Nos corredores da medicina, a busca por conhecimento especializado é uma jornada contínua. Enquanto os médicos se dedicam incansavelmente ao cuidado dos pacientes, aprimorar suas habilidades e conhecimentos é essencial para oferecer o mais alto padrão de cuidados de saúde. No entanto, quando se trata de escolher entre programas para se especializar, tem surgido uma grande quantidade de jovens médicos que têm preferido realizar uma pós-graduação ao invés de uma residência médica.
A pós-graduação oferece uma abordagem mais flexível, permitindo que os médicos escolham áreas específicas de interesse para aprofundar seus conhecimentos. Esses programas geralmente são mais curtos em duração e oferecem uma ampla gama de disciplinas. No entanto, muitas vezes, eles carecem de experiência prática e da imersão total proporcionada pela residência médica.
Por outro lado, a residência médica oferece uma formação abrangente e prática em uma especialidade específica. Esses programas são estruturados para fornecer uma educação clínica profunda, com oportunidades de aprendizado hands-on sob a supervisão de preceptores experientes. A imersão total na rotina diária de um especialista permite que os residentes desenvolvam habilidades clínicas, tomada de decisões e gerenciamento de casos de forma progressiva e gradual.
Além disso, as residências médicas oferecem uma exposição valiosa a uma variedade de cenários clínicos, desde casos simples até situações complexas e desafiadoras. Essa diversidade prepara os residentes para lidar com uma ampla gama de situações que podem encontrar em suas carreiras, tornando-os médicos mais versáteis e competentes.
Embora a pós-graduação possa agregar conhecimento para aqueles que desejam explorar áreas específicas de interesse com mais liberdade, a formação oferecida pela residência médica é incomparável em sua profundidade e amplitude. A combinação de aprendizado teórico e prático, juntamente com a supervisão direta de especialistas, proporciona uma base sólida para o desenvolvimento profissional contínuo.
O que está por trás dessa recente preferência dos jovens médicos pelas pós-graduações é talvez esse fenômeno geracional que faz com que os recém-chegados ao mercado de trabalho queiram ter sucesso financeiro rápido, chefiar equipes, estar no topo da hierarquia. Esquecem eles que o caminho da boa medicina não possui atalhos. São somente os anos contínuos de estudo e experiência que darão verdadeiras condições técnicas para um médico realmente se tornar uma referência.
É muito triste para o futuro da medicina ver que uma grande quantidade de egressos das escolas médicas estejam seduzidos pela medicina do Instagram. Prescritores de bomba, suplementos sem evidência científica, manipulados com 50 substâncias, promessas milagrosas... essa é a medicina que muitos dos jovens hoje têm como espelho. Mas vou deixar bem claro aqui: qualidade médica não é refletida pelo número de seguidores, mas pelo tamanho do currículo Lattes, e ponto!
Não é razoável que um médico recém formado dê mais importância a um curso de gestão médica ou marketing digital médico do que a um programa de residência médica. Os pseudo médicos que assim formam esquecem que o objetivo principal da Medicina passa longe do financeiro. Medicina de verdade é arte, é sacerdócio; com ganho financeiro sim, é claro, mas sempre pautado por valores éticos e morais sólidos.
Para os leitores que aqui me acompanham, sejam no dia a dia valorizadores da cultura do bom médico. Escolham um profissional baseado nas suas competências sólidas, nos seus "hard skills". Residência Médica, titulação por sociedades, mestrado, doutorado, experiências internacionais, reconhecimento entre pares, não tenham dúvida: isso é MUITO mais importante para a sua saúde do que o número de seguidores que seu médico tem.