Marcelo Veronez, cantor e ator -  (crédito: NETUN LIMA/DIVULGAÇÃO)

Marcelo Veronez, cantor e ator

crédito: NETUN LIMA/DIVULGAÇÃO

Roberto Carlos? Havia, lógico, a memória familiar, aquela de ouvir por causa da mãe e da avó. Até 15 anos atrás, o ator e cantor Marcelo Veronez nunca havia pensado nele mais profundamente, até receber proposta de Eugênia Dornellas, proprietária do extinto Estúdio B Music Bar. Fazer um show dedicado ao repertório do Rei.

Desde a primeira noite, no fim de 2008, a trajetória artística de Veronez nunca mais foi a mesma. “Não sou nenhum Roberto”, show em que relê, de forma bem pessoal, a obra de Roberto Carlos, virou um sucesso – em Belo Horizonte e fora daqui. Hoje, n’A Autêntica, Veronez faz um show comemorando a década e meia.

E como espera na plateia também mães, tias e avós de amigos e fãs, vai fazer uma noite diferente. Propôs que a casa colocasse mesas na pista (esgotadas, por sinal; mas ingressos em pé estão disponíveis). E vai começar o show cedo – às 21h, porque quinta-feira é dia útil para todo mundo, né?

A repercussão do projeto – que só mais tarde ganhou o nome de “Não sou nenhum Roberto” – veio logo na estreia. “Na época, eu fazia um show lá com outro repertório. A ideia era só fazer (o do Roberto) como uma noite especial, e depois voltar com a temporada regular. Mas foi uma doideira. Eu saí da casa com metade das mesas reservadas para uma próxima apresentação que não tinha nem data.”

Depois disso não parou mais. O show desta quarta, diz ele, é, inclusive, uma volta às origens. Porque, desde a temporada inicial, Veronez não fazia apresentações em casa com mesas e cadeiras. Também desde então, muita coisa mudou: hoje, ele conta que tem do repertório do Rei (a maior delas, é claro, da parceria com Erasmo Carlos), pelo menos 60 canções.

À medida em que o espetáculo foi ganhando corpo, também cresceu a admiração de Veronez por Roberto. “É absurdo como cantor, um dos maiores que existe. Desde sempre muito elegante, afinado, para cantar um pop romântico. O Brasil é muito privilegiado por ter um cantor do nível de Roberto Carlos. Fui descobrindo coisas muito bonitas e também polêmicas.”

Cada apresentação traz uma seleção de músicas. Mas tanto as três da abertura (“Fera ferida”, “As curvas da estrada de Santos” e “Como dois e dois”) e as três do encerramento (“Eu te amo, te amo, te amo”, “Emoções” e “Detalhes”) são as mesmas nestes 15 anos.


VONTADE DE CHORAR

O impacto que elas causam no intérprete tampouco mudou. “Tenho vontade de chorar todas as vezes que canto ‘Detalhes’. Esta, além de ‘Fera ferida’ e ‘As curvas...’ acho absurdas, me tocam profundamente. Ele também tem coisas eróticas, tesudas, como ‘Cama e mesa’, onde você vê a mão do Erasmo muito evidente. Acho que ele e o Erasmo têm permissão de ser eróticos, muito sensuais, no meio da família.”

Para ele, o repertório criado por Roberto e Erasmo já não tem mais dono. “Quando você lança uma música, faz uma peça, publica um livro, aquilo não é mais seu, passa a ser das pessoas. É o público que vai alimentar e deixar para a posteridade uma obra. O artista, sozinho, não é nada. Sinto que a obra do Roberto e do Erasmo pertence ao povo brasileiro.”

Veronez não promete, mas talvez estreie “Jesus Cristo”, que nunca interpretou, nesta noite. Ao seu lado terá o power trio formado por Isabella Figueira (bateria), Cláudio Moraleida (guitarra) e Pedro Fonseca (baixo).

Ainda que sua carreira seja marcada por este espetáculo, Veronez acumula uma produção vasta, que transita entre o teatro e a música. Formado há 20 anos pelo Teatro Universitário da UFMG, passou pela Anthonio Escola de Canto e pelo Primeiro Ato Centro de Dança. Em 2017, lançou seu primeiro álbum, “Narciso de um grito”.

Já participou de espetáculos teatrais em BH. Os mais recentes são duas versões para “Auto da Compadecida”, de Ariano Suassuna. Uma delas, dirigida por Gabriel Villela, integra o repertório do grupo Maria Cutia. A outra, em formato operístico, é com a Orquestra Ouro Preto, sob a direção de Chico Pelúcio.

A agenda de 2023, diz Veronez, vai trazer somente mais uma sessão de “Não sou nenhum Roberto”. A partir de 2010, ele passou a apresentar o espetáculo na Gruta, no Horto, referência na cena LGBTQIA+ que o artista administrou durante certo período. Há alguns anos, começou a bater ponto com o show dedicado a Roberto em toda véspera de Natal. Virou tradição.

Para quem quiser se aventurar neste 24 de dezembro, a casa, que fica ao lado do Galpão Cine Horto, abre às 22h para uma festa natalina. E a partir das 3h, Veronez dá início ao show. Evidentemente, com “Fera ferida”.

“NÃO SOU NENHUM ROBERTO”
Show de Marcelo Veronez. Nesta quarta-feira (15/11), às 21h, n’A Autêntica, Rua Álvares Maciel, 312, Santa Efigênia. A casa abre às 20h. Ingressos: a partir de R$ 40. À venda no aautentica.com.br