Os colegas, amigos e a família de Ana Cecília Carvalho comemoram e aplaudem sua eleição para a cadeira 36 da Academia Mineira de Letras (AML), cujo patrono é Eloy Ottoni e era ocupada por Aloisio Teixeira Garcia, que morreu em maio. Eleita por unanimidade no dia 19 de agosto, é a primeira psicanalista a ser honrada e imortalizada na academia.

 

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Uma nomeação muito merecida, fruto de uma vida de trabalho e dedicação às letras, à psicanálise e, não poderia me esquecer, às habilidades culinárias! Para quem não conhece seu potencial intelectual e criativo, vale conhecer o percurso de Ana Cecília.

 

 



 


Mestre em psicologia e doutora em literatura comparada, ela é professora aposentada da UFMG desde 2009, autora de ensaios, contos e novelas que lhe renderam o Prêmio Nacional Brasília de Literatura e, por duas vezes, o Prêmio Nacional de Literatura Cidade de Belo Horizonte.

 


Autora dos livros “A poética do suicídio em Sylvia Plath” (UFMG, 2003), “Uma mulher, outra mulher” (Lê,1993), “Os mesmos e os outros: o livro do ex” (Quixote+Do, 2017), “Policarpo: o inseto desqualificado”, em parceria com Robinson Damasceno dos Reis, e “Papagaios!” (ambos infantojuvenis, Formato, 2002). Ana Cecília também passeia pela literatura infantil com “O mundo das fitinhas perdidas” (Pangeia), escrito com a neta Stella Valente, de 8 anos, entre outros títulos.

 

Em "A memória do perigo", Ana Cecília Carvalho investiga o avesso da aventura humana

 

Dentre esses outros, destaco o que me aproximou de Ana Cecília, com simpatia mútua: “O livro neurótico de receitas” (Oficina de Arte & Prosa, 2012). Deliciosa leitura que nos oferece o conforto e a cura pelo prazer de saborear receitas para diversas ocasiões.

 


Por exemplo, o Bolo reparador de bananas, a Torta melancólica de mirtilos, Pavê edipiano, Salmão narcisista, a Torta culpada de palmito. E por aí vão, até finalizar com “Cozinha terminável e interminável”.

 


Cada receita é acompanhada de boas histórias e situações tratadas com afeto e comidinha gostosa. Já preparei várias delas em meus rituais de autocura, seguindo indicações dos sugestivos títulos. Para cada afeto, uma receita. Muito divertido. Leitura leve e agradável. Ainda aposto no segundo volume!

 


Esta faceta criativa e divertida de Ana Cecília atrai amigos e admiradores, entre eles seu aluno Gilson Iannini, do qual recebeu merecida homenagem, publicada recentemente. Nas palavras do presidente da AML, Jacyntho Lins Brandão, psicanálise e literatura são, ambas, especialistas em interpretação.

 

Rogério Faria Tavares, presidente emérito da AML, anuncia com espontânea satisfação o ingresso de Ana Cecília entre os acadêmicos, ressaltando também a aproximação entre a psicanálise e as letras desde sempre, agora oficializada e endossada.


Freud dizia, no ensaio “Escritores criativos e devaneios” (1907-1908), desejar saber de onde vinha a inspiração deles, capaz de despertar emoções às quais nunca nos julgáramos capazes, as quais nem mesmo eles podem explicar.

 

A relação da criatividade com as brincadeiras infantis aproxima o escritor do homem comum, como se rememorasse o prazer extraído das fantasias que guiam o brincar e que, de fato, são desejos realizados. O escritor criativo nos proporciona satisfação, com ele usufruímos da liberação de tensões e alívio por nos deleitarmos com nossos próprios devaneios, sem autoacusações ou vergonha pelas identificações que nos são oferecidas na leitura.

 

Por isso estamos felizes em compartilhar a alegria desta homenagem e conquista realizada por “uma de nós”. Parabéns à Academia Mineira de Letras pela aquisição valiosa.

 

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