Estátua de Eros, em Picaddily, em Londres, na Inglaterra -  (crédito: PxHere)

Estátua de Eros, em Picaddily, em Londres, na Inglaterra

crédito: PxHere

Por inúmeras razões que não cabe agora mencionar, o amor me intriga e, me aproveitando da proximidade do Dia dos Namorados, resolvi dedicar um mês inteiro ao amor em suas mais variadas nuances. Uma espécie de Elogio ao Amor, o que não deixa de ser um ato de coragem em um mundo que insiste em ameaçar sua existência.

    
Creio que devemos começar do início e, neste primeiro momento, compreender as formas pelas quais o gênero “Amor” se manifesta em nós. C.S. Lewis defende em seu livro “Os Quatro Amores”, que existem quatro categorias distintas: Storge, Eros, Philia e Ágape. Para ele, cada uma das espécies possui características únicas e desempenha um papel específico nas nossas relações.

 

    

A primeira espécie é conhecida por Storge, e é o amor natural, confortante e instintivo. É o tipo de amor que floresce naturalmente em nossas relações familiares e que nos proporciona uma base sólida de conforto, segurança e aceitação. Muitas vezes, é por meio desta espécie de amor que conseguimos uma base segura para ter acesso às outras espécies, de modo que, quanto mais Storge tivermos, maiores são as nossas chances de construirmos relações amorosas saudáveis.

 


    

Já Eros ou o amor romântico seria aquele amor apaixonado e desejante. É o amor no qual buscamos fusão com o outro, onde o desejo e a atração imperam. Nessa espécie, a experiencia amorosa pode ser intensa e transformadora, trazendo para nós uma enorme sensação de completude. A presença de Eros em nossas vidas pode despertar nossa criatividade, entusiasmo e nos dar um senso renovado de propósito.


Frequentemente, é o amor romântico que inspira os criadores de obras de arte, literatura e música, demonstrando que Eros pode enriquecer não apenas a nossa vida pessoal, mas também a cultura e a arte em geral. Contudo, Eros não é apenas alegria, pois ele também pode ser instável, cegando os amantes e levando-os a agir de maneira impulsiva e irracional. Sem equilíbrio, Eros pode se transformar em uma força destrutiva, dominada por ciúmes, possessividade e expectativas irreais.

 



A terceira espécie é o amor Philia, também chamado de amor-amizade. Aqui, o amor é baseado no respeito mútuo, na confiança e na afinidade intelectual e emocional. É um tipo de amor que se desenvolve e se fortalece ao longo do tempo, através das experiências e interesses em comum. Esta espécie de amor é mais estável e duradoura do que Eros, pois não depende do desejo ou da paixão, mas sim de uma conexão profunda entre as pessoas. Enquanto com Eros amamos o outro para o nosso próprio bem, com Philia amamos o outro para o bem-estar dele.
    

Por fim, temos a quarta espécie do amor, chamada de Ágape, que seria o amor-caridade. É considerado o amor mais elevado e virtuoso, pois é desinteressado e sacrificial; e não motivado por desejos pessoais, benefícios ou retribuição. É o amor que nos aproxima do amor divino ou do amor que um ser humano pode ter pela humanidade em geral. Talvez o ponto mais interessante desta espécie é que se trata de um amor universal, não se limitando a relações específicas.
    

Trazidas as diferenças entre as várias espécies de amor, podemos nos perguntar se haveria uma categoria preferível às outras. A resposta tem que ser negativa, pois, na maioria das vezes, as várias espécies se juntam em torno de uma única relação amorosa saudável. Só quando a paixão de Eros, a estabilidade de Storge, a confiança de Philia e o altruísmo de Ágape se juntam é que podemos verdadeiramente compreender a profundidade e a beleza da relação amorosa.