As tantas queimadas espalhadas pelo Brasil causaram uma coluna de fumaça e fuligem de Norte a Sul do país. Este acontecimento nos adverte para os impactos ambientais e as consequências nefastas para a atmosfera. O que se constata é que a devastação nunca é pontual. O que acontece aqui reflete à distância, afetando muito além do que querem crer os interessados em continuar a exploração indiscriminada por dinheiro. E poder.

 

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Insisto em que não se trata de prejuízo pontual ao planeta. O desmatamento, a exploração indiscriminada e ilegal, como o garimpo em áreas proibidas na floresta amazônica, a monocultura, a mineração destruindo um dos cartões postais de Belo Horizonte, debaixo de nossos olhos e desobedecendo as leis. Desafiam nossas autoridades, que não estão efetivamente impedindo a reincidência das ações criminosas.

 




Apesar das proibições judiciais, na calada, as atividades estão solapando a serras pelas costas onde não se vê, mas pode-se sentir pelas consequências, como, por exemplo, o calor devastador que tivemos neste ano, com poucos dias de frio, o que provavelmente tem relação com as montanhas consumidas e os buracos.

 


Elon Musk não é o único sem lei a fazer do Brasil o quintal de sua casa. E mais, me parece que algumas autoridades autorizam, ou fecham os olhos, para a mineração em locais maravilhosos como a nossa Serra da Gandarela, que já tem uma grande fatia riscada para destruição e aprovada pelo governador. Parabéns. Beagá se tornará inabitável, mas, até lá, quem deveria ganhar já ganhou, e o resto que coma o pó.

 

Já existe um movimento em defesa da Serra da Gandarela, seriamente ameaçada pelo projeto Apolo, da Vale S.A. O nome do projeto já diz: Projeto Apolo! Nome de foguete. Projeto lunático, devastador, restando um solo inabitável como o da lua.

 

O que nos impressiona é que a humanidade vai caminhando para a morte. Numa rota descendente que não nos parece fácil de impedir. É uma morte cavada pelas nossas mãos.

 


A pulsão destrutiva domina e se sobrepõe aos esforços da pulsão de vida, em defesa de valores maiores para a humanidade. E isto se vê nestes grandes projetos, nestes crimes ambientais, e até mesmo nos pequenos gestos de pessoas, a meu ver com instinto de morte absolutamente dominante.

 

Há poucos dias, assisti a um homem em um hospital, de perna engessada e muletas, atear fogo no sofá do hospital causando um incêndio onde ele mesmo estava internado! Poderia ser um psicótico, um suicida, um psicopata ou perverso? Sim, mas nunca saberemos exatamente o que determina atos de vandalismo como este.

 

Mas podemos afirmar: este homem está a serviço da pulsão de morte. E, na luta entre Eros e Tanatos, a morte é vencedora. E cada vida que se acende já conta com sua única certeza, sua chama se apagará. Um dos maiores medos do homem. E motivam as experiências científicas como clonagens, transplantes, próteses etc., que podem impedir o fim da vida ou prolongá-la.

 


Aceitar a finitude é nossa saída, pois, apesar dos esforços do homem para tornar-se um Deus, não nos parece plausível a eternidade. E mesmo que sejamos metade homens e metade máquinas, equipados com tecnologias e inteligências artificiais, isso não quer dizer que venceremos a morte. Seremos híbridos? Meio homens e meio robôs?

 

O futuro ainda é uma incógnita, mas, ao que parece, o homem continuará sua escalada para o poder absoluto na luta contra a morte. Se vamos ganhar ou perder é difícil prever, mas, ao que tudo indica, nós estamos, apesar da resistência tecnocientífica e de toda militância, assistindo aos que jogam, sobre a natureza e a vida, pás de cal.

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