Há algumas semanas, viralizou na internet a informação de que um grupo de amigos se uniu para criar uma vila no interior de São Paulo, o objetivo deles era envelhecer juntos. Resolveram comprar terrenos em uma área rural, e construíram suas casas próximas umas das outras. Segundo o grupo, o projeto nasceu do desejo de envelhecer com mais qualidade de vida, cercados por amigos, e de evitar a solidão que muitas vezes acompanha o envelhecimento.
Não se trata de um caso isolado, estão se multiplicando as situações de compartilhamento de moradia. O conceito de cohousing nasceu na Dinamarca na década de 1960, quando algumas famílias decidiram criar comunidades colaborativas, mantendo suas residências privadas, mas compartilhando espaços comuns de convivência. Essa ideia se expandiu rapidamente pela Europa e América do Norte, e se adaptou às necessidades de diferentes públicos, particularmente, à população idosa.
Na Holanda, um dos exemplos mais conhecidos é o Humanitas Deventer, que combina moradia para idosos com a presença de estudantes, fomentando um ambiente intergeracional, que pode ser benéfico a ambos. Nos Estados Unidos, comunidades como o Silver Sage Village, no Colorado, são exemplos de cohousing para a terceira idade, nos quais os residentes participam ativamente da gestão da comunidade.
No Brasil, existem inúmeras inciativas privadas, mas também algumas ações governamentais bem-sucedidas. Exemplo é o Programa Habitacional Cidade Madura, do Estado da Paraíba, que tem como objetivo proporcionar aos idosos de baixa renda, acesso à moradia digna, a equipamentos para convivência social e lazer. Atualmente, a Paraíba conta com seis Condomínios Cidade Madura, cada um deles composto por quarenta casas acessíveis, incluindo adaptações para cadeirantes.
Outro exemplo é a Vila dos Idosos, localizada no bairro Pari, em São Paulo. Inaugurada em 2007, a vila conta com 145 unidades habitacionais destinadas a idosos de baixa renda, e oferece espaços comuns para convivência e atividades sociais, além de suporte médico e social.
Não encontrei programa parecido no estado de Minas Gerais, o que seria muito bem-vindo pois, de acordo com a Organização Mundial da Saúde, a convivência é um fator de suma importância para um envelhecimento bem-sucedido. O ambiente de convivência proporcionado por esse modelo habitacional pode trazer muitos benefícios para a saúde mental e emocional dos idosos. A socialização pode retardar o declínio cognitivo e diminuir o risco de depressão, só para citar alguns exemplos. Além disso, o suporte mútuo e a troca de experiências tendem a favorecer a criação de um ambiente no qual todos se sentem valorizados.
Esses exemplos, tanto no Brasil quanto no mundo, podem servir para nos mostrar que talvez essa ideia de moradias compartilhadas para pessoas em processo de envelhecimento seja mais que apenas um teto sob o qual viver. Talvez eles auxiliem a proporcionar dignidade e criar senso de propósito, por meio da fundação e gestão de comunidades, nas quais o apoio mútuo é essencial. Afinal de contas, envelhecer ao lado de pessoas amigas e com objetivos parecidos pode tornar a vida indiscutivelmente mais agradável.