O poeta, professor e tradutor mineiro Jacyntho Lins Brandão venceu o Prêmio Literário da Biblioteca Nacional na categoria poesia, com o livro "Harsíese". O anúncio dos vencedores nas 10 categorias foi feito na tarde da última quarta-feira (1/11).

Nascido na cidade de Rio Espera, na Zona da Mata mineira, Jacyntho Lins Brandão é doutor em Letras Clássicas pela Universidade de São Paulo (USP) e professor titular de Língua e Literatura Grega na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), onde também já atuou como vice-reitor.

Ele conta que recebeu a notícia com surpresa. “Eu não estava esperando! Foi uma surpresa. Na verdade tem saído tanta coisa boa ultimamente que eu não tinha essa expectativa de ganhar o prêmio”, afirma.

Publicado no início do ano pela editora Patuá, "Harsíese” reúne um compilado de poemas escritos pelo autor entre 2020 e 2022. Dividida em quatro eixos, a obra aborda temáticas diversas, incluindo a relação do autor com Ouro Preto e também com as cidades gregas.

“A editora é muito boa, rápida e fez um trabalho editorial muito bem feito, que eu gostei bastante”, elogia Lins Brandão.

Promovida desde 1994, a premiação da BN tem o objetivo de reconhecer a qualidade das obras publicadas no Brasil, em língua portuguesa, dando aos vencedores uma contribuição no valor de R$ 30 mil.


NOVA CATEGORIA

Neste ano, o Prêmio foi dividido em 10 categorias: poesia, romance, conto, tradução, ensaio social, ensaio literário, literatura infantil, literatura juvenil, projeto gráfico e histórias da tradição oral - esta última incluída pela primeira vez com o objetivo de valorizar os registros sobre as tradições ancestrais do país.

Lins Brandão ressalta sua ligação pessoal com a Biblioteca Nacional e diz que isso torna a premiação ainda mais especial para ele. “Tenho essa admiração e essa ligação com a Biblioteca. Ela é um monumento do Brasil, possui um acervo cheio de preciosidades. Por conta do Depósito Legal, ela guarda praticamente tudo que já foi publicado aqui”, diz, referindo-se à lei que estabelece o envio obrigatório de no mínimo um exemplar de todas as publicações produzidas em território nacional para a sede no Rio de Janeiro.

O autor comenta um detalhe curioso: a categoria poesia, na qual foi vencedor, recebe o nome de “Prêmio Alphonsus de Guimaraens”, escritor padroeiro da Academia Mineira de Letras. “A gente sempre fala que aqui é a casa de Alphonsus. Ter esse reconhecimento justamente quando eu estou presidente (da AML), acho que é um entrelaçamento de coisas significativas. Fico muito feliz com isso.”

Entre os vencedores está o documentarista João Moreira Salles, cujo livro "Arrabalde", sobre sua estada na Amazônia, foi escolhido como melhor ensaio social. A escritora Micheliny Verunschk, que tem se notabilizado por romances como "O som do rugido da onça", venceu pelos contos de "Desmoronamentos", publicados pela pequena Martelo Casa Editorial.

A melhor romancista do ano, segundo o prêmio, foi a jornalista e crítica literária Luciana Hidalgo por "Penélope dos trópicos", também publicado por uma casa artesanal, a Editora do Silvestre.

O professor e crítico Luís Augusto Fischer venceu na categoria de ensaio literário por seu livro "A ideologia modernista", sobre a Semana de 1922, enquanto a melhor tradução foi a de Paulo Schiller para "Sátántangó", de László Krasznahorkai.

Na categoria nova, voltada a histórias de tradição oral, a ganhadora foi Isabella Rosado Nunes por "Jenipapos - Diálogos sobre viver".

Fecham a lista de premiados a escritora e ilustradora Lúcia Hiratsuka, cujo "Amanhã" foi o melhor livro infantil; Tadeu de Melo Sarmento com "Meu amigo Pedro", entre os livros juvenis; e o projeto gráfico feito por Leonardo Iaccarino para "Sonetos de birosca e poemas de terreiro", escrito por Luiz Antonio Simas. (Com Folhapress)

PRÊMIO DA BN

Confira os vencedores

CONTO - PRÊMIO CLARICE LISPECTOR
"Desmoronamentos", de Micheliny Verunschk (Martelo Casa Editorial)
ENSAIO LITERÁRIO - PRÊMIO MÁRIO DE ANDRADE
"A ideologia modernista: A Semana de 22 e sua consagração", de Luís Augusto Fischer (Todavia)
ENSAIO SOCIAL - PRÊMIO SÉRGIO BUARQUE DE HOLANDA
"Arrabalde: Em busca da Amazônia", de João Moreira Salles (Companhia das Letras)
HISTÓRIAS DE TRADIÇÃO ORAL - PRÊMIO AKULI
"Jenipapos - Diálogos sobre viver", de Isabella Rosado Nunes (Mina Comunicação e Arte)
LITERATURA INFANTIL - PRÊMIO SYLVIA ORTHOF
"Amanhã", de Lúcia Hiratsuka (Grupo Companhia das Letras)
LITERATURA JUVENIL - PRÊMIO GLÓRIA PONDÉ
"Meu amigo Pedro", de Tadeu de Melo Sarmento (Abacatte Editorial)
POESIA - PRÊMIO ALPHONSUS DE GUIMARAENS
"Harsíese", de Jacyntho José Lins Brandão (Editora Patuá)
PROJETO GRÁFICO - PRÊMIO ALOÍSIO MAGALHÃES
"Sonetos de birosca e poemas de terreiro", de Leonardo Iaccarino (Editora José Olympio)
ROMANCE - PRÊMIO MACHADO DE ASSIS
"Penélope dos Trópicos", de Luciana Hidalgo (Editora do Silvestre)
TRADUÇÃO - PRÊMIO PAULO RÓNAI
"Sátántangó, de László Krasznahorkai" (Grupo Companhia das Letras). Tradução de Paulo Schiller

*Estagiária sob supervisão da editora Silvana Arantes