O trio de amigas que protagoniza o filme viaja para um hotel na Grécia e lá conhece outros jovens ocupando o quarto ao lado  -  (crédito: MUBI/DIVULGAÇÃO)

O trio de amigas que protagoniza o filme viaja para um hotel na Grécia e lá conhece outros jovens ocupando o quarto ao lado

crédito: MUBI/DIVULGAÇÃO


Vencedor deste ano da mostra Um Certo Olhar, do Festival de Cannes, o britânico “How to have sex”, que chega nesta quinta-feira (16/11) aos cinemas, provoca a partir do título. Poderia ser “How not to have sex” (como não fazer sexo), dadas as circunstâncias que cercam o filme de estreia da roteirista e diretora Molly Manning Walker.

Inseparáveis, as estudantes Tara (Mia McKenna-Bruce), Em (Enva Lewis) e Skye (Lara Peake) deixam Londres rumo a Mália, na ilha de Creta, Grécia, com um só objetivo: ter o melhor feriado de suas vidas. A escola acabou, os pais estão longe, aparecendo só pelas mensagens do celular. E o futuro, bem, ele pode esperar.

Livres das famílias e das provas, agora é hora de fazer tudo o que puderem como se não houvesse amanhã: beber coquetéis esquisitos servidos praticamente em baldes (o vômito que vem depois é só um detalhe), fumar, dançar, ficar na praia e na piscina e fazer sexo, claro.

Este último quesito é o mais caro a Tara. Das três, ela é a mais inexperiente, e Skye, a amiga malvada, não se cansa de lembrá-la que continua virgem aos 16 anos. Já no segundo dia no hotel, o trio conhece os vizinhos de quarto.

Tara logo começa a conversa com Badger (Shaun Thomas), que Skye, claramente, não aprova. O jovem com um beijo de batom tatuado no pescoço não deve ser levado a sério, como seu amigo, Paddy (Samuel Bottomley).


BEBEDEIRAS

O que se segue a partir daí é uma maratona de bebedeiras e brincadeiras que excedem o mau gosto (como colocar garotas na piscina tomando cerveja da latinha que os garotos seguram em frente ao short). Mas é bobagem que adolescentes costumam fazer, não? Sob este viés, “How to have sex” se aproxima de inúmeras comédias dos anos 1980 e 1990.

Mas a forma como Molly Manning Walker aborda o que acontece com Tara (além de sua intérprete, Mia McKenna-Bruce, outra estreante que está dando o que falar) é que mostra a engenhosidade deste filme. A câmera é muito ágil, quase frenética, como que acompanhando o vai-e-vem daquele grupo. A música alta é quase uma personagem desta história de um hedonismo teenager.

A partir de uma malfadada noite com Paddy na praia, o desconforto de Tara com o fim de semana prolongado só faz crescer. A questão do consentimento na hora do sexo é ambígua. E Tara quer se lembrar do que aconteceu ou apenas seguir em frente, já livre da virgindade?

A atitude que ela toma frente ao que ocorreu é revelada pouco a pouco. E não por meio de diálogos, já que estamos lidando com um grupo de adolescentes que passa o tempo inteiro gritando e falando gíria.

Não dá para elaborar em palavras, e o que a diretora faz é acompanhar, sem sentimentalismo algum, sua protagonista com a câmera sempre muito próxima dela. São as expressões de Tara que nos mostram que não, não tem nada certo aqui. Mesmo rodeada de jovens tão parecidos quanto ela, a vida, neste momento, não se parece com uma festa.

“HOW TO HAVE SEX”
(Reino Unido/Grécia, 2023, 91min.). Direção: Molly Manning Walker. Com Mia McKenna-Bruce, Enva Lewis e Lara Peake) – Estreia nesta quinta-feira (16/11), no UNA Cine Belas Artes (17h e 20h40) e no Centro Cultural Unimed-BH Minas (20h50; não haverá sessões na segunda, 21/11 e na terça, 22/11).


CAFI É TEMA DE
DOCUMENTÁRIO

Carlos da Silva Assunção Filho, o Cafi, tinha 14 anos quando deixou Recife a bordo de um avião da Panair rumo ao Rio de Janeiro. Chorou as nove horas que durou a viagem. Chegou à capital fluminense em 1965, onde viveu até os 68 anos. Mas carregou Recife com ele até morrer, vítima de infarto, sofrido na Praia do Arpoador, no réveillon de 2019. Os também pernambucanos Lírio Ferreira e Natara Ney recuperam a trajetória dele no documentário “Cafi”, que estreia nesta quinta (16/11), às 18h, no UNA Cine Belas Artes. O filme é conduzido pelo próprio Cafi, autor da capa de 300 álbuns de grandes artistas. A mais conhecida é a de “Clube da Esquina” (1972). Sua relação com o Clube da Esquina é relembrada em encontro com Lô Borges, na casa de sua família, em Santa Tereza, em BH.