Em um mundo dinâmico, onde se desenvolve uma corrida ininterrupta entre as diversas empresas pela atenção das pessoas, e pelos seus recursos financeiros, muito precisa ser feito para atingir os resultados esperados. Neste cenário torna-se crucial o desenvolvimento de táticas criativas e de inovação, que sejam capazes de criar destaque e capturar a atenção.



Uma tática que tem sido cada vez mais utilizada é o chamado 'marketing de guerrilha'. Esse termo se refere a abordagens não convencionais, muitas vezes de médio, ou baixo custo, com a finalidade de impactar consumidores de maneira inesperada e memorável. É um formato que foge ao sistema tradicional de marketing que atua normalmente com propagandas, publicidade, técnicas de vendas, ou meios digitais já utilizados. O objetivo fundamental é a interação direta com o público-alvo.



A mente humana é naturalmente atraída pelo novo, pelo surpreendente, pelo admirável. Com a tática do marketing de guerrilha busca-se aproveitar essa característica, criando experiências únicas que despertem emoções e gerem um impacto memorável.



O formato de atuação é desenvolver ações que sejam capazes de desafiar as expectativas, tirar as pessoas da monotonia do seu cotidiano, sobrepondo os meios de publicidade tradicionais em que elas já estão envolvidas.



A mente humana já é sobrecarregada de informações e está normalmente saturada de todo um processo de comunicação publicitária. O marketing de guerrilha busca cortar o ruído constante, e chamar a atenção de forma eficaz, garantindo que a marca seja assimilada claramente pelo público-alvo.



Ao compreender os mecanismos psicológicos da mente humana, as empresas podem criar campanhas de guerrilha que não apenas conquistam a atenção, mas, além disso, deixam uma marca permanente na mente dos consumidores.



O Professor Al Ries, autor dos livros Marketing de guerra, Posicionamento: A batalha pela sua mente, as 22 leis consagradas do marketing, e vários outros, preconiza que no campo de batalha do marketing, o guerrilheiro tem uma vantagem crucial que é a capacidade de superar os concorrentes com estratégias ousadas e criativas, desafiadoras do status quo.



Algumas táticas mais aplicadas de marketing de guerrilha podem ser citadas. Uma delas é a chamada Stunt de Marketing, que é uma ação ou evento de marketing de curto prazo, projetado para atrair a tenção e gerar buzz em relação a uma marca ou a um produto.



Outra tática muito utilizada é a Flash Mob que é uma reunião instantânea e organizada de pessoas em um local público para uma atividade pré-determinada, com o objetivo de chamar a atenção. Há casos até de reuniões para protestos, com o apoio de uma marca.



Há também o denominado Viral marketing que é uma forma baseada na criação de conteúdo que é compartilhado rapidamente e amplamente entre os usuários das redes sociais. Nesse contexto, há a guerrilha digital, que são táticas de marketing de guerrilha, porém, em ambientes digitais, como fóruns, Lives ou Podcasts.



Uma tática conhecida é a de Buzz Marketing, que visa gerar buzz e boca a boca, no tocante a um produto, ou serviço. São informações passadas de pessoa para pessoa, sendo o termo buzz, uma espécie de zumbido, de burburinho, contendo uma informação sobre algo que chama a atenção de um ou mais grupos.



Pratica-se também o marketing de guerrilha que chamamos de Street Marketing, que são ações que utilizam ruas, praças, parques, ou locais atraentes para se fazer campanhas de marketing de curtíssimo prazo.



É muito interessante a projeção de mensagens ou imagens em locais públicos, usando equipamentos de projeção de alta tecnologia, para envolver todos os transeuntes de uma área da cidade. Este esforço é chamado de Guerrilla Projection.



Existem ações de marketing que adotam uma abordagem agressiva e direta, normalmente provocativa, ou controversa, para chamar a atenção e gerar discussões acaloradas. Por sua vez a denominada Guerrilla Giveaways é a distribuição de brindes ou amostras grátis, de forma inesperada e muito criativa para apresentar um produto ou serviço.



No marketing de guerrilha podem ainda ser utilizadas algumas atuações, tais como o ativismo ambiental, com o cultivo de plantas em espaços abandonados (Guerrilla Gardening), bem como a produção de filmes de baixo custo, independentes, improvisados para chamar a atenção por essas características.



No segmento de varejo existem as estratégias como o pop-up stores, instalações temporárias de lojinhas, e a criação de eventos promocionais inesperados dentro dos pontos de vendas, tais como supermercados, drogarias, lojas de roupas, e outros, sempre criativos e surpreendentes.



A empresa Gol linhas aéreas, há algum tempo, criou uma campanha promocional em que os clientes eram recebidos no aeroporto com um tapete vermelho com a mensagem: “Aqui você é sempre VIP.”

 

A Havaianas, marca de chinelos, sempre surpreende, com ações como colocação de pares de sandálias em locais inesperados - postes, entrada de rodoviárias, aeroportos, ou escadarias de metrô -, convidando as pessoas a experimentarem o produto.



A Skol, marca de cerveja, colocou em algumas praias um chuveiro público em forma de lata de cerveja, para oferecer um banho especial aos frequentadores e turistas.



O McDonald, rede de fast-food americana, criou uma campanha chamada “Pay Lovin”, em que os clientes podiam pagar por seus pedidos com gestos de amor, com abraços ou amabilidades, em vez de dinheiro.



Outro exemplo interessante é a ação do Nubank, um banco digital brasileiro que distribuiu caixas de papelão que se transformavam em camas para moradores de rua. Tudo foi filmado e acabou compartilhado nas redes sociais, gerando uma positividade de imagem. Pode ser citado também o caso de marketing de guerrilha da Netflix, denominado Netflix Is A Joke, em Los Angeles, que espalhou outdoors e cartazes provocativos satirizando os programas de televisão concorrentes.



Há alguns dias, na saída da Faculdade, em Belo Horizonte, os alunos e professores foram surpreendidos por um grupo grande de jovens caracterizados, à noite, distribuindo unidades do lançamento de um produto alimentício.



Sou defensor e entusiasta do marketing de guerrilha, porque ele é caracterizado por criatividade e inovação, baixo custo, provoca o engajamento do público, tem um impacto duradouro, gera viralidade, além de criar diferenciação e melhorar o posicionamento das empresas.



O poder do marketing vai muito além das cifras e métricas. Está na habilidade de tocar as vidas das pessoas.



Reúna o seu pessoal, seja de marketing, ou não, faça um brainstorming constante e receba ideias importantes, afinal, como diz Jay Conrad Levinson: “No marketing de guerrilha, são as pequenas ideias que fazem a grande diferença.”  

compartilhe