Todos usam as duas palavras, uns mais, outros menos. A verdade é que nos acostumamos a chamar a mistura de bebidas pelos dois nomes, mas será mesmo que drink e coquetel são a mesma coisa? Vamos embarcar em uma viagem pela história e pelas sutilezas desses termos.
A palavra “drink” tem raízes na língua inglesa e é bastante genérica. Ela deriva do verbo “to drink”, que significa beber. Na prática, “drink” pode se referir a qualquer tipo de bebida, alcoólica ou não. Nos bares e restaurantes, entretanto, o uso comum se restringe às bebidas alcoólicas.
Por outro lado, “coquetel” tem uma origem mais intrigante e específica. Existem várias teorias sobre a origem do termo “cocktail”. A mais aceita sugere que o termo veio da palavra francesa “coquetier”, usada para descrever um pequeno copo de ovo no qual bebidas eram servidas em Nova Orleans, nos Estados Unidos.
A primeira aparição gráfica do termo data de 1798, em um jornal londrino, e posteriormente, em 1803, em uma revista norte-americana. O fato é que a criação do coquetel é celebrada em 13 de maio, quando, em 1806, o editor do jornal The Balance and Columbian Repository, respondendo a um leitor, apresentou a primeira definição impressa sobre o termo: “Coquetel, então, é um licor estimulante, composto de qualquer tipo de destilado, açúcar, água e bitters...”
Na prática, a diferença entre “drink” e “coquetel” se torna mais clara. Um “drink” pode ser qualquer bebida alcoólica simples, como uma dose de uísque, um copo de vinho ou uma cerveja. As misturas simples, como Jack and Coke e gin tônica, pela sua simplicidade, são apenas drinks.
Já um “coquetel” é uma mistura elaborada de duas ou mais bebidas, geralmente incluindo uma base alcoólica, um modificador (como licores, xaropes ou sucos) e um agente aromatizante ou decorativo (como frutas, ervas ou especiarias).
Os coquetéis têm uma longa tradição de inovação e criatividade. Eles surgiram como uma forma de mascarar o sabor de destilados de baixa qualidade e evoluíram para verdadeiras obras de arte líquidas.
No Brasil, a maior representação do termo está no nosso elegante e cheio de personalidade coquetel Rabo de Galo. Criado nos anos 1950 pela fábrica de vermute Cinzano, em São Paulo, o coquetel foi listado recentemente pela Associação Internacional de Bartenders após árdua luta do saudoso e internacionalmente conhecido Mestre Derivan.
Para preparar um delicioso Rabo de Galo, você precisará dos seguintes ingredientes:
- 50ml de cachaça envelhecida
- 15ml de vermute Rosso
- 15ml de Cynar
- 1 casca de laranja
Adicione todos os ingredientes em um copo grande e longo (mixing glass) com bastante gelo. Mexa bem e, em seguida, coe em uma taça bem gelada. Esprema e coloque o twist de laranja sobre o coquetel.
Dicas:
- Sempre use uma cachaça de qualidade. Sugiro a cachaça de carvalho da Mineiriana, a Bem Me Quer Ouro, Colombina Centenária e a belíssima Guaraciaba Bálsamo. Todas essas darão complexidade e diversas nuances ao Rabo de Galo.
- Experimente a receita sem o Cynar na proporção de 2:1 (50ml de cachaça envelhecida e 25ml de vermute Rosso). Essa é a utilizada em meu balcão.
- O coquetel fica delicioso utilizando a técnica de “Throw”, que consiste em despejar os ingredientes de uma coqueteleira para a outra. O movimento deixa a bebida aerada e mais leve, sendo um prato cheio para impressionar os convidados.
O Rabo de Galo é um coquetel que representa a autenticidade brasileira, com uma mistura equilibrada de tradição e inovação. Nos bares sofisticados, mas principalmente em um boteco de esquina, normalmente feito em um copo de vidro grosso de shot, já marcado com as proporções, o Rabo de Galo é sempre uma ótima escolha. Não é à toa que a tradução exata de “cocktail” é Rabo de Galo.