Natural de Barbacena, Wesley Cristiano de Sousa mora em Ouro Preto desde os seis anos e já se considera ouro-pretano. Sua paixão pelo Pink Floyd nasceu quando pegou uma fita k7 do seu tio Wander Luiz da Silva, aos 14 anos. A tradicional psicodelia e os arranjos clássicos da banda o fizeram se apaixonar pelo grupo britânico..
“Eu não parava de escutar a fita, escutava todos os dias. Até que conheci uma turma roqueira no Senai em Ouro Preto. Eles sabiam tudo sobre as bandas e daí comecei a estudar a minha banda preferida. A filosofia e a história do Pink Floyd mudaram minha vida”, conta Wesley.
Wesley sempre gostou de colecionar vinis, fita cassetes, VHS e CDs do Pink Floyd e montou um fã clube da banda em Ouro Preto em 2000. Ele conseguiu juntar 15 pessoas para se reunir no anexo do Museu da Inconfidência, na Praça Tiradentes, principal cartão postal da cidade, para discutir sobre o conjunto britânico.
Porém, com o passar do tempo, Wesley se casou e não pôde mais dedicar tanto tempo ao fã clube. Mas, um show de Roger Waters – baixista, compositor e co-fundador do Pink Floyd – em 2002, no Engenhão (Rio de Janeiro), fez ele voltar a se empolgar com a banda novamente.
“Não tínhamos muitas informações sobre shows, não tínhamos internet, mas escutamos a rádio Colonial FM toda sexta-feira, pois tinha um programa especial chamado ‘Hoje é Dia de Rock’. Um dia o locutor falou ‘Roger Waters virá para América do Sul e vai tocar no Brasil pela primeira vez’. Eu chorei de emoção”, continuou Wesley.
Apesar do seu entusiasmo, Wesley, aos 21 anos, não tinha condições de pagar o show. Ele, então, recorreu ao seu irmão mais velho, Anderson José de Sousa, que era soldado da aeronáutica na época, para o ajudar a realizar seu sonho de ver Roger Waters ao vivo.
“Ele me respondeu carinhosamente que iríamos juntos e fomos no show. Um sonho que se tornou realidade”, declarou.
Criação do Memorial em homenagem ao Pink Floyd
Após o lançamento do último álbum de estúdio do Pink Floyd, “The Endless River”, em 2014, Wesley decidiu retomar as atividades do fã clube com reuniões em sua casa. Depois, teve a ideia de construir um espaço no lote da sua casa de infância para ser a sede dos fãs de Ouro Preto e região.
Entretanto, em 2020, a pandemia impediu que o fã clube se reunisse presencialmente. Wesley, então, teve uma nova ideia: transformar o local em um memorial em homenagem à banda. Ele reuniu revistas e jornais raros, fita cassete, vinil, VHS, CDs, Laser Disks, DVDs e Blu-rays para a composição de um lugar que “respirasse” Pink Floyd. Além dos artigos, foi montada uma decoração especial, repleta de pôsteres, instrumentos e o tradicional porco inflável utilizado por Roger Waters em seus shows, que faz referência à capa do disco “Animals”, de 1977.
O memorial é localizado estrategicamente no Morro da Queimada. Nele, há um mirante com vista para a Serra do Espinhaço, onde fica a pedra do Pico do Itacolomi, mais um cartão postal de Ouro Preto.
O acervo do memorial é vasto. Além dos jornais e revistas, discos com tiragem máxima de 100 e 500 unidades estão presentes no espaço. Recentemente, dois “floydianos” de Esmeraldas, Reinaldo José e Bárbara Laranjeira, doaram dois tijolos cenográficos utilizados no show de Roger Waters, realizado em 2012, no Engenhão.
Wesley não leva as atividades do memorial sozinho. Mariana Meneguitte, mais uma floydiana fanática, também trabalha no local, sendo responsável pela divulgação do espaço. Ela explica que o local ainda não foi inaugurado oficialmente, mas que recebe visitação pré-agendada.
“O memorial está 80% pronto e acredito que a inauguração aconteça oficialmente no ano que vem. Mas trabalhamos com um agendamento para ter um número restrito de pessoas para que o Wesley possa dar total atenção para o grupo e explicar o acervo”, conta Mariana.
O valor para a visitação do local é de R$ 50 reais por pessoa. Acima de duas, é R$ 40 cada entrada. Crianças de até 11 anos não pagam. “Esse valor é para manutenção e para comprar mais arquivos para o memorial”, explica Meneguitte.
Campanha para a assinatura de Roger Waters
Roger Waters está no Brasil com sua turnê de despedida “This is Not a Drill” e se apresentará no Mineirão, em Belo Horizonte, no próximo dia 8. O fã clube do Pink Floyd de Ouro Preto iniciou uma campanha para que o icônico baixista da banda visite o memorial e deixe sua assinatura em um muro dedicado a ele no local.
“Pode ser a última vez que ele venha ao Brasil. Então, iniciamos uma campanha na nossa página no Instagram, pedindo para as pessoas compartilharem ao máximo e marcarem o Roger Waters no post para que ele venha em Ouro Preto, Cidade Patrimônio da Humanidade, que respira história, cultura e arte, para que ele assine no muro que fizemos em homenagem a ele”, conclui Wesley.