Vivemos momentos difíceis, em que tudo se restringe a interesses de poucos com o sacrifício de muitos. Nem sei se algum dia foi diferente. As grandes fortunas quase sempre são e foram construídas com a exploração do pobre, do escravo, do proletariado.

 




A direção em que caminham os acontecimentos sociais e políticos preocupa, basta olhar as ruas se transformando progressivamente em moradia de sem-teto dormindo ao relento em molambos imundos nos passeios por onde andamos e moramos. Em nossas portas, no centro da cidade, aos milhares, nos becos e degraus de lojas, se multiplicando.

 


A violência urbana está espalhada por toda cidade. A cada vez que se relata um assalto ou roubo, o eco é imediato, nos outros, o mesmo problema. Não há segurança nas ruas, as rondas acionadas nunca chegam a tempo de pegar em ato o marginal.

 


É impressionante como a política caminha distante do que deseja o cidadão. São mundos diferentes, paralelas que não se encontram, senão no infinito. Em tempo real, raramente se cruzam.

 


Tivemos várias reações populares em Belo Horizonte ultimamente. Me agrada o povo se manifestando democraticamente, isto é bom. Tivemos uma forte mobilização popular contra a mineração na Serra do Curral. A mineradora responsável por fazer a recuperação da área, até alguns dias atrás, continuava retirando minério ilegalmente, de madrugada.

 


Tentativa de fazer da Sala Minas Gerais, da Filarmônica, um espaço multiuso desencadeou uma série de protestos, como o do ex-maestro associado da orquestra Marco Arakaki: "Qualquer tentativa de desmonte será uma das maiores máculas que uma gestão pública poderia levar”. E "Incrível como no Brasil quem mais produz e trabalha em alto nível é sempre o mais constantemente ameaçado pelos 'homens públicos' que falam em 'eficiência' sem ter a mínima noção de como se produz uma grande temporada sinfônica", destacou o compositor e pianista André Mehmari.

 


O Parque Nacional (Parna) da Serra do Gandarela, criado em 13 de outubro de 2014, importante área de conservação ambiental no coração do Quadrilátero Ferrífero, é ameaçado por um plano do governo, de um anel rodoviário, e cobiçado pela mineração.

 


A supressão de 63 árvores, incluindo ipês amarelos, pela prefeitura, para dar lugar a uma pista de stock-car na Pampulha, em frente à UFMG. Apesar dos protestos, continua, e a corrida será em agosto.

 


O aumento humilhante do funcionalismo estadual, que gerou revolta e, mesmo aumentada, continuou miserável, mediante 40% de defasagem.

 


E não esqueçamos em nível federal a PEC 03, que pretende tirar o litoral da Marinha, com interesse de privatizá-lo, o que já fizeram parcialmente no Sul da Bahia, com hotelões fechando o acesso de turistas às praias, cobrando diárias na entrada. Um absurdo tirar do povo a mais democrática atividade do país, a praia, aberta para todos e onde todos somos iguais.

 


Enfim, as matérias votadas pelo poder público nem sempre andam em consonância com a vontade do povo ou pelo seu bem-estar, antes causam temor. A psicanálise sempre estará presente quando interesses escusos visam lucros em detrimento da vida.

 


Por estas e outras, as palavras da nova presidente do México, Claudia Sheinbaum, nos emocionam e, disse uma amiga, lavam a alma: “Me comprometo a entregar minha alma, minha vida e o melhor de mim mesma para o bem-estar do povo do México”.

 

 

 

compartilhe