É de conhecimento de todos que beber um bom copo d'água entre um drinque e outro é essencial para garantir uma manhã sem os nefastos efeitos da ressaca. Por aqui, esses efeitos se assemelham às mais ingratas doenças, principalmente com o aproximar dos 40 anos. Mas o que poucos conhecem ou defendem é a importância da água nos coquetéis para apurar os sabores, garantir qualidade, temperatura e textura.

 



 

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Ao longo da história da coquetelaria, a água sempre desempenhou um papel fundamental, embora muitas vezes subestimado. Nos primórdios da coquetelaria, a diluição era um processo quase intuitivo. Na Era de Ouro dos coquetéis, por volta do século 19, bartenders renomados já entendiam que a diluição correta podia transformar uma bebida simples em uma experiência sensorial complexa e agradável.


Recorrentemente, um amigo ou outro elogia um drinque por achar que o de certo bar é forte e encorpado, mas, na verdade, ele não passa de um coquetel mal diluído. Quando você mistura um coquetel, o gelo não serve apenas para esfriar a bebida. Ele tem a função vital de liberar uma quantidade controlada de água, suavizando o álcool e permitindo que os sabores se casem harmoniosamente.

 


Um drinque forte, apesar de agradar pelo aparente bom custo-benefício, não está entregando mais bebida ou mais álcool. Na verdade, a falta de diluição adequada faz com que o álcool domine, ocultando a complexidade dos outros ingredientes. A água é crucial para que os sabores se misturem, que os aromas se revelem.


Curiosamente, muitos destilados de alta qualidade são diluídos com água antes de serem engarrafados. É o caso do uísque, que geralmente sai do alambique com uma graduação alcoólica em torno de 60% a 70%, mas é diluído para cerca de 40% a 50% antes do engarrafamento. Isso ocorre porque a água ajuda a “abrir” os sabores e aromas, tornando a bebida mais acessível e agradável ao paladar.


E não podemos nos esquecer da importância da temperatura. Um coquetel gelado não só é mais agradável de beber, como também ajuda a manter a integridade dos ingredientes, evitando que o álcool evapore rapidamente e deixando a bebida com um gosto agressivo. A água, ao derreter do gelo, vai ajustando lentamente a potência do coquetel, fazendo com que cada gole seja uma nova descoberta.

 


Nem sempre é necessário usar água pura. Uma soda, uma água tônica ou até mesmo um refrigerante podem desempenhar esse papel de diluir e equilibrar os coquetéis. Cada uma dessas opções adiciona sua própria camada de sabor, contribuindo para a complexidade final da bebida.


Agora, se você quer experimentar algo muito mais interessante do que um singelo gin tônica, sugiro preparar o clássico Tom Collins. Simples, refrescante e um verdadeiro tributo à importância da água na coquetelaria. Para preparar um Tom Collins, você precisará dos seguintes ingredientes:

 

  • 60ml de gim
  • 25ml de suco de limão siciliano fresco
  • 15ml de xarope de açúcar
  • água com gás
  • gelo
  • 1 gomo de laranja e 1 cereja para decorar

 

Comece colocando o gim, o suco de limão e o xarope de açúcar (1:1) em um copo com muito gelo e mexa os ingredientes. Complete com água com gás. Mexa novamente, mas de forma muito suave, e decore com um gomo de laranja e uma bela cereja.

 


Esse é o tipo de coquetel que nos ensina a valorizar a simplicidade e o equilíbrio que a água proporciona. Um Tom Collins bem diluído é refrescante, com os sabores perfeitamente integrados, sem exageros, apenas a essência pura de um drinque bem preparado.


Da próxima vez em que você estiver no bar ou preparando um coquetel em casa, lembre-se: a água é tão importante quanto qualquer outro ingrediente. Drinque forte não é vantagem. Um bom coquetel não se mede pela força do álcool, mas pelo equilíbrio e pela harmonia dos sabores. E é aí que a água, a mais simples das bebidas, mostra toda a sua importância. Afinal, a água não é apenas vida; é o que dá vida aos melhores coquetéis. E não se esqueça: beba bastante água entre os coquetéis.

 

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