvidos para as previsões e o trabalho dos cientistas. Apesar deste drama, defendem a flexibilização das leis que limitam o desmatamento, a proteção das reservas, campos naturais, solo e florestas, aprovando antiambientalistas. Por favor, senhores congressistas, não passem a boiada...

 
O que acontece no Rio Grande do Sul nos deixa tristes e dói demais, mas é parte de uma tragédia anunciada que chega violenta como se não fosse esperada. O desequilíbrio é o resultado das ações do homem, priorizando agronegócio e pecuaristas, sem guardar reservas necessárias. E o mesmo pode acontecer em qualquer lugar, a qualquer hora.

 
É como disse Ailton Krenak, indígena, ambientalista, filósofo, escritor que ocupa assento na Academia Brasileira de Letras, em seu livro “Ideias para adiar o fim do mundo” sobre a destruição dos rios, das montanhas, das matas por dinheiro, nos alertando que dinheiro não se come. E diz ainda que a natureza é nossa mãe, nosso pai, nossa avó, enfim, é nossa família que matamos.

 


Sebastião Salgado, fotógrafo brasileiro, recuperou a mata original de suas terras em Aimorés, no Sul de Minas, e é um exemplo de como é possível proteger e restaurar a saúde ambiental, mas parece que muito poucos percebem a importância de seu ato salvador.

 
Esta é a atitude necessária para mudar o mundo. Moderar ambições, excessos e acumulação, ilusão de gozo pleno, maturidade, lucidez e respeito pela vida. Vivemos hoje o que encomendamos há mais de cem anos, e pode piorar muito , exterminando o homem e o mundo.

 
Diante desta trágica e gigantesca ameaça contra a vida do homem, lembremos do que Freud disse sobre o desamparo do homem motivado por sua vulnerabilidade diante das incontroláveis e poderosas forças da natureza, que podem se voltar contra ele, aniquilando a vida, dos ataques dos outros homens violentos e dos seres invisíveis que também são perigos que enfrentamos como bactérias, vírus, etc. Acredito que temos motivos para temer o fim do mundo.

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