Pouco tempo atrás, alguns amigos foram me visitar no balcão. Entre risos e copos altos, um deles mencionou que havia parado de beber, e logo começaram as incontáveis piadas sobre o tema. A verdade é que vivemos em uma sociedade que celebra o álcool em todas as esferas, seja pelo histórico milenar das bebidas que acompanham a humanidade ou pelos investimentos massivos das indústrias. Mas será que essa veneração toda não merece uma pausa para reflexão?


O consumo consciente vem ganhando espaço. Parar de beber é uma virtude; beber menos, beber com responsabilidade, são ações que refletem um cuidado consigo e com o próximo. E aqui entra a palavra de ordem da vez: consumo consciente. O velho estigma de que “a festa só é boa com álcool” vai perdendo força, abrindo espaço para uma coquetelaria que abraça a todos.

 


Nas últimas colunas, exploramos a versatilidade dos ingredientes e a importância da experiência individual na coquetelaria. O prazer de um drink vai muito além do álcool. Uma das poucas regras que considero intransponíveis é: nunca ofereça bebida alcoólica a quem parou de beber ou insista para que alguém beba. Um bom anfitrião respeita as escolhas e proporciona uma experiência inclusiva para todos, do entusiasta do bourbon ao apreciador de mocktails.

 




A nova geração já percebeu que beber com moderação – ou simplesmente não beber – é uma escolha tão válida quanto qualquer outra. Mocktails, que antes eram apenas um capricho, agora são protagonistas dos cardápios mais sofisticados. Mas atenção: um bom mocktail não é um “suco chique”. Assim como um coquetel clássico, ele deve ser pensado para proporcionar uma experiência de sabor completa, explorando diferentes notas, texturas e camadas.

 


Convido aos colegas donos de bares e restaurantes a surfarem na onda dos cocktails sem álcool, afinal, são uma ótima fonte de receita.

 

Curiosidades e a História dos Mocktails

 

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Os mocktails surgiram como um termo na década de 1980, mas as raízes das bebidas sem álcool são muito mais antigas. Culturas ao redor do mundo têm suas próprias versões de drinks refrescantes, feitos com especiarias, ervas e frutas, muitas vezes preparados em rituais sociais ou religiosos. Mas foi recentemente que o termo “mocktail” ganhou status, passando de uma opção discreta a uma verdadeira obra de coquetelaria.


O mercado de bebidas sem álcool cresce com uma velocidade impressionante. Destilados sem álcool, bitters e até mesmo cervejas e vinhos zero álcool vieram para somar às possibilidades. Hoje, criar um coquetel sem álcool exige o mesmo cuidado e técnica de qualquer outra bebida.

 

Receita: Ginger Basil Cooler


Este é um mocktail que amo por sua simplicidade e frescor. É equilibrado, com o toque picante do gengibre e o frescor do manjericão. Um verdadeiro refresco com cara de drinque sofisticado.


Ingredientes

  • 3 a 4 folhas de manjericão fresco
  • 2 ml de xarope de gengibre (pode ser substituído por xarope de mel com gengibre)
  • 15ml de suco de limão siciliano
  • Água com gás (ou água tônica sem álcool, para uma nota mais amarga)
  • Gelo
  • Fatia de limão e raminho de manjericão para decorar

Modo de preparo

  1. Em um copo alto, macere delicadamente as folhas de manjericão com o xarope de gengibre e o suco de limão siciliano. Isso libera os óleos e o aroma do manjericão.
  2. Adicione gelo até o topo do copo.
  3. Complete com a água com gás ou água tônica, mexendo levemente.
  4. Decore com uma fatia de limão e um raminho de manjericão.


O Ginger Basil Cooler é refrescante e aromático, um verdadeiro convite para aproveitar o momento. A combinação de gengibre e manjericão traz camadas de sabor inesperadas, onde o frescor das ervas se encontra com o picante do gengibre e a acidez do limão. Tudo isso sem uma gota de álcool.


Hoje, os mocktails estão presentes nos cardápios mais sofisticados, lado a lado com os coquetéis tradicionais, mostrando que uma bebida não precisa ser alcoólica para ser complexa e marcante. Quando você pede um mocktail, está optando por uma experiência que combina o ritual do coquetel, mas com uma nova consciência. É possível beber sem álcool e, mesmo assim, brindar com elegância, sabor e estilo. Afinal, o verdadeiro espírito de um bom drink está na experiência, e não na graduação alcoólica.


Os riscos e o consumo abusivo dos profissionais da coquetelaria serão abordados em muitas outras colunas, o tema é sério e merece longa discussão.

 

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