Quando a febre aparece, muitas pessoas se questionam se devem manter sua rotina de exercícios físicos, especialmente aqueles acostumados a correr diariamente. Em meio ao dilema entre descansar e continuar a atividade física, é crucial entender como a febre afeta o corpo e quais os riscos de insistir na corrida ou qualquer outro exercício enquanto o organismo lida com uma infecção ou inflamação.
A febre é um mecanismo de defesa natural do organismo. Ela ocorre quando o corpo tenta combater infecções virais ou bacterianas, aumentando a temperatura para dificultar a reprodução desses patógenos. Considerada uma febre leve quando atinge 38°C, e alta acima de 39°C, ela geralmente vem acompanhada de outros sintomas, como dores musculares, fadiga e calafrios – sinais claros de que o corpo está sob ataque e precisa de repouso.
O aumento da temperatura é um alerta do organismo de que algo está errado e, em muitos casos, manter a rotina de exercícios pode sobrecarregar ainda mais o sistema imunológico.
Quando praticamos exercícios, o corpo passa por um estresse físico que demanda energia extra. O coração trabalha mais para bombear sangue, os pulmões aceleram a troca de gases, e o metabolismo é ativado para sustentar o movimento. No entanto, com a febre, o corpo já está usando uma grande quantidade de energia para combater a infecção, deixando menos recursos disponíveis para atividades físicas.
Além disso, o esforço de correr aumenta a temperatura corporal, o que pode piorar a febre e sobrecarregar o coração e os pulmões. Em situações de febre alta, o aumento da frequência cardíaca é ainda mais acentuado, o que representa um risco para o sistema cardiovascular, potencialmente levando a arritmias e até mesmo a condições mais sérias, como miocardite (inflamação do músculo do coração), que pode ser desencadeada por infecções virais.
Exercícios e o sistema imunológico
É comum observar atletas profissionais e amadores sofrerem de infecções recorrentes, como resfriados, em períodos de treinos intensos sem descanso adequado. Isso ilustra como o excesso de atividade física, especialmente quando o corpo já está lutando contra uma doença, compromete o sistema imunológico e prolonga o tempo de recuperação.
No caso da febre, o conselho é direto: se a temperatura corporal está acima de 37,8°C, o mais prudente é suspender a corrida. Ao tentar manter o ritmo de corrida com febre, o risco de desidratação aumenta, o que piora os sintomas e compromete a resposta imunológica.
Além do agravamento dos sintomas e da desidratação, a prática de exercícios com febre pode trazer consequências mais graves. Alguns dos riscos incluem:
- Arritmias cardíacas
- Miocardite
- Desidratação
- Danos musculares
Quando retomar a corrida?
Para aqueles que praticam corrida com regularidade, o desejo de voltar ao exercício é compreensível. Mas é preciso respeitar o tempo do corpo. Em média, é recomendado aguardar pelo menos 24 horas após a febre ter desaparecido antes de retomar atividades físicas leves. Se houver outros sintomas, como dor de garganta persistente, tosse ou cansaço extremo, pode ser necessário prolongar o período de descanso.
Começar de forma gradual é ideal. Em vez de uma corrida intensa, opte por caminhadas ou corridas leves, monitorando o corpo para avaliar se ele está realmente preparado para intensidades mais altas. Ouvir o corpo é fundamental para evitar recaídas ou agravamento dos sintomas.
Estratégias para lidar com a febre
Além do repouso, outras medidas como manter-se bem hidratado é essencial. Medicações antitérmicas, como a dipirona, o paracetamol e o ibuprofeno, podem ajudar a reduzir a febre e aliviar os sintomas, mas devem ser utilizadas com orientação médica. Uma alimentação balanceada, rica em vitaminas e minerais, também contribui para fortalecer o sistema imunológico.
Mesmo para corredores e atletas experientes, o melhor é priorizar a saúde ao enfrentar uma febre. Correr enquanto o corpo está lutando contra uma infecção pode agravar os sintomas, prolongar o tempo de recuperação e levar a complicações mais graves. Compreender a importância do repouso nesses momentos é essencial para garantir que o retorno à prática esportiva seja seguro e sem prejuízos para a saúde.