A cada dia, algo novo e aterrador ganha destaque nas mídias. A tranquilidade e a paz de espírito tão propagada pelos espiritualistas, profissionais da saúde mental e aqueles nem tão profissionais, como alguns “influencers” e “coaches” de posturas duvidosas, estão cada vez mais distantes de serem alcançadas.
Alterar a concepção da bondade e de ações empáticas a todo momento nos arrastam para um túnel sombrio, que torna maior a desconfiança na evolução comportamental da humanidade. Uma crescente corrente de grupos conservadores, ligados às políticas de extrema direita, avança em um ritmo avassalador em escala global, com destaque para as nações ocidentais. Ironicamente se fortalecem guiados por administradores que defendem estratégias extremistas severas. Tudo em nome de Deus.
Em nome de Deus, propagam ódio, atitudes e leis de total indefesa aos vulneráveis, chamando de mitos e heróis homens de muitas características, mas nenhuma delas de piedade e benevolência a quem realmente precisa. Esses supostos “representantes do bem” proliferam como vermes no esgoto, amparados por uma sociedade intelectualmente limitada, pertencente a uma classe média insatisfeita com sua própria vivência, a qual enxerga no outro a culpa da sua miséria humana.
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Falsos crentes, que interpretam à revelia os livros sagrados, sentem-se confortáveis em representar e apoiar a maldade. Expressam-se como os donos e representantes exclusivos da Divindade na Terra. Matam, violentam, abusam, abandonam..., mas em nome de Deus. Então, não há erros nos infames e bárbaros atos nas mentes mais vis que se disseminam por aí.
Em uma das passagens mais singelas e amorosas da Bíblia, no livro de Mateus, no capítulo 25
(nos versículos de 31 a 46, no texto completo), um relato significativo vai na contramão do
cenário social atual:
34 “Então o Rei dirá aos que estiverem à sua direita: “Vinde, vós que sois abençoados por meu Pai; receba a sua herança, o reino preparado para você desde a criação do mundo. 35 Pois tive fome e vocês me deram de comer, tive sede e vocês me deram de beber, eu era estrangeiro e vocês me convidaram para entrar, 36 eu precisava de roupas e vocês me vestiram, estive doente e vocês cuidaram de mim, eu estava na prisão e você veio me visitar.”
37 “Então os justos lhe responderão: ‘Senhor, quando foi que te vimos com fome e te demos de comer, ou com sede e te demos de beber? 38 Quando foi que te vimos estranho e te convidamos para entrar, ou necessitado de roupas e te vestimos? 39 Quando foi que te vimos doente ou preso e fomos visitá-lo?”
40 “O Rei responderá: 'Em verdade eu te digo: tudo o que você fez por um destes meus irmãos mais pequeninos, você fez por mim.”
As palavras são claras, facilmente interpretadas, mas quase nunca ditas pelos dirigentes políticos e religiosos. Optam por citações de textos antigos, violentos, de uma época histórica longínqua e distinta dos tempos atuais. Ignoram frequentemente as belas palavras de amor descritas nos livros que expressam os reais compromissos cristãos, sustentados, na quase totalidade na bondade, no apego e respeito ao outro, em especial, àqueles que menos têm.
A sociedade que se espalha pelo mundo afora abandona os pobres e indefesos. Lideranças políticas defensoras da construção de muros e fortificações, que isolam os estrangeiros necessitados, são venerados e eleitos. Os gritos vociferados pelos desalmados, de que bandidos bons são bandidos mortos, levam a multidão ao êxtase. Visitá-los? Ora, em que mundo você se encontra, cara pálida?
A previsão para as próximas estações não é nada animadora: indicam tempos sombrios, frios,
secos, marcadas por tempestades de areias movediças, que se deslocam à deriva,
transportadas pelas massas de ar originadas no centro do país, infestadas de boas intenções (aquelas mesmas de que o inferno está cheio) dos políticos que representam as denominadas famílias de bem.
Que cada um se abrigue, entre os poucos abraços de conforto que o rodeiam nos tempos
vindouros, e que “Deus me proteja de mim e da maldade de gente boa, da bondade de pessoa
ruim...Deus me governe e guarde, ilumine e zele assim”. Como diz a canção, no final, é o que
resta.