Ganhar mobilidade em uma articulação após uma cirurgia é um processo complexo que envolve várias etapas de reabilitação física e mental. Há diferentes aspectos envolvidos nesse processo, desde os cuidados imediatos após a cirurgia até a fase final de recuperação e retorno às atividades normais.

 

Fase I: pós-operatório imediato

 

Logo após a cirurgia, a articulação pode estar dolorida, inchada e com mobilidade restrita devido ao trauma cirúrgico e ao processo de cicatrização. Nessa fase inicial, o foco principal é controlar a dor e iniciar medidas para prevenir complicações como a rigidez articular e a formação de aderências.

 

 

Práticas comuns incluem:

 

Crioterapia: uso de compressas frias para reduzir o inchaço e a inflamação.


Imobilização controlada: uso de talas ou órteses para proteger a articulação e permitir a cicatrização adequada dos tecidos.


Mobilizações passivas: realizadas pelo fisioterapeuta para manter a mobilidade articular e prevenir rigidez excessiva.


A colaboração com a equipe médica é crucial nesta fase para garantir que a articulação se recupere adequadamente sem comprometer o resultado da cirurgia.

 




Fase II: reabilitação inicial

 

À medida que a dor e o inchaço diminuem, geralmente dentro das primeiras semanas pós-cirurgia, a reabilitação se concentra em restaurar a amplitude de movimento da articulação. Isso é essencial para prevenir a formação de cicatrizes e aderências que podem limitar a mobilidade a longo prazo.


Intervenções comuns nessa fase incluem:


Exercícios passivos assistidos: o fisioterapeuta ajuda o paciente a realizar movimentos articulares controlados.


Exercícios de amplitude de movimento (ADM): movimentos suaves e controlados para melhorar a flexibilidade.


Terapia manual: massagem terapêutica e manipulações articulares para relaxar músculos tensos e facilitar o movimento.


Treinamento da marcha: para pacientes que passaram por cirurgias ortopédicas nos membros inferiores.


É importante que os exercícios sejam realizados dentro dos limites de conforto do paciente, evitando tensão excessiva na articulação recém-operada.


Fase III: fortalecimento e restauração funcional

 

À medida que a mobilidade é restaurada, o foco da reabilitação se desloca para o fortalecimento muscular e a recuperação da funcionalidade completa da articulação. Isso é particularmente relevante para cirurgias envolvendo reparo de ligamentos ou reconstrução articular, onde a estabilidade e o controle muscular são essenciais para evitar recidivas e melhorar a capacidade funcional.


Atividades típicas nesta fase incluem:


Exercícios de resistência: para fortalecer os músculos ao redor da articulação.


Treino proprioceptivo: para melhorar o senso de posição e movimento da articulação.


Exercícios funcionais: simulando atividades diárias ou esportivas para preparar o paciente para retornar às suas atividades normais.


Treinamento de equilíbrio: importante para restaurar a estabilidade da articulação e prevenir quedas.


A progressão nesta fase depende da resposta individual do paciente e da avaliação contínua pelo fisioterapeuta.

 

Estratégias específicas para melhorar a mobilidade


1. Exercícios de amplitude de movimento (ADM)


Os exercícios de ADM são fundamentais para ganhar mobilidade após a cirurgia. Eles são projetados para aumentar gradualmente o alcance dos movimentos na articulação afetada, enquanto se evita o estresse excessivo nos tecidos cicatriciais. Exemplos incluem flexão e extensão passivas, abdução e adução, dependendo da articulação envolvida.


2. Alongamento e flexibilidade


O alongamento suave e controlado ajuda a relaxar músculos tensos e a aumentar a flexibilidade ao redor da articulação. Isso não só melhora a amplitude de movimento, mas também reduz a rigidez e o desconforto associados à cirurgia.


3. Terapia manual


A terapia manual realizada por fisioterapeutas treinados pode incluir técnicas como massagem terapêutica, liberação miofascial e manipulações articulares. Estas ajudam a melhorar o fluxo sanguíneo local, relaxar tecidos cicatriciais e facilitar o movimento articular.


4. Dispositivos de mobilização passiva contínua


Esses dispositivos movem a articulação passivamente através de sua amplitude de movimento enquanto o paciente está relaxado. Eles são frequentemente usados após cirurgias de joelho e quadril para promover a cicatrização dos tecidos articulares e prevenir a rigidez.


5. Treinamento progressivo


A progressão dos exercícios é crucial para evitar lesões e otimizar os resultados da reabilitação. Começando com exercícios leves e gradualmente aumentando a intensidade e a carga, os músculos ao redor da articulação se fortalecem e se adaptam ao novo padrão de movimento.


A adesão rigorosa ao programa de reabilitação prescrito é essencial para alcançar resultados ótimos. Isso inclui realizar exercícios em casa conforme orientação do fisioterapeuta e comparecer regularmente às sessões de reabilitação. Além disso, o controle eficaz da dor permite ao paciente realizar os exercícios de forma mais confortável e promove uma recuperação mais rápida. Isso pode envolver o uso de analgésicos prescritos, terapias físicas como calor ou frio e técnicas de relaxamento.


Por fim, a recuperação de uma cirurgia pode ser emocionalmente desafiadora. O apoio familiar, juntamente com a orientação de profissionais de saúde mental, pode ajudar o paciente a lidar com o estresse e a ansiedade associados ao processo de recuperação.


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