O setor de varejo está em transformação contínua. As ferramentas tecnológicas, como o e-commerce, o omnichannel e o uso de inteligência artificial, são pilares dessa revolução. No entanto, existem forças silenciosas, mas poderosas, agindo nos bastidores que prometem mudar de vez a maneira como compramos, vendemos e nos relacionamos no varejo.

 

Durante muitos anos, o foco esteve em como os produtos poderiam ser vendidos de forma mais eficiente e em larga escala. Hoje, o que vemos é um movimento inverso: as empresas querem entender o consumidor a fundo. É a era da customização em massa.


O cliente atual busca personalização em suas experiências. Isso significa que varejistas que investem em modelos flexíveis, capazes de atender às necessidades individuais, têm uma vantagem competitiva mais ampla.

 

 

Há um processo de mudança em que as lojas físicas buscam utilizar os recursos digitais para oferecer opções mais customizadas, oferecendo produtos ou serviços que sejam ajustados às preferencias de cada cliente.

 

O varejo tem passado por uma demanda por atualizações em seu modo de atuação, em função das necessidades e desejos das novas gerações, principalmente as gerações Millennials e a Geração Z. Esse público valoriza mais a experiência associada à compra do que o simples ato de consumir. As lojas físicas estão tendo que ser reimaginadas assumindo novas formas de apresentação, numa proposta de maior aproximação aos clientes, deixando-as mais agradáveis, familiares, confortáveis e que atendam às expectativas emocionais das pessoas. Os pontos de vendas passam a assumir um papel de centro de entretenimento e de engajamento.

 



 

São vários exemplos, mas vale citar o caso da Nike e da Apple, que transformaram seus pontos de vendas em espetáculos para os sentidos, onde os clientes, mais do que comprar produtos, vivenciam a marca. As marcas modernas estão atuando num processo de lifestyle, e criando um sentimento de pertencimento nas pessoas.

 

A instalação de lojas temporárias, chamadas de pop-up-store, muitas vezes colocadas em lugares estratégicos, oferecem experiências imersivas e exclusivas. Essa tática de instalação de pontos de vendas atrai a atenção de consumidores desejosos por novidades e produtos exclusivos. Em marketing está consagrado o conceito de que esse estilo de loja mais do que vender, elas criam memórias.

 



O varejo atual e do futuro não pode mais atuar sem se envolver positivamente com a questão ambiental. A sustentabilidade está cada vez mais fazendo parte das exigências dos consumidores. As marcas estão sendo pressionadas a adotar práticas cada vez mais éticas e com clara adoção da sustentabilidade.



Essas novas demandas do mercado estão exigindo uma reconfiguração do modo de operação das empresas. Tudo começa na produção e vai até a distribuição final dos produtos. Há uma necessária e urgente integração das áreas, principalmente entre os setores de produção, logística e marketing. Os modos de atuação utilizados até há pouco tempo, em que cada área cuidava da sua função, não funcionam mais.  



Tornou-se imprescindível que as empresas demonstrem claramente um compromisso genuíno com práticas sustentáveis. O uso de materiais recicláveis, cadeias de produção éticas e o incentivo ao consumo consciente no centro das operações, estão sendo determinantes para ganhar a lealdade dos clientes. O público agora está trocando preço por valor, fato este que sempre foi citado por Peter Drucker, Philip Kotler, Al Ries, e se tornam cada vez mais uma realidade de mercado.

 



Para muitas empresas, a transição para um modelo de negócio sustentável representa um desafio operacional e estratégico. Mas, como o mercado já demonstra, sustentabilidade não é mais uma opção, é uma exigência.



Mesmo que o varejo esteja cada vez mais globalizado, há por outro lado uma valorização crescente do varejo local. Tradicionalmente visto como ultrapassado, ele tem sido revitalizado e gerado um novo significado. As pequenas lojas de bairro, ou dos antigos centros das cidades estão ocupando um excelente espaço destacando-se por oferecer produtos únicos, atendimento personalizado, relações acolhedoras. Essa tática vem também ao encontro das expectativas dos diversos perfis de públicos.



Um exemplo marcante disso é o estado de Minas Gerais, que fortalece cada vez mais um comércio de produtos típicos que ganham destaque, por trazer uma proposta de valor, que extrapola o produto em si, numa oferta de “sabor local”, com sensações de autenticidade e exclusividade. Essa mesma proposta de valor está sendo utilizada por hotéis, regiões de cachoeiras, museus, igrejas, mercados abertos, num processo de inserção inteligente de varejo e turismo.  



O que está mudando no varejo não é o “como se vende”, mas, deve ser considerado também “o que se vende”. Modelos de assinaturas, pacotes de assinaturas que garantem uma renovação constante de produtos aos clientes, e o chamado comércio por assinatura reversa, no qual os clientes alugam produtos ao invés de comprá-los, como ocorre no segmento de luxo principalmente.  

 

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Gosto de reforçar que muitas das mudanças que estão transformando o varejo hoje acontecem de maneira gradual, silenciosa, e quase imperceptível para o público geral. As transformações não são sempre acompanhadas de alarde ou grandes campanhas de mídia, mas sim de ajustes estratégicos, mudanças nos bastidores, novas práticas de personalização, sustentabilidade e reformulação da experiência do cliente, que, no conjunto, estão moldando profundamente o futuro do setor.



Essas mudanças no varejo são poderosas, ainda que não sejam necessariamente óbvias ou instantâneas, e que, mesmo sem grande visibilidade imediata, elas estão impactando o modo como o varejo opera e se posiciona para o futuro.


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